quinta-feira, 30 de junho de 2022

Entre Oriente e Ocidente (1).

 


 

Em Maio de 2022 voltei a integrar um grupo organizado pelo jornal francês Le Monde que regularmente organiza viagens destinadas a conhecer e debater uma parte do Mundo.

O amigo António Araújo acedeu a publicar algumas impressões da viagem deste ano no Malomil.

Já aqui tinha publicado Hotel Rwanda (sobre o Ruanda) e A porta do Oriente (sobre o Líbano)

Desta vez, após o interregno a que a pandemia nos obrigou, o foco incidiu sobre os chamados Balcãs Ocidentais e em concreto na Bósnia-Herzegovina, na Croácia, no Montenegro, na Albânia e na Macedónia do Norte.

A denominação geográfica Balcãs deriva do turco montanha e é, portanto, um produto da presença otomana na Região durante quatro séculos.

Na política internacional, os Balcãs não têm grande nome.

O termo balcanização, tendencialmente pejorativo, surgiu da fragmentação política e étnica que se seguiu à desintegração dos impérios otomano e austro-húngaro na sequência da I Guerra Mundial.

Estabeleceu-se aliás implicitamente um contraste com a evolução da Itália e da Alemanha que, com as suas reunificações, conseguiram realizar um movimento no sentido oposto

Mas o puzzle de pequenos estados, sempre aguerridos e violentos, muito sujeitos a partir do Século XIX às contradições e zonas de influência das grandes potências, levou a que muitos considerassem os Balcãs como o paiol da Europa.

O Chanceler Otto Von Bismarck (1815-1898) disse a propósito que a pacificação dos turbulentos Balcãs não era merecedora dos ossos saudáveis de um único granadeiro da Pomerânia…

Tudo são complexidades nesta região desde as intricadas questões interétnicas às arcaicas reivindicações de fronteiras. Porque muitos dos pequenos estados querem ser grandes: os nacionalistas falam da Grande Sérvia, da Grande Bulgária, da Grande Grécia, da Grande Albânia e da Grande Roménia. Conceitos completamente incompatíveis entre si.

Episódio marcante na história do Século XX é o assassinato em Sarajevo, capital da Bósnia-Herzegovina, junto à Ponte Latina, do Príncipe herdeiro do Império Austro-Húngaro Arquiduque Francisco Fernando (1863-1914) e de sua mulher Sofia, Duquesa de Hohenberg (1862-1914).

O local do atentado, rodeado de aspectos caricatos, onde a falta de segurança avulta, constitui um ponto importante da cidade.

A atitude perante o que aconteceu permanece equívoca. Há quem diga que o móbil do assassinato era apenas a unificação da Jugoslávia fora da alçada do Império Austro-Húngaro. Mas foi um dos factores que desencadeou a I Guerra Mundial. Alguns extremistas chegaram mesmo a chamar Gavrilo Princip à Ponte Latina.

Gavrilo Princip (1894-1918), o assassino, era um bósnio de família sérvia. Foi poupado em julgamento à pena de morte. A tuberculose fez, contudo, a sua justiça e ele morreu em 1918 com 23 anos.



A Ponte Latina



Réplica do automóvel em que seguia o Arquiduque.

 

Fotografias de 12 de Maio de 2022

José Liberato




3 comentários:

  1. O imperio otomano talvez tenha algo a ver com o assunto. Sempre foram 5 ou 6 seculos de colonização

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  2. Será que estamos assim tão longe de outra catástrofe parecida, mas de muito maior dimensão? Espero que não.
    Obrigado por nos lembrar, mas os homens não aprendem!...
    Cumprimentos...

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  3. O mundo vai-se desenvolvendo e certas situações trágicas vão acontecendo mas parece que o ser humano não aprende mesmo como não seguir esse mau caminho.
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    Cumprimentos cordiais
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    Pensamentos e Devaneios Poéticos
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