Na
excelente revista Electra um artigo
de António Baião e António Pedro Marques com o título, misto divertido, misto
provocador: «As Minhas Fotos das Férias com os Pretinhos, ou: O Voluntarismo
como Performance Ética». Começa por falar de Humanitarians of Tinder, uma antologia dos que usam como
instrumento de sedução no Tinder não os seus atributos físicos ou intelectuais
mas a exibição de virtudes éticas. Dá que pensar. Outrora, a «cooperação» com o
então chamado «Terceiro Mundo» era também uma virtude ética tantas vezes
propalada aos quatro ventos. Mas era, de igual modo, uma afirmação política e ideológica, tantas vezes desastrada.
Que agora seja usado como forma de auto-promoção tão descarada é algo que,
repito, dá que pensar. Não devemos, como é óbvio, fazer generalizações e
descartar os extraordinários exemplos de trabalho voluntário em todo o mundo. Mas que isto
também existe, na era do Tinder e das selfies, é tão gritante que não podemos ignorar. O mundo é mesmo um lugar estranho.
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