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Prosseguindo o nosso périplo pelas analogias entre as obras de Felícia Cabrita (FC), Os Amores de Salazar, e de Diane Ducret (DD), Mulheres de Ditadores, com base nas edições de 2006 e de 2011, respectivamente, vejamos:
FC - «Um dia (…), por provocação ou por desconhecimento do carácter da colega, diz a Felismina que no Porto se tinham feito várias prisões e que ele escapara por um triz. Mas não demorava muito para o ensaísta estar atrás das grades» (p. 113)
DD - «Um dia, por provocação ou desconhecimento do carácter da sua colega, diz a Felismina que foram feitas várias prisões no Porto, que ele escapou por pouco, mas que não tardará a encontrar-se atrás das grades» (p. 158).
FC - «É amante do teatro e está ao corrente de concertos e recitais que se organizam em Coimbra» (p. 69)
DD - «Frequenta o teatro, assiste a concertos» (p. 160)
FC - «que se passeava de sombrinha e com um papagaio numa gaiola» (p. 69)
DD - «que muitas vezes se passeava com uma sombrinha e com um papagaio numa gaiola» (p. 160)
FC - «ele fez a corte à sua prima Maria Laura e às raparigas que no seu salão recebiam lições de piano» (p. 69)
DD - «prefere (…) fazer a corte à sua prima, Maria Laura, tal como às suas alunas» (p. 161)
FC - «olhos verdes, rasgados» (p. 162)
DD - «imensos olhos verdes, quase globulosos» (p. 162)
FC – «A mulher, Laura, levara uma gravidez atribulada e, passados dois anos da filha nascer, não resiste às sequelas do parto» (pp. 81-82)
DD – «A sua mulher, Laura, tinha tido uma gravidez cheia de complicações e morreu dois anos após o nascimento de Maria Laura» (p. 162)
FC - «No leito, enquanto espera o fim, pede à sua melhor amiga, Maria da Conceição Castanheira, irmã de Glória Castanheira, que case com o marido e lhe ampare os filhos» (p. 82)
DD - «No leito de morte, ela pediu à sua melhor amiga, Maria Castanheira, irmã de Glória, para não deixar a sua filha órfã, que se casasse com o seu esposo» (p. 162)
FC - «aprende o francês na perfeição. Discorre sobre literatura com grande à-vontade» (p. 82)
DD - «é capaz de falar de literatura com facilidade e em francês» (p. 162)
FC - «Laura tem 21 anos e acabara de se comprometer com um comerciante do Porto» (p. 82)
DD - «A jovem de 21 anos acaba de ficar noiva de um comerciante do Porto» (p. 162)
FC - «António (…) estava habituado a facilidades» (p. 82)
DD - «António (…) é a primeira vez que esbarra numa recusa feminina» (p. 162)
FC - «Enfrentando o défice com mão de ferro, vai equilibrando o orçamento. Congelamento de salários, cortes na função pública, classes médias empobrecidas, proletários na miséria» (p. 87)
DD – «Fazendo face ao défice com mão de ferro, vai gerir as finanças do país como gere os seus amores: congelamento dos salários, cortes na função pública, empobrecimento das classes médias e dos proletários são aceites» (p. 163)
FC - «uma casa acanhada e sem luz» (p. 87)
DD - «numa casa estreita e escura» (p. 163)
FC - «Laura (…) não tivera filhos, e também os anos pareciam namorá-la, vincando-lhe a beleza» (p. 87)
DD - «Maria Laura não teve filhos e os anos parecem fazer triunfar a beleza dos seus traços» (p. 163)
FC – «o agora poderoso “Troca-tintas” adorava o seu cheiro a perfume caro» (p. 87)
DD - «o agora muito poderoso “sedutor” adora o seu perfume de luxo» (p. 163)
FC - «Desta vez, a mulher não recuou aos seus avanços» (pp. 87-88)
DD - «Desta vez, ela não recuará perante os seus avanços» (p. 163)
FC - «Maria Laura passa a entrar sem fazer-se anunciar na casa do ministro» (p. 88)
DD - «Maria Laura começa a frequentar o ministério, ao ponto de poder entrar sem se fazer anunciar» (p. 163)
FC - «a seu pedido, decora-lhe o apartamento» (p. 88)
