quinta-feira, 28 de agosto de 2025

Paris, 2025.



                                                                                                             Fotografia de António Araújo

 

Paris, 2025.


                                                                                                            Fotografia de António Araújo

Paris, 2025.

 

                                            Fotografia de António Araújo

Paris, 2025.

 

                                                                                                           Fotografia de António Araújo


Paris, 2025.

 

                                                                                                             Fotografia de António Araújo


Paris, 2025.

 

                                                                                                            Fotografia de António Araújo

Paris, 2025.

 



                                                                     Fotografia de António Araújo





Paris, 2025.

 


                                                                                                            Fotografia de António Araújo

Paris, 2025.

 

                                                                    Fotografia de António Araújo


O aliciante apelo à proatividade para que haja um envelhecimento bem-sucedido.

 





          Em boa hora a Fundação Francisco Manuel dos Santos viabilizou um novo projeto na área da saúde, um conjunto de livros sobre a égide da saúde psicológica e de bem-estar. Talvez pelo facto de eu ser octogenário lancei a mão a um título que imediatamente me convidou à leitura: Felicidade e Flexibilidade no Envelhecimento, por Margarida Gaspar de Matos, um destes livrinhos de preço mais do que abordável, recentemente publicado. Sinto-me enriquecido pela leitura e não posso esconder a admiração pela narrativa de alguém que sabe comunicar com incisão e grande poder divulgativo.

          Vivendo nós numa sociedade mais preocupada em curar do que prevenir, ganha realce um ensaio focado no declínio cognitivo e das abordagens que proporcionem à preparação sénior um apelo mais do que amigável. A autora propõe-se refletir sobre o envelhecimento, as doenças a ele ligadas bem como os planos em relação à reforma. “Quanto mais cedo começarmos a tomar bem conta de nós, da nossa saúde e bem-estar (e uns bons anos através da simpatia e disponibilidade dos nossos primeiros cuidadores), melhores e maiores probabilidades teremos de usufruir de um envelhecimento bem-sucedido, porque o envelhecimento não é doença, doença é outra coisa, embora em geral a probabilidade da sua ocorrência aumente com a idade.”

          É sedutora a viagem que a autora nos propõe: os tempos da nossa vida (o passado, presente e futuro), esse passado acomoda-se na nossa memória, em si não muda, o futuro é imprevisível, há que admitir que é saudável e fecundo falar do passado, como falar do futuro. Mas não podemos passar a nossa vida divididos entre o passado e o futuro, é no aqui e agora, na fruição do nosso presente que devemos ganhar a capacidade de revitalização, para manter a nossa saúde psicológica no processo do envelhecimento.

        Margarida Matos irá dissecar a importância das terapias cognitivo-comportamentais que podem dar uma oportunidade de termos uma vida com mais sentido, em que consigamos ter as nossas prioridades bem identificadas e com flexibilidade psicológica. Destaca um conjunto de processos que ajudam a promover a curiosidade, abertura e flexibilidade psicológica: a identificar o que é importante para cada um de nós, dar pequenos passos em direção ao que é importante, conhecer-se e estar perto de si mesmo, estar atento, aberto e curioso em relação a perceções e sensações externas, amável consigo mesmo, ser capaz de reconhecer pensamentos e emoções como próprios sem se deixar inundar por eles.

          As crises e longos períodos de tensão, por exemplo, podem reduzir a flexibilidade psicológica, para contrariar esse processo há que manter a capacidade de ter uma paleta de respostas e de saber utilizá-las com abertura e adequação. É recorrente, na idade sénior, pender para rotinas inflexíveis, elas e modos inflexíveis de ver são prejudiciais para a nossa saúde psicológica. A autora define a flexibilidade psicológica como a nossa capacidade de manter as escolhas do que é importante, diverso em cada fase da nossa vida. Daí a necessidade de trabalharmos a nossa flexibilidade, abertura e curiosidade. Numa outra dimensão, a flexibilidade psicológica consiste na competência de prestar atenção ao momento presente, para afinarmos essa competência impõem-se estratégias de aceitação, de atenção, de compromisso e mudança de comportamentos. Observa a autora: “A flexibilidade psicológica promove a saúde mental através da diminuição do efeito dos nossos estados mentais internos negativos e promove a saúde psicológica ao permitir alcançar objetivos significativos para cada um de nós”, o mesmo é dizer capacidade de adaptação, aceitação e ação de acordo com o que se valoriza.

          Explorando a dimensão de doença, do declínio cognitivo e físico, a autora faz apelo a práticas inovadoras e inclusivas, recorda-nos o termo serendipidade, a capacidade particular de descobrir coisas valiosas e inesperadas à nossa volta. Por outras palavras, a motivação para a mudança aumenta com a perceção da competência pessoal, é assim que se contraria a inflexibilidade psicológica em que, sobretudo os seniores, não se quer arriscar a quebra da rotina.

