quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

As primas da Bulgária.


 
 
 
 
 

         Não sei se algum jornal ou revista falou disto, mas devia. «As primas da Bulgária» parte de uma investigação da artista Carla Filipe sobre os jovens portugueses que foram estudar para países socialistas após o 25 de Abril. Já foi feita uma exposição na Kunsthalle Lissabon e publicado um catálogo. Através dele, fui dar ao blogue de Carlos Pires, que conta um pouco da história: em 30 de Setembro de 1976, quinze jovens portugueses tentaram partir da Portela, rumo a Sófia. Devido à desorganização no aeroporto, tiveram de esperar um dia, pernoitando no Hotel Penta. A 1 de Outubro voavam a caminho de Leste. No blogue de Carlos Pires há fotografias, muitas, da sua permanência naquele país, até aos alvores dos anos 80. Carla Filipe apresenta outras imagens. Curiosamente, ou não, as imagens mais comoventes são as mais recentes, de encontros realizados de tempos a tempos pelos antigos estudantes portugueses na Bulgária. É a vida.

 
 
Aeroporto da Portela, 1976
 
Aeroporto da Portela, 1976
 
Aeroporto da Portela, 1976

No avião

Nuvem, castelo, água

2 de Outubro de 1976
No antigo Boulevard Lenine

2 de Outubro de 1976
No antigo Boulevard Lenine

2 de Outubro de 1976
No antigo Boulevard Lenine
 
 
2 de Outubro de 1976
No antigo Boulevard Lenine

No Bar do Instituto

 
1977

1977

1977

1978

1978
 
1978

1978


1980

1980
1980
 
 


 
1981
 
 
 
 



 
 

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Algo vai mal.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Acordei e como de costume liguei a RTP 1 para ouvir as notícias.
Nunca tinha sentido a necessidade de publicitar a indignação. Faço-o desta vez porque o assunto não me dizendo, directamente, respeito toca-me de muito perto. E explico-me para que não haja dúvida sobre o que me move: se precisar de um conserto na canalização, ligo para um canalizador que antes de realizar qualquer operação técnica assegura-se que a deslocação e o tempo despendidos lhe serão pagos (ainda que me garanta que o orçamento da reparação será gratuito). Mas, se me convidarem para realizar uma conferência, como historiadora, ninguém paga coisa nenhuma, nem passa pela cabeça de ninguém perguntar se houve despesas e disponibilizar-se para o pagamento das mesmas, nem que fosse simbólico. Os exemplos podiam multiplicar-se.
Este tratamento que eu julgava estranho parece estar afinal a vulgarizar-se.
Uma das reportagens transmitidas esta manhã (26-02-2014) no dito programa noticioso exaltava os recursos engenhosos da Cornucópia na sua última produção teatral: em aflição, perante os cortes orçamentais (e recorde-se, esta companhia gozava de um subsídio anual bem generoso para uma estrutura fixa diminuta) a solução adoptada foi a da contratação de amadores sem vencimento. Em troco recebem, muito contentes, os benefícios da oportunidade, do saber e da experiência do director Luís Miguel Cintra. E porventura a esperança de alguém, talvez em Hollywood ou em Carnaxide, os descobrir! Muito engenhoso.
Não está em causa o muito que Luís Miguel Cintra tem para ensinar, nem a qualidade dos espectáculos levados à cena por esta companhia teatral (sobretudo dos textos escolhidos).
A perplexidade reside no elogio feito pela RTP, ecoando o director Luís Miguel Cintra, de se produzir um espectáculo em que os «actores» não são pagos. Pois! Luís Miguel Cintra não contrata profissionais que não pode pagar, mas é de elogiar porque contrata amadores que, coitados, se sentem recompensados por trabalhar sem vencimento? O director da Cornucópia não tem imaginação para conceber um espectáculo que ponha verdadeiramente a nu as deficiências dos apoios culturais? (Pondo o actor a contracenar com cadeiras, com a sua própria voz gravada, com fantasmas no vazio?) Resignamo-nos a viver num país em que o trabalho exercido profissionalmente – de uma companhia subsidiada por todos nós e com bilhetes cobrados ao público – não é pago?
Eu sei. No final do ano há relatórios para entregar com demonstrações de produtividade; o subsídio depende desses relatórios. Mas demonstrar realizações à custa do trabalho não pago e com desprezo por todos os profissionais do ofício que lutam com o desemprego, a insegurança e as más condições de trabalho?  
E a RTP subscreve, acrítica e elogiosamente, o feito?
Algo vai mal neste reino de Portugal.
 
Rita Garnel

 

Virgem aos 40.





