domingo, 26 de agosto de 2018

Vidas singulares: Ida Cook (1904-1986).

 
 
 
 
Ida e Louise Cook eram duas jovens inglesas apaixonadas por ópera. Em 1939, o maestro austríaco Clemens Strauss falou-lhes do trágico destino dos judeus sob o jugo nazi. Numa Europa ameaçada guerra, e em articulação com o maestro e sua mulher, as irmãs Cook iam à Alemanha de quinze em quinze dias, a coberto da sua paixão operática. Saíam dos seus empregos à sexta à noite, apanhavam o último avião para Colónia e daí o comboio para Munique e Frankfurt. Entravam com roupas modestas, sem quaisquer atavios. Saíam cobertas de casacos de peles e de jóias. Entravam pela fronteira aérea, saíam de comboio, por terra. Um grupo de judeus dava-lhes os seus bens mais preciosos para que, chegadas a Inglaterra, as manas Cook os pudessem resgatar, mostrando que cumpriam os requisitos de fortuna que as autoridades britânicas impunham para conceder vistos de imigração. Nas fronteiras, os nazis por vezes importunavam-nas, espantados com tanta joalharia. As irmãs Cook, de uma coragem extraordinária, alegavam que eram jóias suas, que não gostavam de separar-se delas, não tinham a quem as confiar. E assim fizeram várias viagens à Alemanha nazi, e assim salvaram 29 vidas. Para camuflar as suas actividades, tinham de se hospedar nos melhores hotéis, hotéis de senhoras com muitas jóias. Gastaram muito nesse seu gesto. Mas, acima de tudo, revelaram ma coragem tremenda, formidável. Ida Cook tornou-se uma autora célebre. Sob o pseudónimo de Mary Burchell, publicou dezenas ou mesmo centenas de novelas românticas. Nenhuma dela tão aventurosa e romântica como a sua vida – dedicada aos outros.
 
 

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