Talvez
um caso patético de exibicionismo mórbido. Ou uma obsessão doentia por aqueles
que vivem à margem de todas as margens. Já se chamou a Miron Zownir o «poeta da
fotografia radical», já se disse que a sua obra começa onde Weegee ou Diane
Arbus terminaram. Não é verdade. Weegee, e sobretudo Arbus, buscaram o estranho
e o bizarro com o mesmo afinco obsessivo de Miron Zownir. A realidade é que,
como o passar dos anos, se foi tornando ainda
mais bizarra e estranha. Muitas das imagens de Zownir não são de agora, aliás.
São de Nova Iorque da década de 1980, o cenário pós-apocalíptico do livro NYC RIP, recentemente publicado. Mas, na
obra de Zownir, alemão radicado nos Estados Unidos, há também Moscovo enlameada, a
Ucrânia contemporânea, e Berlim, claro. Se pensarmos bem, as almas perdidas de
Weegee e Arbus não eram «melhores» do que os fantasmas de Zownir. E talvez não
seja verdadeira a ideia de que a realidade de hoje é mais bizarra do que a de outrora.
Em si mesma, esta constatação não é tranquilizadora nem reconfortante. Só
serve para concluir que o mundo é – e sempre foi – um lugar estranho.
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