quarta-feira, 31 de outubro de 2018

terça-feira, 30 de outubro de 2018

Dúvida.



 
 
 
Pergunta Rubem Amaral Jr., e como sempre bem, por que motivo esta gramática editada em 1521 em Basileia tem no frontispício a imagem de um rei português (aqui). Quem pode ajudar?
 

Varna.

 
 















 

         Varna fica na Bulgária e o Monumento de Libertação de Varna fica em Varna. Oferta soviética ao povo búlgaro, ao pior estilo brutalista e betoneiro, o Monumento comemora a Guerra Russo-Turca de 1878. Os antigos monumentos soviéticas na Bulgária têm sido vandalizados e a Rússia de Putin, que gosta dos antigos monumentos soviéticos, já pediu aos búlgaros que parassem com os seus vandalismos.  





        Aquele a quem chamaram «Bansky da Bulgária» teve até o sumo engenho de pintar soldados do Exército Vermelho de Super-Homem e de outras figuras americanizadas. Chamam-lhe «vandalismo artístico», mas é vandalismo tout court e isso está mal feito, mesmo que não se goste do que o Exército Vermelho andou a fazer por aquelas bandas búlgaras. No caso de Varna, o monumento está num péssimo estado de conservação, como o atestam as imagens supra, retiradas daqui. É um belo de um monumento horrível, pelo que deviam mantê-lo e conservá-lo bem. Para todos os efeitos, e como informa o sempre informado Atlas Obscura, este portento de celebração da amizade URSS-Bulgária tem 10.000 toneladas de betão, 1.000 toneladas de ferro e foi erigido graças ao esforço de 27.000 voluntários, que ao fim de 7 meses de suor produziram a beleza que ali se vê.


segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Vidas singulares: Joan Leigh Fermor (1912-2003)

 
 
Joan Leigh Fermor (1912-2003)
 
         O Duarte Vera Jardim, um apaixonado da Grécia e da obra de Patrick Leigh Fermor, trouxe-me de Atenas notícias várias sobre essas duas paixões. Doutras se falará um dia destes, mas por hoje uma nota brevíssima sobre a fotografia de Joan Leigh Fermor, da qual existe até um livro cuja capa está exibida abaixo (e há também uma biografia recenseada aqui). Filha-família da aristocracia britânica, Joan foi educada na St. James School, arredores de Malvern, onde, segundo disse, a única coisa que aí valeu a pena foi existir uma associação fotográfica… Em 1930, «estava prestes a tornar-se fotógrafa profissional», recordou, tantas eram as imagens que tirava de amigos, conhecidos, figuras famosas da sociedade inglesa. É então que começa a intitular-se «jornalista» para efeitos socioprofissionais. Nessa condição, fotografa os bombardeamentos do Blitz, fotografa no Curdistão, na Grécia, no Haiti, em França, na Sicília, na Turquia. Conhece Patrick Leigh Fermor, seu futuro marido e, de certa forma, mentor. Infelizmente, e como se diz aqui, nunca teve editores à sua altura e terá sofrido talvez o preconceito de ser mulher bem-nascida, ou seja, alguém em que se notava um interesse amador na fotografia mas não mais do que isso. Em 1973, John Betjeman escreveu a Cecil Beaton recomendando-lhe que incluísse o nome de Joan num livro sobre a história da fotografia que Cecil estava a escrever. O livro saiu dois anos depois, Joan não é mencionada. É pena, pois foi uma grande fotógrafa em várias dimensões, seja de paisagens naturais e humanas da Grécia (e não só), seja de retratos ou similares, como a admirável fotografia da bailarina Margot Fonteyn em banho solar (Nafplio, 1951). Infelizmente, este «post» (ou «posta») não consegue fazer-lhe inteira justiça. Mas fica a notícia para os interessados, que espero sejam muitos.
 






 
 





 
 
 

Os recursos de um ser primitivo.

 

Fotografia de João Pina
 





Os recursos de um ser primitivo


        Li uma vez que os movimentos histéricos tendem a uma libertação por meio de um desses movimentos. A ignorância do movimento exato, que seria o libertador, torna o animal histérico, isto é, ele apela para o descontrole. E, durante o sábio descontrole, um dos movimentos sucede ser o libertador.
Isso me faz pensar nas vantagens de uma vida apenas primitiva, apenas emocional. A pessoa primitiva apela, como que histericamente, para tantos sentimentos contraditórios, que o sentimento libertador termina vindo à tona, apesar da ignorância da pessoa.  
 
Clarice Lispector, A Descoberta do Mundo. Crónicas
 
 

domingo, 28 de outubro de 2018

Le culte de la nudité.

 



 
“ Elle me pousse doucement à l'íntérieur de la pièce et referme la porte.
Me voici seul…
Mon Dieu ! Quel aventure !
(…)
Mais il n’y a pas plus à reculer…
Je commence à me déshabiller, lentement…
Je crois qu’um condamné à mort, lorsqu’on fait sa toilette avante de le mener au supplice, ne doit pas ressentir une émotion plus considérable que la mienne.
Je quitte mes vêtementes, un à un…
Me voici en chemise…
J’hésite encore…
Quelle aventure, mon Dieu, quelle aventure !
Enfin, dernier effort, je retire ma chemisse et ma flanelle…
La glace me renvoie mon image.. Je frissonne… Je n’ai plus rien à envier à mes hôtes, à présent, sous le rapport de la tenue…
- Vous nous rejoindrez quand vous serez déshabillé, a dit la jeune femme.
Hum ! cela est facile à dire, en vérité, mais voilá que je n’ose plus sortir du cabinet de toilette”
 
(Roger Salardenne, Le Culte de la Nudité, Éditions Prima, 1930, pág. 81)

 

Memento mori.

 
 
 













 

         Nos últimos tempos têm surgido diversos livros sobre a morte e os mortos, desde as capelas dos ossos (e não, a de Évora não é a única) às ilustrações médicas de corpos cadavéricos ou na iminência de o serem. A Thames & Hudosn tem dado um forte contributo a esta bibliografia bizarra, iconograficamente riquíssima (veja-se o espantoso Cristo anatómico, em marfim). Muito disto vem de blogues de excepcional qualidade, como Morbid Anatomy. De Joanna Ebenstein, uma das autoras de Morbid Anatomy, acaba de sair Death, A Graveside Companion. Aqui fica a notícia, decerto negra, mas nada triste.
 




Helena Corrêa de Barros (1910-2000).

 
 
















Uma exposição absolutamente imperdível – e com catálogo! – no Arquivo Municipal de Lisboa, AQUI