Já
falei algumas vezes de cancro, quase sempre histórias passadas nos Estados
Unidos. Nenhuma me fez tanta confusão como esta que me apareceu aqui, no Naples Daily News. Por um lado há a
bravura da mãe-coragem, que tudo fez pelo filho. E há também o direito de cada um morrer a sua própria morte, como
um dia escreveu Torga. Mas há
igualmente uma exposição excessiva, quase pornográfica, da doença, em cada passo da sua progressão, e há nesta
história muitas coisas bizarras, muitas. Nem sei que mais diga. Quem quiser
lê-la, vai por sua conta. Duvidei até em publicá-la, hesitando sobre se não
estaria a contribuir para a divulgação de algo que, pura e simplesmente, não consigo
compreender – mas sinto que devo respeitar, como devemos respeitar os que agem
por amor em situações-limite. A mãe de Ethan tudo fez por amor, sem dúvida. Mas a vida é lugar estranho.
Vivemos a ilusão de que tudo podemos e não há limites. Cada um quer desfrutar o melhore e o mais possível deste instante que se respira com consciência. Individualmente não valemos nada, mesmo nada e nem tudo é possível. Há limites.
ResponderEliminarA estória também revela hedonismo, mesmo quando a morte está à porta.
Isto não é AMOR, é uma forma de amor, humanamente compreensível.
Um dia todos teremos algo parecido, e aí teremos a nossa via sacra.
Se queremos discutir o sofrimento e a dor, mesmo de uma criança, teremos que entrar noutro plano, sem dúvida mais complexo porque cada um terá as suas convicções. Mas mesmo aqui devíamos olhar um pouco mais para a Natureza, e os seus processos de morte.
Humanamente, irmãos na morte.