Mosaico no interior do Palácio dos Pioneiros, Kiev
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Entre os tormentos que passa a Ucrânia,
decidiu-se agora apagar o passado soviético. Putin responde noutra moeda, que
acaba por ser a mesma, organizando à sua maneira, bastante peculiar, as celebrações
dos grandes feitos do Exército Vermelho.
Nesta guerra de memórias quem sofre é a
memória. É legítimo, não vamos sequer questioná-lo, comparar Estaline a Hitler.
Mas a proibição de exibir símbolos soviéticos – não para fins propagandísticos
mas históricos e culturais, obviamente – pode levar a que muita coisa
desapareça. Com isso, ficaremos todos mais pobres. É claro que num contexto
bélico não há muito tempo nem vontade para pensar nesses luxos. Vejamos, contudo,
a beleza serpenteante da escada do Palácio dos Pioneiros, concebida entre
1962-195, pelos arquitectos A. Miletsky e E. Bilsky. A estrutura, delicadíssima, foi deitada
abaixo por volta do ano 2000. Seja qual for a ideologia, é lamentável que esta
arquitectura se desvaneça. A traça é por certo «brutalista», no seu modernismo
das estepes. Mas não havia necessidade…
Aqui mostram-se alguns exemplos do legado arquitectónico soviético em Kiev, na versão modernista hard. Entre eles, o edifício do Departamento de Física da Universidade
T. Shevchenko, concebido e edificado entre 1972 e 1980. Esperemos que o
conflito na Ucrânia não arraste consigo algo que devia ser preservado. A
História, por muito dolorosa que seja, não se apaga assim. Quem ganha com isto? Ninguém.
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