 

 



Secretaria Regional de Educação, Ciência e Cultura
Despacho nº 296/2014, de 21 de Fevereiro

Considerando que na freguesia da Fonte do Bastardo se organiza o bailinho “Virgem aos 40”, cujo responsável é o senhor Francisco Rui Amorim Luís, que atuará no Carnaval 2014, no período de 3 a 4 de março;
Considerando que as Danças e Bailinhos de Carnaval constituem uma das maiores manifestações de cultura popular, envolvendo a participação voluntariosa de muitos cidadãos nestes espetáculos de teatro que percorrem os palcos da ilha Terceira;
Considerando que de entre os membros participantes existem funcionários da administração regional que para participarem neste evento, serão obrigados a faltar ao desempenho da sua atividade profissional no período em que decorre esta iniciativa;
Considerando que o Decreto Legislativo Regional n.º 9/2000/A, de 10 de maio, estabelece o regime jurídico regional de dispensas do exercício efetivo de funções profissionais, requisições e relevação de faltas, por períodos limitados, para organização ou participação em atividades sociais, culturais, associativas e desportivas;
Considerando que, nos termos dos n.ºs 1 e 2 do artigo 3.º do Decreto Legislativo Regional n.º 9/2000/A, de 10 de maio, as dispensas previstas no citado diploma dependem da declaração de reconhecido interesse público dos eventos para os quais as mesmas são requeridas, sendo esta uma competência cometida ao membro do governo da área do correspondente evento;
Considerando que o Secretário Regional da Educação, Ciência e Cultura exerce competências na área da Cultura, nos termos da alínea d), do artigo 11.º do Decreto Regulamentar Regional n.º 24/2012/A, de 27 de novembro, que aprovou a orgânica do XI Governo Regional dos Açores;
Assim, nos termos e para os efeitos previstos nos n.ºs 1 e 2 do artigo 3.º do Decreto Legislativo Regional n.º 9/2000/A, de 10 de maio e tendo em conta o previsto na alínea d), do artigo 11.º do Decreto Regulamentar Regional n.º 24/2012/A, de 27 de novembro, declaro de reconhecido interesse público o bailinho “Virgem aos 40”, que atuará no Carnaval 2014, no período de 3 a 4 de março.
19 de fevereiro de 2014. - O Secretário Regional da Educação, Ciência e Cultura, Luiz Manuel Fagundes Duarte.
 
 
 
 
 

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Rio: parábola dos talentos.

 
 
 
 
 








Talento especial é o daquele que apanha o lugar-comum e o vira do avesso. O que é capaz de em nós causar surpresa até quando fala do que já sabíamos. Em poucos dias, conheci um fotógrafo espantoso, de inteligência, humor e graça. Tudo dito na subtileza do seu nome artístico: Cartiê-Bressão. As imagens confirmam, uma a uma, as palavras de Alexandra Lucas Coelho, que chegou, falou e disse ao povo:  
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RIO - Vou deixar o Rio de Janeiro daqui a três semanas, ao fim de três anos e meio. É 2014, ano de Copa do Mundo, de #nãovaitercopa, de eleição presidencial, do cinquentenário do golpe: o mundo de olhos no Rio e eu, que escrevo uma coluna semanal do Rio, e estou a tentar escrever um romance sobre o Rio, deixando a cidade voluntariamente. Não há nenhuma razão natural para deixar o Rio, só razões naturais para ficar, as que toda a gente conhece mais esta: é fortalecedor morar em cidades que contradizem a nossa natureza e esse é o meu caso com o Rio. Então, a única razão que há para partir é não-natural, a mesma que faz o mundo olhar para cá, o Rio ter sido tomado pela narrativa do triunfo.
Eu não tenho dinheiro para um apartamento no Rio agora, ou para ter esse dinheiro teria de passar todo o tempo a tentar arrumá-lo, e não quero morar numa cidade em que todo o tempo seja gasto tentando arrumar dinheiro para morar lá. Uma cidade, entretanto, na qual ser branco já é ser rico, ser negro já é ser pobre, e em que rico ou pobre é estimulado a parcelar tudo no cartão de crédito, até ao colapso do trânsito, da falha de energia, da falta de água: certamente a cidade mais bela do mundo capitalista. Como o Rio não vai perder os seus poetas? Como a floresta não vai virar um safári? Como o morro não venderá a vista?
Não está gostando?, perguntam-me os cariocas quando digo que vou deixar o Rio. Claro que estou gostando, não tem como estar vivo e não gostar do Rio: saio à rua e agradeço, dobro a esquina e é uma bênção. Meu Rio de Janeiro do céu vermelho-pitanga, do chão de mangas maduras do Cosme Velho onde morei 24 meses e perdi o medo de cães para sempre, por causa de duas cachorras, uma delas cega. Havia um ponto, entre duas árvores, de onde se via o Cristo, mas só quando comecei a subir ao morro, Cerro Corá-Guararapes, é que vi de quem o Cristo está realmente próximo. Ainda não havia carros da Polícia Militar no começo da minha ladeira, nem as instalações da UPP lá em cima, nem obrigação de usar capacete sempre que subíamos de mototáxi, mas o lixo era o mesmo que agora, a mesma podridão empilhada na berma. Como é que era mesmo, UPP social? Da janela de casa, duas vezes por dia, ouvia a Ave-Maria de Schubert que vinha (ainda virá?) da Igreja de São Judas Tadeu, e aos sábados, aos domingos, por vezes igrejas evangélicas, de noite por vezes vezes funk, mais vezes samba, sobretudo os foguetes que faziam as cachorras derrubar portas e janelas para chegarem até mim, trémulas. O amor começa bem lá no fim do medo.
A bênção São Sebastião do Rio de Janeiro, nunca acabarei de agradecer o dom de ficar tão vivo apesar de toda a morte, toda a violência, todo o abandono, esse deus-dará que milhões de cariocas conhecem desde que nasceram, e é seu, meu, contemporâneo, eu que já sou daqui, porque aqui já sou eu. Então, arruma aí tuas contas, teus condomínios, tuas grades de ferro, tua trava no pescoço de um garoto de rua nu, e me chama que eu venho em visita. Virei sempre.
 
