quinta-feira, 25 de março de 2021

Uma biblioteca de pedra na estação do metro de Entre Campos.

 


 


A estação Entre Campos abriu ao público em 1959, quando da inauguração da rede, seguiu, em termos arquitetónicos e artísticos, o programa adotado para todas as estações desta primeira fase da sua vida, o projeto arquitetónico foi de Keil do Amaral e o revestimento de azulejos pertenceu a Maria Keil. Esta adotou um padrão que tem como fundo uma harmonia de cores quentes que vão do amarelo ao vermelho, marcados aqui e além por pequenos grupos de azulejos de fundo verde e claro.

 

Em 1993, Entre Campos foi a primeira estação a beneficiar de obras de remodelação, Bartolomeu Cid dos Santos foi o artista convidado para a animação plástica e o escultor José Santa Bárbara para o tratamento da zona de ligação com o interface com a CP.

 

 




 

O interface entre o metro e a CP tem 150 metros de comprimento, o escultor José Santa Bárbara idealizou, em pedra e aço inox, uma espécie de fonte estilizada. O escultor declarou a tal propósito: “Não cedo a tentações de facilidade e rejeito o à vontade de um computador que faz tudo menos conseguir transmitir qualquer tipo de sentimento. O interface tem passadeiras e um corredor por onde se espalham lojas. Ali estive o tempo suficiente para me aperceber que a multidão leva destino, não se debruça sobre a peça estética de Santa Bárbara, há gente a ler nas passadeiras rolantes ou a congeminar a elaboração do jantar, mas há gente que se passeia com propósito de compra ou beber um café ou mordiscar um salgado ou ver as montras com roupa e artigos de papelaria.

 






Enfim, já estamos no átrio Sul, é território de Bartolomeu Cid dos Santos, está aqui a sua decoração mural em pedra gravada, é um painel dedicado a uma biblioteca. Bartolomeu deu a seguinte explicação: “Tentei organizar os livros, não só cronologicamente mas também por associações de autores ou movimento literários”. Para quebrar a monotonia deste trabalho, Bartolomeu repensou as lombadas de modo a assegurar referências gráficas do conteúdo dos livros ou dos seus autores. No centro da composição, um número significativo de escritores autografaram o painel, num grafiti representativo da literatura atual (da época).

 



Frente à biblioteca, mesmo por cima das linhas do metro, está um painel transversal, com 40 metros de comprimento. Bartolomeu deu o seguinte esclarecimento: “Eu e os meus colaboradores decidimos dedicar este espaço ao grande pintor norte-americano Robert Motherwell, admirado por todos nós e que havia falecido recentemente. Criou-se um trabalho discreto, em branco sobre branco, ou seja, em que o branco da pedra polida e não gravada contrasta com a área baça, corroída pelo ácido”. No painel pode ler-se: “Importa saber que não se pode falar numa arte nacional; ser simplesmente um artista americano ou francês não significa coisa nenhuma. Não ser capaz de sair do seu primeiro meio artístico, é meio caminho para nunca atingir o Humano”, Motherwell define assim o conceito de universidade de arte, que Bartolomeu subscreve.



A plataforma poente tem por tema Luís de Camões, é uma sequência de 10 imagens, cada uma referente a um dos Cantos dos Lusíadas, todos interpretados muito livremente.

 


Os painéis que prolongam pelas escadas os outros dois painéis correspondentes aos de Camões e Fernando Pessoa levantaram problemas a Bartolomeu. Ele explicou: “Enquanto os painéis até aqui descritos foram desenhados no verniz e depois gravados, os restantes foram pintados com verniz na horizontal antes de serem tratados com ácido. Quem subir qualquer das escadas encontrará em sequência aos painéis dos poetas duas enormes cabeças de mulher, memórias de pinturas romanas que numa recente visita a Roma havia conhecido. Se assim o desejarmos, poderemos também considerá-las como as musas dos respetivos poetas”. 

 




 

A plataforma nascente é dedicada a Fernando Pessoa, a sua obra foi descoberta por Bartolomeu em 1952. Ele não esconde a admiração por ele: “A obra do heterónimo Álvaro de Campos e especialmente a Ode Marítima, com o seu sentido de espaço, de distância, bem como de nostalgia de terras nunca visitadas, influenciou grande parte do meu trabalho desde então. Nada mais natural que dedicar 30 metros de parede a um dos meus poetas preferidos, usando uma forma de decoração afim do grafiti em que as palavras e as imagens se confundem”. 


Mário Beja Santos 

 





1 comentário:

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