DD - «A pedido de António, ela redecora o seu modesto apartamento» (p. 163)
FC - «Torna o sofá da sala mais acolhedor com quatro almofadas de linho, onde borda uns corações alvejados pelas setas do Cupido» (p. 88)
DD - «Dispõe sobre o canapé do salão quatro almofadas de linho sobre as quais borda dois corações trespassados pelas flechas de Cupido» (p. 163)
FC - «Um dia, depois do expediente, Salazar entra em casa com um enorme embrulho. (…) E os dois, de joelhos no tapete, desfazem o pacote. Muito mais tarde (…) ela contará a cena ao embaixador Brito e Cunha» (p. 88)
DD - «Ao voltar um dia do ministério, Salazar encontra-a com um pacote. E ambos, de joelhos no tapete, desfazem a embalagem misteriosa. Muito mais tarde, ela contará a cena ao governador do Porto, Brito e Cunha» (p. 163)
FC - «Desatados os nós, do embrulho saiu um candeeiro de ferro forjado que terminava em cone, com quatro vidros martelados, das cores das várias fases do dia: azul-escuro de breu, branco, laranja e amarelo» (p. 88)
DD - «uma vez desfeitos os nós, apareceu uma lanterna em ferro forjado com quatro vidros martelados das cores dos diferentes momentos do dia, azul-escuro, branco, laranja e amarelo» (p. 163)
FC - «Ele sai da sala e volta munido de martelo, um alicate, um prego e uma chave de parafusos» (p. 88)
DD - «Ele saiu em seguida do salão e voltou munido de um martelo, de uma pinça, de um prego e de uma chave de fendas» (p. 163)
FC - «Rodou o candeeiro, de maneira a que a face de vidro amarelo ficasse inclinada para o rosto da amante» (p. 88)
DD - «virou a lanterna de modo a que o vidro amarelo ficasse inclinado sobre o rosto da sua amante» (p. 163)
FC - «Passeava com toda a liberdade na companhia do ministro das Finanças» (p. 89)
DD - «já não se constrange em aparecer publicamente de braço dado com o ministro das Finanças» (p. 164)
FC - «Olhe adeus, fique-se com as suas fonices» (p. 89)
DD - «Adeus, fica com a tua avareza» (p. 164)
FC - «uma saída airosa para dele se escapar» (p. 89)
DD - «uma saída honrosa para esta ligação» (p. 164)
FC - «que se tornara milionário e levava uma vida de estalo» (p. 89)
DD - «tornou-se milionário e leva uma vida de lorde» (p. 164)
FC - «Eduardo acusa-a de ter vários amantes» (p. 89)
DD - «Eduardo acusa-a de ter vários amantes» (p. 164)
FC - «lembra-lhe que rebentara a sua fortuna pessoal ao jogo» (p. 89)
DD - «lembra-lhe que ele delapidou a sua fortuna pessoal ao jogo» (p. 164)
FC - «onde permaneceu perto de dois meses» (p. 90)
DD - «onde permanece dois meses» (p. 164)
FC - «Em Dezembro de 1930, Salazar passara o Natal com a família. Mas regressara a correr, para entrar no novo ano nos braços da amante?» (pp. 90-91)
DD - «Em dezembro de 1930, Salazar passa o Natal com a sua família, mas regressa a correr para começar o novo ano nos braços da amante» (p. 164)
FC - «Maria Laura, segura do seu lugar, assenta nessa passagem de ano, em francês» (p. 91)
DD - «Maria Laura, certa do seu poder de sedução, anota em francês» (p. 164)
FC - «A elaboração da Constituição marca as preocupações do novo ditador» (p. 98)
DD - «A elaboração da Constituição sobre a qual se debruça o novo tirano» (p. 165)
FC - «Já tudo estava devidamente racionado, e o encontro durou apenas duas horas» (p. 98)
DD - «Tudo está devidamente preparado, o encontro dura apenas duas horas» (p. 165)
FC - «Em 1934 (…) naquela salinha em que ela em tempos decorara, partilha a ceia de mais um ano novo. Seria o último encontro dos amantes. Quando Maria Laura parte para Madrid (…)» (p. 98)
DD - «Em 1934, neste apartamento que ela tinha decorado, eles partilham a refeição do réveillon, como habitualmente. Será este o último encontro. Quando volta para Madrid (…)» (p. 165)
