Ida
e Louise Cook eram duas jovens inglesas apaixonadas por ópera. Em 1939, o
maestro austríaco Clemens Strauss falou-lhes do trágico destino dos judeus sob
o jugo nazi. Numa Europa ameaçada guerra, e em articulação com o maestro e sua
mulher, as irmãs Cook iam à Alemanha de quinze em quinze dias, a coberto da sua
paixão operática. Saíam dos seus empregos à sexta à noite, apanhavam o último
avião para Colónia e daí o comboio para Munique e Frankfurt. Entravam com
roupas modestas, sem quaisquer atavios. Saíam cobertas de casacos de peles e de
jóias. Entravam pela fronteira aérea, saíam de comboio, por terra. Um grupo de
judeus dava-lhes os seus bens mais preciosos para que, chegadas a Inglaterra,
as manas Cook os pudessem resgatar, mostrando que cumpriam os requisitos de
fortuna que as autoridades britânicas impunham para conceder vistos de
imigração. Nas fronteiras, os nazis por vezes importunavam-nas, espantados com
tanta joalharia. As irmãs Cook, de uma coragem extraordinária, alegavam que
eram jóias suas, que não gostavam de separar-se delas, não tinham a quem as
confiar. E assim fizeram várias viagens à Alemanha nazi, e assim salvaram 29
vidas. Para camuflar as suas actividades, tinham de se hospedar nos melhores
hotéis, hotéis de senhoras com muitas jóias. Gastaram muito nesse seu gesto.
Mas, acima de tudo, revelaram ma coragem tremenda, formidável. Ida Cook
tornou-se uma autora célebre. Sob o pseudónimo de Mary Burchell, publicou
dezenas ou mesmo centenas de novelas românticas. Nenhuma dela tão aventurosa e
romântica como a sua vida – dedicada aos outros.
O tal maestro não seria Clemens Krauss ?
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