sexta-feira, 17 de abril de 2015

Memória de Kiev.

 
 
Mosaico no interior do Palácio dos Pioneiros, Kiev
 
         Entre os tormentos que passa a Ucrânia, decidiu-se agora apagar o passado soviético. Putin responde noutra moeda, que acaba por ser a mesma, organizando à sua maneira, bastante peculiar, as celebrações dos grandes feitos do Exército Vermelho.
         Nesta guerra de memórias quem sofre é a memória. É legítimo, não vamos sequer questioná-lo, comparar Estaline a Hitler. Mas a proibição de exibir símbolos soviéticos – não para fins propagandísticos mas históricos e culturais, obviamente – pode levar a que muita coisa desapareça. Com isso, ficaremos todos mais pobres. É claro que num contexto bélico não há muito tempo nem vontade para pensar nesses luxos. Vejamos, contudo, a beleza serpenteante da escada do Palácio dos Pioneiros, concebida entre 1962-195, pelos arquitectos A. Miletsky e E. Bilsky. A estrutura, delicadíssima, foi deitada abaixo por volta do ano 2000. Seja qual for a ideologia, é lamentável que esta arquitectura se desvaneça. A traça é por certo «brutalista», no seu modernismo das estepes. Mas não havia necessidade…
 

 
 
 
         Aqui mostram-se alguns exemplos do legado arquitectónico soviético em Kiev, na versão modernista hard. Entre eles, o edifício do Departamento de Física da Universidade T. Shevchenko, concebido e edificado entre 1972 e 1980. Esperemos que o conflito na Ucrânia não arraste consigo algo que devia ser preservado. A História, por muito dolorosa que seja, não se apaga assim. Quem ganha com isto? Ninguém.
 


 

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