tag:blogger.com,1999:blog-8531448258230043912.post2871369011811634247..comments2024-03-27T12:21:55.527+00:00Comments on Malomil: O sonho da borboleta. Malomilhttp://www.blogger.com/profile/09087381765119326048noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-8531448258230043912.post-73056800602952000872018-08-13T11:34:59.089+01:002018-08-13T11:34:59.089+01:00Bravo!Bravo!Beto Queirozhttps://www.blogger.com/profile/01581610786440937839noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-8531448258230043912.post-69988058348098505902015-03-14T17:40:02.813+00:002015-03-14T17:40:02.813+00:00Há uma pequena gralha em Lovecraft (e não Lovecraf...Há uma pequena gralha em Lovecraft (e não Lovecrafat).<br /><br />Muito obrigado por esta belíssima evocação, que me toca pessoalmente porque Borges e Queneau são autores que me acompanham desde sempre. De facto, este tema é central para ambos e aparece inúmeras vezes nas suas obras (pense-se no discurso de Gabriel junto da torre Eiffel : « Paris n’est qu’un songe, Gabriel n’est qu’un rêve (charmant), Zazie le songe d’un rêve (ou d’un cauchemar) et toute cette histoire le songe d’un songe, le rêve d’un rêve, à peine plus qu’un délire tapé à la machine par un romancier idiot (oh! pardon) »).<br /><br />Mas toca-me também por uma razão especial. Como diz o post, o paradoxo teve milhares de avatares e encontrou eco em todas as épocas. Na faculdade, lembro-me de ter tido que trabalhar sobre o tema numa cadeira de história da filosofia em que estudávamos Diderot. Tratei-o recorrendo a Borges e, apesar de ter apimentado/disfarçado a coisa com citações de autores do século XVIII, recordo muito bem que a conclusão era completamente construída a partir do seguinte excerto da novela A escrita de Deus tirada do Aleph, que surge como um contraponto aos textos citados no post :<br /><br />“Um dia ou uma noite – entre os meus dias e as minhas noites, qual é a diferença ? – sonhei que havia um grão de areia no chão do meu cárcere. Voltei a adormecer, indiferente. Sonhei então que acordava e que havia dois grãos de areia. Voltei a dormir. Sonhei que os grãos de areia eram três. Desta forma, foram se multiplicando até encher o cárcere e eu morria enterrado de baixo deste hemisfério de areia. Compreendi então que estava a sonhar, com um grande esforço acordei. Mas o acordar foi inútil : sufocava debaixo da areia infindável. Alguém me disse : Não acordaste para a vigília, mas para um sonho anterior. Este sonho está dentro de outro sonho, e assim até ao infinito, que é o número de grãos de areia. O caminho que terás de desandar é infindável e morrerás antes de ter acordado realmente.<br />Senti-me perdido. A areia rompia-me a boca, mas gritei : Uma areia sonhada não pode matar-me, nem há sonhos dentro de sonhos. Um relâmpago acordou-me. Na treva superior avistei um círculo de luz. Vi as mãos e a cara do carcereiro, a roldana, a corda, a carne e os cântaros.”<br /><br />E, para terminar, uma história irresistível contada por Gabriel Garcia Marquez numa entrevista publicada numa revista dos anos 70, que ainda deve andar lá por casa. Um dia, Jorge Luis Borges preparava-se para atravessar a rua, quando alguém lhe pega no braço e diz : “Mas o Senhor é o Borges !”. Resposta conformada : “Por vezes...”.<br />joão viegashttps://www.blogger.com/profile/09562212654138060079noreply@blogger.com