domingo, 18 de maio de 2014

Olha, Daisy...

 
 
 

 
 
A Letra Livre continua a marcar pontos. Desta feita, a polémica gerada pela 2ª edição, corria o ano de 1922, das Canções  de António Botto. Há poucos dias, o meu querido amigo Luís Bigotte Chorão honrou o Malomil com um texto seu sobre a revista Contemporânea. Pois foi nas páginas da Contemporânea que Fernando Pessoa assinaria o artigo que espoletou a controvérsia. Uma contenda que até meteu, imagine-se, futuros nomes grandes do Estado Novo, como Marcello Caetano e Pedro Theotónio Pereira. Para quem julgue que se tratava de uma brincadeira de rapazes, que também o era, o artigo de Marcello Caetano diz muito do seu pensamento, à época e depois. A antologia dos textos da controvérsia é toda feita aqui, com introdução de Zetho Cunha Gonçalves. Simplesmente imprescindível.


5 comentários:

  1. Espoleta. De há uns tempos para cá, tem-se utilizado esta palavra, ou o seu verbo, com objectivos contrários.
    Não fará o Malomil um favor a todos, e esclarecer a questão?
    Para mim, a espoleta é um travão, que trava a explosão da granada. Logo, espoletar será travar, impedir. Despoletar seria dar origem a algo, tirar o travão e deixar acontecer...

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    1. Muito obrigado pelo seu comentário. Infelizmente, não tenho competência para resolver esta questão, mas creio que existe aqui uma boa ajuda:
      http://www.ciberduvidas.com/pergunta.php?id=22978

      Cordialmente,

      António Araújo

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    2. Muito Obrigado. No que me fui meter... o ciberdúvidas é prolixo, mas nem por isso claro e objectivo.
      Acho que a resposta estará nos militares...

      Obrigado

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  2. O estimado anónimo das 11:38 está a ver a coisa ao contrário. A espoleta é uma peça que faz detonar uma explosão. Quando se retira a espoleta a uma bomba, esta não pode, obviamente, explodir, a não ser que se atire ao fogo.

    Creio que o anónimo está a confundir espoleta com cavilha, a qual impede a detonação de uma granada. Quando se retira a cavilha a uma granada, é bom lançá-la ou fugir para longe...

    Espoletar será, pois desencadear algo, despoletar o seu contrário.

    Sobre os significados de espoletar e despoletar há uma discussão que se arrasta há anos. O tema é bastante sensível, porque convém saber muito bem se uma bomba está espoletada ou despoletada. Um equívoco pode ser fatal para a integridade física do falante.

    Vasco Graça Moura publicou em tempos um artigo sobre o assunto, defendendo (a meu ver erradamente) que despoletar significa desencadear e que espoletar significa o mesmo, embora esta palavra se use menos. Ele era de opinião que retirar a espoleta (e, com isso, impedir uma explosão) se deveria escrever desespoletar e não despoletar. Ora a palavra desespoletar não existe, a não ser nesse texto de VGM.

    Já Edite Estrela, num dos seus livros, tal vez Dúvidas do Falar Português, defende que espoletar significa correctamente desencadear (uma explosão, etc.). Mas, pondera a temerária senhora, o uso quotidiano consagrou o termo despoletar para significar espoletar, por isso ambos os verbos seriam aceitáveis com o mesmo sentido de desencadear.

    Escuso de sublinhar o perigo de acidente mortal que a posição da Dra. Estrela acarreta, ao defender uma ambiguidade tão explosiva. O povo é quem mais ordena em coisas de língua, sustentam alguns sábios populistas e a Dra. Estrela com eles. Pois que seja, mas neste caso eu preferiria que fossem os militares a estabelecer definitivamente o rigoroso significado desses termos, antes que alguém se magoe. Em matéria de bombas, a mesma palavra não pode significar uma coisa e o seu contrário.
    José Barreto

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  3. Caro José Barreto,

    Muito obrigado pela explicação. De facto, o correcto uso da palavra depende da cabal identificação das peças e seus atributos.
    Aí, o seu contributo foi esclarecedor.
    Por mim, guerra encerrada

    Cumprimentos

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