"Eu e a Bárbara apaixonámo-nos em Março de 2000, em
Abril estávamos juntos e em Maio isso era público. Lembro-me de, por essa
altura, eu ter dado uma entrevista à jornalista Fernanda Câncio, para o DN-Magazine.
[...] A certa altura abordou-se um dos meus filmes preferidos, o Lilith,
de Robert Rossen, um filme sobre a paixão que, dizia a jornalista, no caso
deste filme era uma paixão funesta... ao que eu respondi, então, que as paixões
«podem ser funestas, porque são trajectos feitos no maior desamparo...».
Lembro-me de dizer isto como se quisesse deixar
naquela entrevista uma marca de algo que me estava a acontecer, que eu sentia e
vivia como os momentos mais felizes da minha vida. Eu tinha tido desde o
primeiro momento a noção de que se passava algo de completamente diferente, uma
paixão que se revelaria absoluta, isto é, única, que não suscita nem suporta
comparações.
O absoluto no amor é isso mesmo, o incomensurável, a
criação de uma órbita própria onde passamos a viver outra vida, para lá de
tudo, acima de tudo: assim foi e assim será. Pressentimos dificuldades, claro,
mas eram, digamos, coisas normais - e, portanto, insignificantes. Nunca
pensámos que seríamos sujeitos a provas tão constantes, tão difíceis e,
sobretudo, tão rudes."
CARRILHO, Manuel Maria (2006), Sob o Signo da
Verdade. Lisboa: Dom Quixote, pp. 158-159.
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