25.
Em
2013, a empresa Fauchon (https://www.fauchon.com/), especializada em mercearias e artigos alimentares
de luxo, apresentou a sua 6ª colecção de éclairs,
inspirada no Médio Oriente e na Ásia. A Semana do Éclair decorreu entre 2 e 7
de Setembro na loja Fauchon sediada na Place de la Madeleine, em Paris (aqui e, em português, aqui).
Com
o nome «La Vague», um dos éclairs
dessa colecção teve por modelo a xilogravura de Katsushika Hokusai e, na Semana
do Éclair de 2015 (de 11 a 19 de Setembro), o mesmo foi designado «Éclair Hokusai»,
com a seguinte descrição: «crème mousseline à la vanille bourbon et de Madagascar et au beurre
d’Echiré demi-sel, coque en chocolat blanc décorée du motif de la vague
d’Hokusaï » (aqui; ver também a Semana do Éclair de 2014, aqui).
De acordo com Christine M. E. Gutt em Hokusai’s Great Wave. Biography of a Global Icon (Honolulu, University of Hawai‘i Press, 2015, p. 149), não se sabe ao
certo quando foi criado este modelo de éclair.
Ainda assim, a informação disponibilizada na Internt aponta para que o mesmo
foi apresentado pela primeira vez em 2013. Christine Gutt salienta que a sua
criação pode estar relacionada com uma estratégia comercial destindada a
conquistar o mercado japonês, tendo a Fauchon presença naquele país desde a
década de 1970, nomeadamente através da cadeia de lojas Takashimaya, fundada em 1831 (cf. aqui). Gutt salienta, por
outro lado, o facto de, em confronto com outros éclairs da mesma colecção, este apresentar uma cobertura em açúcar
com uma forma que pretende dialogar com o perfil das embarcações da xilogravura
de Hokusai, das quais apenas uma é figurada, em cor de limão. O formato parece ter sido mudado na Semana do Éclair que se realizou de 14 a 23 de Setembro de 2017 (aqui).
Apoiando-se nos estudos de Thorstein Veblen (The Theory of the Leisure Class, 1970) e
de Pierre Bourdieu (La Distinction,
1979), Catherine Gutt considera que este labor de pastelaria dezain (a pronúncia japonesa para
design) sugere uma nota cosmopolita especialmente apelativa para um público
feminino jovem como presente ou oferta.
Na definição da mais recente edição do Le Grand Larousse Gastronomique, «Éclair. Petite pâtisserie allongée, en pâte à choux, fourrée de crème et glacée au fondant. La taille du bâtonnet de pâte poussé à la douille sur la plaque de cuisson varie selon que l'on veut obtenir des petits-fours, des gâteaux individuels ou un éclair géant. Apés cuisson, l'éclair est fendu en longueur et fourré de crème pâtissière, souvent au café ou au chocolat, mais également au rhum ou aux fruits (cassis, framboise). Le dessus est glacé au fondant aromatisé avec le même parfum. Les éclairs peuvent aussi être garnis de chantilly, de purée de marron, d'un salpicon de fruits au sirop, ou de fruits frais.» (cf. Isabelle Jeuge-Maynart (dir.), Le Grand Larousse Gastronomique, Larousse, 2017, p. 327). Entre nós, na obra Fabrico
Próprio. O Design da Pastelaria Semi-Industrial Portuguesa, editada por
Rita João, Pedro Ferreira e Frederico Duarte (2ª ed., 2008, p. 293),
encontra-se o seguinte apontamento : «Éclair : Massa de choux,
recheio de creme pasteleiro, cobertura de fondant
de chocolate, açúcar ou café. Dos exemplares encontrados, verificámos que
passou a prática comum o aroma do recheio coincidir com a cobertura, sendo que
a de açúcar corresponde a um recheio de baunilha. Não descobrimos todavia a
escolha do nome original francês, que significa relâmpago».
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