terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Miron Zownir.

 
 
 




























Talvez um caso patético de exibicionismo mórbido. Ou uma obsessão doentia por aqueles que vivem à margem de todas as margens. Já se chamou a Miron Zownir o «poeta da fotografia radical», já se disse que a sua obra começa onde Weegee ou Diane Arbus terminaram. Não é verdade. Weegee, e sobretudo Arbus, buscaram o estranho e o bizarro com o mesmo afinco obsessivo de Miron Zownir. A realidade é que, como o passar dos anos, se foi tornando ainda mais bizarra e estranha. Muitas das imagens de Zownir não são de agora, aliás. São de Nova Iorque da década de 1980, o cenário pós-apocalíptico do livro NYC RIP, recentemente publicado. Mas, na obra de Zownir, alemão radicado nos Estados Unidos, há também Moscovo enlameada, a Ucrânia contemporânea, e Berlim, claro. Se pensarmos bem, as almas perdidas de Weegee e Arbus não eram «melhores» do que os fantasmas de Zownir. E talvez não seja verdadeira a ideia de que a realidade de hoje é mais bizarra do que a de outrora. Em si mesma, esta constatação não é tranquilizadora nem reconfortante. Só serve para concluir que o mundo é – e sempre foi – um lugar estranho.
 
 
 
 

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