O sul-coreano Chae Hee-yang, de 65 anos, reencontra o seu pai,
o norte-coreano Chae Hoon-sik, de 88 anos
Coreia do Norte, 20 de Outubro de 2015
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Graças à Cruz Vermelha, desde há alguns
anos que, de vez em quando, famílias separadas da Coreia podem reunir-se durante um par de horas. Há 65.000 pessoas na Coreia do Sul em lista de espera
para reencontrarem os seus familiares do Norte. São seleccionadas por sorteio. A
semana passada houve mais um reencontro. O primeiro que se realiza em cinco
anos. 398 sul-coreanos, pertencentes a 96 famílias, viajaram até ao Norte. Aí, aguardavam-nos 141 norte-coreanos. Gente que não se falava há 60 anos, ou mais. Chae Hee-yang, de 65 anos, viu pela primeira vez na
vida o seu pai, Chae Hoon-sik, um norte-coreano de 88 anos. Um homem, um ser
humano, com quase 90 anos, conhece um filho que nunca viu – ou, melhor, que só
viu quando era um bebé, criança de meses. Pai e filho sabem que, muito provavelmente, nunca mais
voltarão a encontrar-se. Com quase 90 anos, as hipóteses de um reencontro são ínfimas, inexistentes. Nunca mais voltarão a encontrar-se, um pai e um filho. Verdadeiramente, aquilo que vemos são imagens de uma despedida num leito de morte. Durante 12
horas, em sessões de duas horas, famílias separadas trocam fotografias para recordação, falam do que não
sabemos. Depois, entram num autocarro e vão embora, entre lágrimas e suspiros. Será que tiveram palavras para trocar uns com os outros? É difícil saber. Mas uma coisa é certa:
perante estas imagens, quem fica sem palavras somos nós.
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