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«Também
sou um gajo que vende o meu peixe, quero que a malta conheça a minha teoria.
Não é nada de especial, mas para o tempo em que a criei, quando publiquei o meu
artigo em 1979, foi nobre.»
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«Quer
a educação física, quer a medicina moderna são produtos do cartesianismo. Descartes
dividiu o ser humano em mente e corpo. Uma pessoa tinha saúde desde que o
físico funcionasse como uma máquina. É esse o ponto de partida da minha luta.
Para mim, não há educação do físico, há educação de pessoas em movimento».
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«Saiu-me
a sorte grande ao ler Maurice Merleau-Ponty. Ele define a motricidade como um
movimento intencional e tive um clique».
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«Comecei
a falar em movimento intencional de transcendência. Porque nesta área o
movimento é de quem quer superar o outro e superar-se a superar-se a si mesmo».
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«Fiz
uma revolução científica, mas uma pessoa qualquer que me oiça dizer isto vai
dizer que sou parvo, está a perceber?! Falo disto pela primeira vez há quase 40
anos e agora aparece como novidade».
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«Só
ligavam ao físico e pouco mais. Eu nunca tinha jogado à bola, era uma pessoa de fora
do meio e viam-me como um teórico a
ladrar; não ligavam puto. Agora é uma grande teoria. Eu falo do erro de
Descartes muito antes do Damásio. Só que o Damásio sabia provar
neurologicamente e eu não sei. A minha tese de doutoramento é uma visão filosófica
do erro de Descartes».
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«Qualquer
ignorante, ao fim de 24 horas, sabe que a táctica é o 4x4x2 o 4x3x3, qual é a
dificuldade? É evidente que o futebol é táctica também, mas aquilo é música».
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«Tudo
o que é cultura é bom. Mas não é uma cultura à maneira do Renascimento, em que
uma pessoa lia livros e andava no ar platonicamente. Hoje a pessoa tem de
nascer de uma especialidade e passa por conhecer o chão de onde ela brota».
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«Eu
conheço os fundamentos científicos. Sei que o todo é mais importante do que a
soma das partes. Para mim era evidente que ao mesmo tempo que trabalho a
táctica tenho de trabalhar o homem».
«O
Jorge Jesus é um grande treinador em qualquer parte do mundo».
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«A
leitura de jogo é sensacional. Faz lembrar o cientista, que olha e vê
diferente. Imaginemos o córtex cerebral. Estamos a olhar através de uma
cirurgia. O neurocirurgião vê coisas que eu não vejo e estou a olhar para o
mesmo. O grande treinador é a mesma coisa».
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«Ele
[Pedroto] estava no FC Porto e ligou-me. Cheguei a ir a estágios da equipa, na
Póvoa de Varzim, só para conversarmos. Questionava-me: “Desculpe, que coisa é
essa de não haver educação física?”. E lá lhe dizia que era uma falha do
cartesianismo».
«Para
mim o desporto deve ser contrapoder ao poder das taras dominantes, mas não há
dúvida que a alta competição hoje reproduz e multiplica as taras da sociedade
capitalista».
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«O
Peyroteo foi dos maiores rematadores da história do futebol. Um gajo ombrudo.
Lançavam-lhe a bola e era com cada sarda».
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«Ainda
hoje estou para saber como é que apanhei 16 em Grego. Parto do pressuposto que
os gajos se enganaram».
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«Politicamente sou um socialista síntese de
marxismo e cristianismo».
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«Temos
de gritar por um outro mundo».
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«Estava
num partido dos reformados e só queriam melhores reformas. Lidava com pessoas
velhas no corpo e na alma. Quando disse que o partido devia ter ideologia,
queimei-me. Fiquei farto de velhos.
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«O
professor Barbosa de Melo, presidente da AR, telefonava-me durante o plenário a
perguntar que livro estava a ler, enquanto na AR se discutiam os tapetes de Arraiolos».
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«Eu
hoje estou a falar de mim à brava, até tenho vergonha. Eu, eu, eu».
Manuel Sérgio,
entrevista ao Sol/Tabu, de 24/05/2013
é absolutamente incrível como o post-moderno M.S. contribuiu tão pouco para a dívida nacional
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