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Há pouco publicámos aqui uma imagem que bem poderia servir de capa ao livro de Susan Sontag Regarding the Pain of Others (de que existe tradução portuguesa). Agora, uma outra do mesmo teor. No dia 11 de Setembro de 2001, Thomas Hoepker, fotógrafo da Magnum, retratou este grupo de jovens, a conviver tranquilamente, numa postura descontraída, enquanto as chamas devoravam Manhattan. A fotografia seria publicada apenas em 2006, no livro de David Friend Watching the World Change: The Stories Behind The Images of 9/11. Thomas Hoepker justificou o motivo pelo qual demorou cinco anos a publicar aquela imagem, não o tendo feito logo em 2001: «Na altura, as pessoas não precisavam de ver aquilo». O fotógrafo captou outra imagem igualmente famosa, porventura uma das mais densas e penetrantes imagens de Nova Iorque naquele dia. No entanto, a fotografia dos que olhavam de longe a derrocada das Torres Gémeas foi aquela que, ao fim de muitos anos de carreira, acabaria por o celebrizar. Muitos escreveram sobre a imagem, podendo ler-se este editorial do NY Times. As pessoas não acreditaram como era possível estar assim, serenamente, a ver o coração em chamas de Nova Iorque. Dois dos fotografados contactaram a Slate e explicaram, indignados, que a fotografia não correspondia à realidade. Disseram que, apesar daquilo que poderia parecer, também eles estavam chocados e partilharam nesse dia o sofrimento e a estranheza do mundo. Talvez seja verdade, não sabemos. Já agora, o que diriam, se fossem vivos, os que se deixaram fotografar por Arnold Genthe (1869-1942), tendo por pano de fundo São Francisco devastada pelo terramoto de 1906? O mundo é um lugar estranho
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Imagem de Thomas Hopeker |
Arnold Genthe, São Francisco, o terramoto de 1906 |
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