Exercícios
como este, saído no New York Times, são certamente questionáveis. Ou talvez
não, fica ao pensamento de cada qual. Um filho que acompanhou a lenta
progressão do Alzheimer no espírito e no corpo do seu pai. Desde as primeiras
imagens, de um homem ensimesmado e de rosto fechado, até ao enterro das cinzas num parque natural
dos Estados Unidos. Num livro que dedicou à mulher, a escritora Iris Murdoch, o
marido falou também do avanço da doença, da forma como o mutismo e o silêncio
gélido invadiam tudo. Falou da estranha aparência dos doentes de Alzheimer, com
«rosto de leão», impassíveis e fechados sobre si mesmos. Cheney Orr, o miúdo
que fotografou tudo isto, tinha 21 anos quando soube que o pai, muito novo (62
anos), padecia dessa doença. Vê-se a sua caminhada, lenta mas
inexorável. E a perda cada vez maior de autonomia e de consciência,. Olhem os cuidadores, quase todos negros. E sobretudo a família, os
gestos de amor que não são tão frequentes ou patentes entre nós, povo mais
reservado e pouco dado a expor os sentimentos. David Orr morreu em Brooklyn,
com 69 anos. Para ele, que tinha nascido nos desertos do Arizona, um dos
maiores momentos de felicidade era, paradoxalmente, mergulhar nas ondas, e nadar,
nadar.
Fortíssimo, fiquei de coração apertado!!
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