Giorgio De Chirico
Retrato de Clarice Lispector
1945
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Volta
e meia, o furacão Clarice
aparece por aqui, fugidio e devastador. É agrado que faço à legião dos devotos
lispectorianos, seita fanática em que me incluo – gostosamente.
Ao folhear a sua fotobiografia, da
autoria de Nádia Batella Gotlib, tropecei num episódio que, se não me engano,
não está registado da magistral biografia de Clarice escrita por Benjamin Moser.
Nos anos quarenta, andando pela Europa, onde esteve um Agosto em Lisboa,
Clarice viajou por Itália. A Alemanha rendera-se no dia 8 de Maio de 1945, e os
jornais italianos noticiaram o facto, em paragonas da manhã seguinte. A 9 de
Maio, Clarice posava para Giorgio de Chirico. Lá fora, anunciava-se aos gritos
o final da guerra.
De
Roma, Clarice escreveu, nesse dia, uma carta a Elisa Lispector e Tania
Kaufmann:
«Eu
estava posando para De Chirico quando o jornaleiro gritou: “È finita la guerra!”
Eu também dei um grito, o pintor parou, comentou-se a falta estranha de alegria
da gente e continuou-se.»
… até terminar o retrato de Clarice
Lispector, feito por Giorgio De Chirico, e que acima se mostra, em permanente e pasmada descoberta do mundo.
Gosto de Clarice sem fanatismo e fora de me integrar na seita que a venera. Não gosto muito de "A Paixão segundo G. H.", Porém, "A descoberta do mundo" já recomendei a várias pessoas. Mas a verdade é que as palavras tal como as ordena, é serviço exclusivo.
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