 

















sábado, 22 de fevereiro de 2014

Queres fazer o favor de te calares?






Fonte: Jornal de Notícias, aqui



Segundo os dados do recente relatório da Associação Portuguesa de Apoio à Vítima, a categoria dos crimes de violência doméstica representa 84,2% dos crimes relatados pelas vítimas à APAV em 2013. Se isto é só uma estatística, ficam as imagens da norte-americana Sara Naomi Lewkowicz, que durante meses acompanhou o quotidiano do casal Shane e Maggie em Lancaster, no Ohio. Até ao dia em que Shane agrediu Maggie, na presença da filha de dois anos. A fotógrafa chamou a polícia. A imagem é uma das vencedoras do World Press Photo e a história, mais desenvolvida, pode ser lida aqui. Segundo me disse uma voz amiga, a fotógrafa queixou-se pelo facto do Pais de Quatro ter publicado algumas das suas imagens, que não vi. O João Miguel Tavares (um abraço, João Miguel!) optou por retirá-las do blogue. Até agora, não fui contactado por Sara Naomi Lewkowicz, cujo trabalho tenho o maior gosto em divulgar e que pode ser visto com mais pormenor aqui.  




 
 


 

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

As voltas do tempo.






 
 
        Nunca estive no Copa mas já apanhei um pavor danado no Parque Guinle. Numa escadaria ampla de pedra, coberta do trópico vegetal, por pouco não pisava o rabo a um lagarto imenso. Melhor dito, eram dois sáurios, gigantes, que para mim mal olharam. Viraram costas à presença humana e subiram à minha frente, uma pata diante da outra, na maior descontracção e desprezo. Susto bravo para o mamífero.



Porfirio Rubirosa Ariza (1909-1965)
 

          Talvez aqueles dois animais de sangue-frio fossem a reencarnação reptilínea de Baby Pignatary e Jorginho Guinle, playboys lendários de São Paulo e do Rio, que conquistaram fama graças às suas numerosas conquistas de mulheres famosas. Ou talvez o lagarto fosse outro macho lendário, Porfirio Rubirosa, diplomata dominicano, jogador de pólo e corredor de automóveis que levou a vida em grande até o seu Ferrari embater num castanheiro do Bois de Boulogne. Colisão frontal e fatal, de madrugada, após uma noite passada a comemorar a vitória da sua equipa de pólo na Taça do Mundo. Porfirio foi uma estrela mundana, mas por razões muito íntimas, que até a Wikipedia assinala. Chamam «Rubirosas» aos moinhos de pimenta usados nos bistrots parisienses – e por aqui é melhor ficar. Truman Capote ficou extasiado. E, com ele, um extenso cardápio estelar, de onde constam Dolores del Rio, Marilyn Monroe, Ava Gardner, Rita Hayworth, Judy Garland, Veronika Lake, Kim Novak, Zsa Zsa Gabor e até Eva Perón, Santa Evita.


Um «Rubirosa»

 

O grande, enorme, Ruben A. fala de Rubirosa no encantador O Mundo à Minha Procura. Além de notícias na Intrernet sobre «Mr. Ever Ready», há biografias de Porfirio. Mas a imaginação é tão escassa que têm todas o mesmo título, ou parecido. Ora vejam: The Last Playboy, de Shawn Levy ou El último playboy, de Jaime Royo-Villanova. Há outro livro, Perseguiendo a Rubirosa, que parece ser sensacionalista, mesclando informações tiradas das memórias do sedutor international e dos arquivos do FBI.