FC - «Madrid está em torvelinho. Rebentam bombas em qualquer esquina, e o casal muda-se para Sevilha» (p. 98)
DD - «Em breve Madrid é bombardeada, Maria Laura e o marido têm de mudar-se para Sevilha» (p. 166)
FC - «Manda um emissário a Espanha: quer toda a correspondência de volta» (p. 98)
DD - «Salazar mandou um emissário a Espanha para recuperar as provas do seu pecado» (p. 166)
FC - «A 27 de Julho, em papel da pastelaria Marques, o presidente do Conselho arquiva na sua agenda pessoal» (p. 101)
DD - «27 de Julho de 1934 (…) o sedutor de Santa Comba, agora presidente do Conselho, arquiva na agenda, num papel da Pastelaria Marques, uma carta muito pessoal» (p. 166)
FC - «o pai, sapateiro com muita arte, andara metido em conspiratas contra os monárquicos» (pp. 102-103)
DD - «O seu pai, sapateiro de grande arte, foi envolvido nas conspirações contra os monárquicos» (pp. 166-167)
FC - «parece ter nascido com (…) o lado aventureiro do progenitor» (p. 103)
DD - «herdou o lado flibusteiro do pai» (p. 167)
FC - «Com a instauração da República, o sapateiro vem para Lisboa» (p. 103)
DD - «Com o advento da República, ele instalou-se em Lisboa» (p. 167)
FC - «Maria Emília não era das mais belas, mas foi de todas a mais caprichosa» (p. 103)
DD - «Emília não é a mais bonita, mas é a de carácter mais inflamado» (p. 167)
FC - «francês, língua da moda na cartilha das meninas bem» (p. 103)
DD - «francês, a língua da moda nas raparigas de boa família» (p. 167)
FC - «A família passa férias no Estoril (…), onde ela se torna exímia cavaleira» (p. 103)
DD - «a família faz férias no Estoril (…), onde pratica a equitação» (p. 167)
FC - «o hábito de se passear a cavalo pelo Chiado» (p.104)
DD - «o hábito de se passear a cavalo em pleno centro de Lisboa» (p. 167)
FC - «Começa a trabalhar como bailarina em salões» (p. 104)
DD - «Começa a trabalhar como dançarina de salão» (p. 167)
FC - «O pai estancava no álcool e nas mulheres» (p. 104)
DD - «o seu pai entrega-se ao álcool e às mulheres» (p. 167)
FC - «nos grandes hotéis, como o Palace Avenida, é contratada para (…) abrir os bailes e chamar os clientes à pista» (p. 104)
DD - «Nos grandes hotéis, como no Avenida Palace, foi contratad para abrir os bailes e levar os clientes para a pista» (p. 167)
FC - «Dançou com o mesmo partner anos a fio mas sempre garantiu a pés juntos à família não ter com ele qualquer trato sentimental: “Olhem que (…) o rapaz até é maricas!”» (p. 104)
DD - «Dança com o mesmo parceiro durante anos, mas informa que ele não é seu noivo, “pois é homossexual”» (p. 167)
FC - «E ganhou a vida dançando nos Palaces e transatlânticos» (p. 104)
DD - «ganha assim a vida, apresentando-se em palácios e transatlânticos» (p. 167)
FC - «Vive os anos loucos na cidade-luz» (p. 105)
DD - «vive anos de boémia nesta Paris» (p. 167)
FC - «descobre a propensão para conviver com os mundos ocultos. Passa a fazer parte de um círculo de portugueses ligados à Sociedade Teosófica» (p. 105)
DD - «descobrindo em si mesma uma particular atracção pelo oculto. Emília integra um círculo de portugueses ligados à sociedade teosófica» (p. 167)
FC - «sabe decifrar os astros e entretém-se a fazer horóscopos» (p. 105)
DD - «sabe ler os astros e estabelecer horóscopos» (p. 167)
FC - «o Makavenkos, clube privado para solteirões, na maioria velhos ricos (…) que podiam pagar caro o gozo das carnes ressuscitadas» (p. 105)
DD - «no Makavenkos, um clube privado para celibatários. O lugar é conhecido por fornecer mulheres jovens para homens ricos e maduros» (p. 167)
FC - «Nas festas, como único ornamento, usa uma serpente que umas vezes enrola no pulso, outras ao pescoço. Depende da posição da lua» (p. 108)
