Veneza, Basílica de São Marcos, mosaico
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É
possível que uma das primeiras representações do rinoceronte na Europa cristã
seja a constante de um mosaico existente na Basílica de São Marcos, em Veneza.
No entanto, a sua datação é motivo de grande controvérsia, havendo quem o situe
no século XII, outros nos séculos XV. XVI ou XVII e outros até no século XX…
Uma síntese desse debate pode encontrar-se num artigo de Hermann Walter,
disponível aqui.
Uma das hipóteses, avançada por Odell Shepard (The Lore of the Unicorn, 1930), sustenta a existência de uma
ligação deste rinoceronte aos relatos de Marco Polo, que assevera ter
encontrado unicórnios nas florestas da Birmânia e de Sumatra. O certo é que o
primeiro rinoceronte visto em Veneza foi «Clara», que aí chegou no Carnaval de
1751, trazida pelo seu dono, o holandês Douwe van der Meer, que com ela fez um
célebre tour pela Europa e que na
Sereníssima foi pintada por Pietro Longhi (1701-1785).
Para
os leitores de Portugal talvez seja mais interessante referir aquela que parece
ser, com elevado grau de probabilidade, outra representação do rinoceronte
indiano, temporalmente muito próxima da chegada a Lisboa de «Ganda», em Maio de
1515. Contudo, e estranhamente, não é mencionada na obra de referência de T. H.
Clarke sobre a presença do rinoceronte indiano na arte ocidental (cf. T. H.
Clarke, The rhinoceros from Dürer to
Stubbs, 1515-1799, Londres, Sothebys, 1986). Trata-se do fólio 98 verso do
Livro de Horas de Dom Manuel, intitulado «Horas da Virgem – Repouso na Fuga
para o Egipto», atribuído a António de Holanda e cuja feitura terá começado em
1517 (e terminado muitos anos depois, em 1551).
Livro de Horas de D. Manuel, 1515-1551
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No "Prologo" da Genealogia do Infante Dom Fernando de Portugal (XVIIa, BBI, 1994), no canto superior esquerdo, lá está (mais) um rinoceronte, na companhia de muitos outros "exóticos", incluindo aves.
ResponderEliminarEsta a minha contribuição, modesta, para esta exótica temática.
António José Cabral
Muitíssimo obrigado, meu caro António Cabral, desconhecia em absoluto!
ResponderEliminarUm abraço grato e amigo,
António Araújo