Jorginho Guinle (1916-2004)
 


Quanto a Jorge Guinle, ainda estamos pior. As suas memórias, Um Século de Boa Vida, são um decrépito destroço. Enumeração deslumbrada e pateta das estrelas com quem se envolveu, o elogio expectável e decadente dos playboys «do antigamente», a tentativa desastrada de mostrar que teve vida e interesses para além das mulheres e do sexo. De facto, foi pioneiro no amor ao jazz. A ele se deve o primeiro livro editado no Brasil sobre esta arte, possuindo Jorge Guinle uma colecção privada de álbuns jazzísticos proporcional à imensa fortuna que herdou. Biliões ou bilhões, desbaratados à larga. Orgulhava-se de jamais ter trabalhado. Os últimos tempos de vida, claro está, foram penosos de penúria. Almoçava e jantava no Copa, por condescendência da gerência. Gastou a fortuna a oferecer presentes astronómicos a estrelas como Marilyn Monroe, Hedy Lamarra, Rita Hayworth, Romy Schneider, Kim Novak, Ava Gardner, Susan Hayward, Jauyne Mansfield, Janet Leigh ou Marlne Dietrich (nas suas memórias, conta na página 44 uma história escabrosa passada entre esta última e John F. Kennedy, que Guinle, se fosse um cavalheiro autêntico, se devia ter abstido de relatar). Uma vez mais, e à semelhança do diplomata dominicano, avulta, num luxo de detalhes, o coleccionismo femeeiro, sendo de notar a repetição de cromos entre Rubirosa e Guinle. Um pouco patético, convenhamos. Nada patético, antes maravilhoso, é o livro que o Nuno me trouxe do Rio, Copacabana Palace. Um Hotel e sua História, de Ricardo Boechat, editado por ocasião do 85º aniversário do hotel. Pouco após a inauguração, diz o livro, aprovou-se um Código de Empregadores, rigoroso enunciado de  dezoito mandamentos, entre os quais um, fundamental: «Não medir as atenções que dispensar a cada um pelas fortunas que aparentam» (ob. cit., p. 34). Jorginho Guinle terminou os seus dias a almoçar no Copa, não por causa da fortuna que aparentava mas por ser parente afortunado de Octávio Guinle, fundador do estabelecimento. O seu filho mais velho, Jorge, artista plástico talentosíssimo, morrera de SIDA, em 1987. Gabriel, filho do seu terceiro e último casamento (com uma rapariga de classe média-baixa de Copacabana, Maria Helena), tornou-se guarda prisional e acabou envolvido numa história de consumo e tráfico de drogas.









Podemos achar Rubirosa e Guinle uns casanovas desmiolados, vestígios de um tempo de machismo cavernícola. Glamour, como tantos dizem? Era tão superficial e plástico como o verniz que cobria as suas fortunas sul-americanas. Mas será que evoluímos neste domínio? Rubirosa e Guinle, queiramos ou não, tinham a sua graça (ainda que muitos episódios contados nas memórias de Guinle – como o encontro com Norma Jean – não tenham graça nenhuma). A crer no frenesi provocado na Net, a versão contemporânea de Jorge Guinle é um tal Carlos Regis Benevides, ex-vereador de Fortaleza que em 2012 foi condenado pelo judiciário a pagar uma indeminização por ofensas a um jornalista. Outro sinal dos tempos: é no Facebook que a fama de Benevides se propaga. A sua página nessa rede mostra-o com jovens desconhecidas, em cruzeiros náuticos e carros de luxo, sempre com imenso calor, ao que sugere a indumentária reduzidíssima. Depois, imagens sobre imagens de mulheres sem rosto, bunda sobre bunda. Não é moralismo, saudosismo ou elitismo, é simples constatação: ao que parece, tudo não passa de uma farsa ou mesmo de uma fraude, disseminando um vírus informático muitíssimo malicioso. Um tonto embasbacado coloca um «gosto»/«like»/«curto» na página FB de Benevides e a máquina automaticamente convida os seus amigos na rede social a desfrutarem também daquela alarvidade em fio dental.  Tudo explicado aqui ou aqui. Não se trata, insiste-se, de moralismo nem saudosismo. A Internet potencia o voyeurismo – e tudo isto se processa através de imagens, nada mais do que imagens. Pedindo desculpas, mais uma referência bibliográfica, esta essencial: Reflets dans un’ œil d’homme, de Nancy Huston.  



Carlos Regis Benevides
 
 

Benevides é o Rubirosa do nosso tempo. Mais boçal do que Guinle ou Porfirio, mais grotesco na exposição dos objectos-carnais e na exibição do mau-gosto endinheirado. Tudo a ocorrer no Facebook e procurando ter mais e mais «likes» no Facebook, através de uma fraude. Já tem mais de um milhão. Sexo, mentiras e redes sociais – sim, é um cliché demasiado óbvio. Mas talvez verdadeiro.




António Araújo