DD - «Nas noites mundanas, usa como único acessório uma serpente, que enrola ora em torno do pulso, ora em volta do pescoço, segundo a posição da lua» (p. 168)
FC - «mal se dão conta da autenticidade do ornamento recuam um passo» (p. 108)
DD - «recuam imediatamente mal se apercebem do ornamento reptiliano» (p. 168)
FC - «aluga casa na praia da Azambujinha, em São João, onde manda construir umas escadas que desembocam em plena praia. Tornou-se na estância de férias dos amantes» (p. 108)
DD - «aluga uma casa na praia de São João, à qual manda acrescentar escadas que lhe dão acesso directo à praia. A casa torna-se o lugar de vilegiatura dos seus (…) amantes» (p. 168)
FC - «O jornalista, um democrata, faz tudo para conseguir passar a fronteira. Do outro lado avizinha-se o caos» (p. 110)
DD - «a paixão do jovem pelo jornalismo incita-o a passar a fronteira para se dar conta do caos» (p. 168)
FC - «Os combates para travar os levantamentos dos regimentos militares revoltosos e os grupos civis falangistas transformavam as cidades numa caldeira em ebulição» (p. 110)
DD - «os combates para travar as insurreições das unidades militares e dos grupos falangistas puseram a cidade em ebulição» (p. 168)
FC - «As perseguições estavam na ordem do dia e não se podia adivinhar em que esquina apareceria um atirador furtivo. Também as execuções sumárias marcavam aqueles primeiros dias de guerra» (p. 110)
DD - «As perseguições estão na ordem do dia; os atiradores emboscados e as execuções sumárias são muitas» (p. 168)
FC - «quer acompanhá-lo a Espanha (…). Mas Norberto Lopes acaba por partir sem ela» (p. 110)
DD - «Emília quer acompanhá-lo em Espanha, mas ele parte sem ela» (p. 168)
FC - «A oposição não lhe cria empecilhos de maior, a não ser o Partido Comunista Português» (p. 110)
DD - «A oposição não lhe cria grandes obstáculos, excepção feita ao Partido Comunista» (p. 168)
FC - «uma ditadura não se aguentava sem a implantação do terror» (p. 110)
DD - «Não há ditadura sem reino do terror» (p. 168)
FC - «janta a sós com o cardeal Cerejeira. Antes da meia-noite, resguardado pela escuridão, sai da sua casa na Rua Bernardo Lima ao encontro de Maria Emília» (pp. 117-118)
DD - «Janta a sós com o cardeal Cerejeira e antes da meia-noite, a coberto da escuridão, sai ao encontro de Emília» (p. 168)
FC - «para além de amante, tornar-se-ia com o tempo outra das informadoras de Salazar. E também sua astróloga» (p. 118)
DD - «Para além de uma amante fiel, Emília tornou-se sua astróloga» (p. 169)
FC - «E o povo aplaude o homem que consegue manter o país fora das portas da guerra que devasta a Europa» (p. 110)
DD - «aplaude-se o homem que consegue manter o país fora da guerra no país vizinho» (p. 168)
FC - «As relações com Maria Emília mantêm-se e sem perigo de descendência. A mulher, sabe-se lá porquê, fizera uma operação e retirara os ovários. Não gostava de crianças» (p. 131)
DD - «Mantêm-se as relações com Emília, sem perigo de descendência: resistente a qualquer ideia de maternidade, ela tinha-se feito operar para eliminar esse risco» (p. 169)
FC - «comandava a vida mundana de Estocolmo. (…) ela, pela mão de Gustavo V Adolfo abria os bailes» (p. 172)
DD - «A mundana abria os vailes da corte de Gustavo V» (p. 171)
FC - «Mercedes cresce entre os mais notáveis» (p. 172)
DD - «cresceu assim entre os notáveis» (p. 171)
FC - «Mistura-se com escritores portugueses e é amiga de António Ferro, que a lança como jornalista» (p. 173)
DD - «Frequenta os escritores e torna-se amiga de António Ferro, que a lança como jornalista» (p. 171)
FC - «Quando os pais morrem, fica senhora de uma herança invejável, tendo como tutor o tio Sven Bergius, embaixador sueco. Inicia com ele uma vida de nómada por todas as legações onde a chancelaria a colocava» (p. 172)
