A
Graça e o Pedro estiveram em Meteora, dizem-me que a conselho meu, o que
duvido, mas aceito com gosto. O gosto que tenho em ser vosso amigo, ó Graça
& Pedro, e receber o encantador livrinho que de lá trouxeram, da cordilheira
dos mosteiros que até já serviu de cenário, pasme-se, a um filme do James Bond.
O
mais conhecido, o maior, o mais famoso e
o mais falado é Varlaam. Mas hoje o que me interessa é o de São Nicolau Anapausas, construído lá no alto desde os alvores do século XIV, ainda que a
primeira alusão ao dito e bonito mosteiro seja de 1529, na Crónica de Meteora.
Foi mais ou menos por essa altura que o mosteiro de São Nicolau Anapausas
sofreu fundas obras de remodelação – e aí entrou Θεοφάνης Στρελίτζας.
Como
todos já perceberam, Θεοφάνης
Στρελίτζας é o nome grego de Teófanes Strelizas, também
conhecido por Θεοφάνης ὁ Κρής
(Teófanes, o Cretense) ou Θεοφάνης
Μπαθᾶς (Teófanes Bathas). Não confundir com Teófanes, o Grego (1340-1410), que foi mestre de Rublev (o do filme de Tarkovsky). Não se sabe ao certo quando
o Cretense nasceu, mas se lhe chamavam «o Cretense» é porque nasceu decerto em Creta. E
que fez ele? Frescos, muitos, e ícones, também muitos. Trabalhou no Monte
Athos, só para homens, e em Meteora. O seu trabalho mais antigo em Meteora data
de 1527 e em 1535 ele e os seus dois filhos tornaram-se monges e,
consequentemente, deram entrada num mosteiro, ao Monte Athos.
Portanto,
os trabalhos de Teófanes em Meteora, mais precisamente no mosteiro de São Nicolau
Anapausas, são de 1527 a 1535, nos máximos. Sou mesmo rapaz capaz de asseverar
que os frescos de São Nicolau Anapausas foram terminados em dia preciso: 12 de
Outubro de 1527. Até há um livro só sobre os frescos de Teófanes em Anapausas
mas não convém sobrecarregar os leitores com tamanho fardo informativo. Só mais
uma nota: apesar de o Hermitage de São Petersburgo ter dois bocados de parede
com frescos de Teófanes, Teófanes nunca saiu da Grécia – voltou à sua Creta
natal em 1559 e aí faleceu.
Um
dos frescos mais belos da sua lavra está em São Nicolau Anapausas e mostra o
Jardim do Éden, com Adão e tudo. E que lá tem? Um elefante, em merecido
destaque. Ora cá está ele (e um camelo!), vejam-no:
Teófanes, o Cretense, fresco no Mosteiro de São Nicolau Anapausas, 1527
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E
como é que um grego que nunca saiu da Grécia soube em 1527 o que era um
elefante? Terá visto imagens dos elefantes que andavam pela vizinha Itália?
Haveria elefantes na Grécia do século XVI? Tudo questões portentosas e momentosas
que certamente irão ser respondidas na Caixa de Comentários infra, obrigado.
Sendo
Meteora uma terra com muita rocha e pedra, um breve tour final por algumas
rochas-elefantes por todo o mundo:
Deserto do Nevada, EUA
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Escócia
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Prince Edward Island
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Islândia
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Nova Zelândia
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Sardenha
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Taipei
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Este não sei onde é
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Islândia
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Al-Ula
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Joshua Tree National Park, Califórnia
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Hestan Island
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Canadá
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Malta
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para a Graça, para o Pedro e para o Lucas, que acabou de nascer
Falta o Elefante da Berlenga...
ResponderEliminarhttps://www.google.com/search?q=elefante+berlenga&newwindow=1&client=firefox-b&tbm=isch&source=iu&ictx=1&fir=yw3UugHZslCtPM%253A%252CucasuTnvrUyA3M%252C_&usg=AI4_-kTqwc5Aw-ZSzULvA1b-ChfoYJo_MQ&sa=X&ved=2ahUKEwjM0vCFz4LgAhU8BWMBHWc3Ch0Q9QEwAHoECAUQBA#imgrc=yw3UugHZslCtPM:
Já coloquei, muito e muito obrigado! Desconhecia em absoluto, sempre a aprender!
EliminarAntónio Araújo
O fresco é muito interessante, mas a 2a foto do elefante na Islândia é surpreendente: parece uma baleia encalhada.
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