DD - «Com a morte dos pais, herda uma fortuna considerável e tem como tutor um embaixador sueco, Sven Berjius. Eles começam uma vida de nómadas, ao sabor das delegações ou chancelarias para onde o enviam» (p. 171)
FC - «Atinge a maioridade e passa a viver em Paris com uma tia materna, no hotel l’Arcade, como uma princesa» (p. 172)
DD - «Quando atinge a maioridade, Mercedes vai instalar-se em Paris, no Hôtel de l’Arcade (…). Faz nessa época uma vida de princesa» (p. 171)
FC - «nas corridas de cavalos (…) esbanja a grossa pensão que o equatoriano lhe destinara» (p. 172)
DD - «jogando nas corridas (…) acaba por delapidar a pensão de que dispõe» (p. 171)
FC - «rebelava-se contra os princípios que governavam as esperanças femininas: um homem, um casamento» (p. 172)
DD - «É uma mulher rebelde quanto aos princípios que devem então reger as esperanças femininas: um homem, um casamento» (p. 171)
FC - «Queria viver deixando um traço de glória» (pp. 172-173)
DD - «Ela quer viver diferentemente, deixando um traço de glória no mundo» (p. 171)
FC – «Era mais sedutora do que bela, tinha feições angulosas e uns olhos negros enormes. Fuma Gauloises por uma grande boquilha» (p. 173)
DD - «Mais sedutora do que bela, fuma gauloises por uma enorme boquilha, beneficiando dos seus traços angulosos e imensos olhos negros» (p. 171)
FC - «Era uma mulher culta mas de pouco rasgo» (p. 173)
DD - «é uma mulher muito culta, mas pouco afável» (p. 171)
FC - «Muda-se para o país do pai e instala-se no Hotel Borges» (p. 173)
DD - «regressa ao país de seu pai e instala-se no Hotel Borges» (p. 171)
FC - «Tem a fama de ser espia dos aliados» (p. 173)
DD - «Suspeitam que é uma espia dos aliados» (p. 171)
FC - «passam a encontrar-se com a frequência que as corridas dela pelo mundo permitem» (p. 173)
DD - «veem-se tão frequentemente quanto as suas viagens pelo mundo lhe permitem» (p. 171)
FC - «Interessava-se pelos clássicos, desde Fénelon a Molière, mas pendia mais para os modernos como Apollinaire, Rimbaud e Prévert» (p. 173)
DD - «Interessa-se pelos clássicos, Fénelon, Molière, pelos modernos, Apollinaire e Rimbaud» (p. 171)
FC - «os franceses retiram-lhe o passaporte diplomático e os alemães andam-lhe no encalço» (p. 173)
DD - «Os franceses retiram-lhe o passaporte diplomático, os alemães estão de olho nela» (p. 171)
FC - «A maneira como Salazar jogou na guerra faz com que Mercedes o admire» (p. 173)
DD - «A maneira como Salazar conseguiu manter o país fora da guerra causou-lhe uma forte impressão» (p. 171)
FC - «Num postal pintado com corações e malmequeres» (p. 173)
DD - «Num postal ilustrado pintalgado de corações e de margaridas» (p. 171)
FC - «A rapariga conhece meio mundo, é tu cá tu lá com muitos diplomatas» (p. 175)
DD - «Conhecedora de todos os diplomatas» (p. 172)
FC - «passa as informações para o presidente do Conselho» (p. 175)
DD - «transmite algumas informações ao presidente do Conselho» (p. 172)
FC - «não se coibia de lhe pedir favores» (p. 175)
DD - «não se coíbe de lhe pedir favores» (p. 172)
FC - «Amuava quando eles não eram de imediato satisfeitos» (p. 175)
DD - «pisa-lhe os calos se ele não satisfaz imediatamente os seus pedidos» (p. 172)
FC - «esta é a área dos subentendidos» (p. 175)
DD - «plena de subentendidos» (p. 172)
FC - «O hotel estava na moda, por ali se passavam as maiores famílias e se alojavam os grandes nomes da ópera que vinham ao São Carlos» (p. 179)
DD - «O lugar está na moda, passam por ali as melhores famílias e os maiores nomes da ópera que vêm exibir-se ao São Carlos» (p. 172)
FC - «Mal Mercedes chegava à portaria do hotel ligavam na hora da Presidência do Conselho e vinham buscá-la de carro» (p. 179)
DD - «Logo que Mercedes chega à recepção, telefona-se à Presidência do Conselho e uma viatura vem busca-la imediatamente» (p. 172)
FC - «Salazar visitava-a uma vez por semana»
DD - «Salazar visita-o uma vez por semana»
FC - «Ele continua a usá-la como informadora» (p. 180)
DD - «Continuando a usá-la como informadora» (p. 172)
FC - «Arranja fórmulas para se esquivar» (p. 180)
DD - «encontra (…) desculpas sucessivamente repetidas para se esquivar» (p. 172)
FC - «chegava a Portugal para escrever um livro sobre a vida de Salazar» (p. 145)
DD - «dirige-se a Portugal com uma ideia bem precisa na cabeça: escrever um livro sobre a vida de Salazar» (p. 173)
FC - «Não queria o político, mas o homem» (p. 145)
DD - «Não é o político, mas o homem que lhe interessa» (p. 173)
FC - «reconstruir o seu itinerário desde a infância ao governo» (p. 145)
DD - «reconstituir o seu percurso, da infância até à ascensão ao poder» (p. 173)
FC - «Impunha uma condição: responderia a todas as perguntas, mas nada seria publicado sem que passasse pelo seu crivo» (p. 145)
DD - «Uma condição é imposta: ele tem de reler cada passagem a publicar» (p. 173)
FC - «tem à sua espera (…) o homem do SNI» (p. 145)
DD - «um homem do SNI espera-a» (p. 174)
FC - «Durante três dias, a jornalista faz turismo» (p. 145)
DD - «Durante três dias, leva-a a visitar Lisboa» (p. 174)
FC - «ameaça regressar a Paris» (p. 145)
DD - «ameaça voltar a Paris» (p. 174)
FC - «O seu cicerone entra em pânico» (p. 145)
DD - «O agente entra em pânico» (p. 174)
FC - «Era loira, persistente e decidida» (p. 146)
DD - «persistente, decidida» (p. 174)
FC - «Apresentou-se de chapelinho, toda de preto» (p. 146)
DD - «apresenta-se com a cabeça coberta por uma capelina, completamente vestida de preto» (p. 174)
FC - «Passada a ponte levadiça, um senhor de casaco de linho branco desce uma escadaria» (p. 146)
DD - «Mal passa a ponte levadiça já um homem de fato de linho branco desce a escada para a receber» (p. 174)
FC - «fazia da sua simplicidade e austeridade uma arma de arremesso ao coração feminino» (p. 146)
DD - «tem o costume de fazer da simplicidade do vestuário uma arma para surpreender as mulheres» (p. 174)
FC - «Esperaram os dois em silêncio, numa sala simples que só tinha duas cadeiras» (p. 146)
DD - «Leva-a em silêncio para uma sala pobremente mobilada, com duas cadeiras» (p. 174)
FC - «fica hospedada na pensão Ambrósia e, escoltada pela polícia, vai todas as manhãs ao encontro do ditador» (p. 146)
DD - «Alojada na Pensão Ambrósia, vai todas as manhãs ter com o ditador, escoltada pela polícia» (p. 175)
FC - «Micas fazia-se mulher e começava a entender as fragilidades do homem de Santa Comba. No Vimeiro, segue com a curiosidade da idade a atenção que o tutor dedica à estrangeira» (pp. 150-151)
DD - «Micas. Já mulher, ela observa com curiosidade a atenção que o seu tutor concede à estrangeira» (p. 176)
FC - «Salazar fechava portas e portadas» (p. 152)
DD - «Salazar fecha então cuidadosamente portas e portadas» (p. 177)
FC - «Micas, mordida de curiosidade, escondia-se de no quarto destinado a Christine, paredes-meias com o escritório, a ver se avistava um movimento amoroso» (p. 152)
DD - «Micas, cheia de curiosidade e certamente de ciúme, esconde-se no quarto destinado a Christine, com fina parede contígua ao escritório, para vigiar qualquer movimento suspeito» (p. 177)
FC - «Mas o que mais desinquietou a imaginação da rapariga foi, um belo dia, a azáfama da governanta» (p. 152)
DD - «O que excitou mais a imaginação da rapariguinha foi, um belo dia, a agitação da governanta» (p. 177)
FC - «Maria de Jesus subia e descia escadas com baldes de água quente» (p. 152)
DD - «Maria de Jesus subia e descia os degraus com baldes de água quente» (p. 177)
FC - «corria entre a criadagem que os franceses eram gente avessa a águas e limpezas» (p. 152)
DD - «Os franceses tinham então a reputação de nutrirem uma aversão pela água e pela higiene corporal» (p. 177)
FC - «Foi a própria governanta quem, numa vingança prosaica, contou o segredo a Micas» (p. 152)
DD - «Foi a governanta, ela mesma, quem, num estilo muito prosaico, contou o segredo a Micas»
FC - «Maria de Jesus, apaixonadíssima pelo patrão» (p. 152)
DD - «Maria de Jesus, totalmente devotada a Salazar» (p. 177)
FC - «“Desde que ele estivesse bem e não se esquecesse da nação, para ela estava tudo bem”» (p. 153)
DD - «Desde que ele se portasse bem, tudo ia pelo melhor» (p. 177)
FC - «Cozinha para os amantes, requinta-se na decoração da mesa para a ceia» (p. 152)
DD - «Cozinhar para as suas amantes, preparar-lhe belas decorações de mesas para o jantar» (p. 177)
FC - «Leva Christine Garnier a passear pelas melhores joalharias parisienses e pede-lhe que o ajude a comprar um anel para a mulher» (p. 153)
DD - «Leva Christine a passear-se pelas melhores joalharias parisienses e pede-lhe para escolher um anel de mulher» (p. 178)
FC - «Salazar telefona a (…), governador do Banco de Portugal, para lhe desembolsar um cheque de 420 dólares» (p. 153)
DD - «Salazar telefona ao governador do Banco de Portugal para que ele lhe prepare um cheque de 420 dólares» (p. 178)
FC - «O presidente do Conselho (…) alargava-se» (p. 154)
DD - «o presidente do Conselho dá provas de largueza» (p. 178)
FC - «Uma das vezes despachou no vapor Turckheim três caixas de vinho do Dão para Dacar, onde a jornalista se encontrava em reportagem. À Real Companhia paga mil e tal escudos pelo néctar» (p. 154)
DD - «Chega ao ponto de mandar pelo vapor Turckheim três caixas de vinho tinto do Dão para Dacar, onde ela estava em reportagem. A companhia Royale paga cerca de 1000 escudos pelo néctar» (p. 179)
FC - «Salazar prodigalizava à mulher todas as amabilidades. Ela, aliás, nascera para ser adulada» (p. 154)
DD - «Salazar prodigaliza assim todas as amabilidades. Ele adula-a e ela adora isso» (p. 179)
FC - «Christine era natural de Flandres e desde pequena correra mundo com o pai, oficial da marinha» (p. 154)
DD - «Christine era originária da Flandres e percorreu o mundo desde pequena com o pai, oficial de marinha» (p. 179)
FC - «trajecto que só aos homens é consentido» (p. 154)
DD - «uma estrada que está então apenas reservada aos fomens» (p. 179)
FC – «Atravessa África de lés a lés, e passa temporadas na floresta equatorial para estudar a feitiçaria» (p. 154)
DD - «atravessar a África de costa a costa e permanecer na floresta equatorial para aí estudar a feitiçaria» (p. 179)
FC - «Escolhe os homens no miolo dos notáveis. Mas duram pouco.» (p. 154)
DD - «Escolhe os seus homens entre os notáveis, mas estes cansam-se rapidamente» (p. 179)
FC - «Quando o casal volta a Paris, passado algum tempo, Raymond descobre as cartas apaixonadas que Salazar escreve à esposa» (p. 157)
DD - «Quando Raymond volta a Paris algum tempo depois, descobre cartas apaixonadas que o presidente do Conselho escreveu à esposa dele» (p. 179)
FC - «Continuava a usar o efeito que provocava nas mulheres para se manter informado. Christine Garnier viaja muito, frequenta a elite francesa, tem acesso a ministros e militares» (p. 158)
DD - «Salazar continua a usar o efeito que provoca nas mulheres para se manter informado de tudo. Christine viaja muito, frequenta a elite francesa e acompanha ministros e dignitários» (p. 179).
António Araújo
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