          Quase em jeito de roteiro, e numa narrativa proativa é nos proposta uma filosofia de desenvolvimento humano, avultam quatro domínios que promovem a saúde e o bem-estar: físico, intelectual, psicológico e emocional e social; são recursos que ocorrem na interação com o ambiente físico e social. Margarida Matos usa apropriadamente depoimentos que ilustram as complexidades do envelhecimento e do adoecer associado ao envelhecimento. E seguimos a trajetória para um envelhecimento ordenado e guiado pela felicidade, daí a atenção que a autora dá à entrada na reforma, o que está em jogo na transição, como são fulcrais as condições de saúde associadas ao envelhecimento e daí uma palavra sobre os cuidadores informais que também carecem do dispor de flexibilidade psicológica, há que implementar estratégias, os depoimentos que a autora oferece são de um enorme enriquecimento.

          É também importante pôr ênfase na coesão social e suporte social e familiar como um recurso intergeracional, é nos oferecido um conjunto de ideias e chamadas de atenção, para que todos, incluindo seniores e cuidadores se sintam bem. Este roteiro para um envelhecimento bem-sucedido não esquece a importância do autocuidado, do envelhecimento mantendo os pilares da saúde, faz-se a recordatória dos consumos indesejáveis e do significado da literacia em saúde na toma de certos medicamentos, na manutenção de uma alimentação saudável, na prática de exercício físico e desporto, numa boa gestão quanto ao uso de ecrãs e das redes sociais, a higiene do sono, etc. Há também que saber quando procurar ajuda profissional e onde ela se encontra.

          Em jeito de recapitulação, também se aponta o dedo às políticas públicas para o acesso à saúde psicológica, evidenciando que elas “desempenham um papel fundamental na possibilidade de acesso à saúde psicológica. As políticas públicas promovem a saúde mental, a saúde psicológica e o bem-estar ajudam a criar um ambiente que favorece o desenvolvimento da flexibilidade psicológica, essencial para lidar com as mudanças e perdas associadas ao envelhecimento. É necessário garantir que os mais velhos têm acesso a serviços de saúde, programas de atividades físicas e de socialização, além de apoio psicológico e logístico na vida diária. Um aumento da literacia da população sobre os desafios do envelhecimento e sobre a importância da flexibilidade psicológica para a boa concretização desses desafios podem transformar a perceção social acerca do envelhecimento, promovendo uma abordagem mais positiva e inclusiva.”

          Lê-se com imenso prazer este ensaio em que se propõe aos seniores e aos seus cuidadores que respondam às mudanças inevitáveis do envelhecimento com abertura e curiosidade. Digamos que é uma narrativa bem-sucedida para um envelhecimento bem-sucedido. 

 

                                                                                    Mário Beja Santos






São Cristóvão pela Europa (313).

 

 

 

Situada na Região Veneto e na Província de Verona, a cidade italiana de Bussolengo fica junto ao rio Adige, o rio de Verona e o segundo de Itália depois do Pó.

A Associação BAC (Bussolengo Arte Cultura) desenvolve um trabalho notável no estudo, promoção e protecção do património dessa cidade e dos seus arredores.

Orientado pela Associação, a quem muito agradeço o planeamento desta jornada, em especial à Martina, visitei três igrejas: São Roque e São Valentim em Bussolengo e Santa Lúcia numa povoação chamada Santa Lucia, a 5 quilómetros de distância.

A Igreja de são Roque (1295-1327), o santo protector da peste, terá sido construída no Século XV. O seu interior está repleto de frescos. Cada fresco foi encomendado por uma das personagens ilustres da cidade, ao tempo. Curiosamente, alguns dos frescos são repetidos no sentido de representarem os mesmos santos. São Roque é, logicamente, o recordista com oito, mas o nosso São Cristóvão tem três.

O último está datado de 1513. O segundo é apenas um vestígio.

 




A igreja de São Valentim é dedicada ao santo padroeiro da cidade. Remonta ao Século XII. É mencionada num documento em 1339. Nessa altura era uma igreja vetusta ainda sem frescos. Tem um São Cristóvão e uma belíssima série de frescos com a vida de São Valentim. São do Século XV.

 




 Em Santa Lúcia, a igreja do mesmo nome tem um fresco representando o nosso Santo, deteriorado pela construção de uma porta. Segundo Mariuccia Boschetti no seu livro Mille…e no li dimostra, os afogados do rio Adige eram estendidos no chão junto à imagem do Santo na expectativa de Ele promover a sua ida para o Céu.

Ainda segundo aquela autora, que acompanhou a minha visita, os trajes baseiam-se na tradição bizantina. Segundo a sua descrição no mesmo livro, Ele é representado como um gigante empunhado uma vara transformada num ramo de palmeira e sustenta o Menino sentado no seu ombro esquerdo, apoiando-o com a mão livre. O Menino abraça o pescoço do gigante e por cima da sua túnica vermelha usa um manto forrado com arminho que esvoaça para dar o sentido do movimento ou de uma rajada de vento. O forro do manto do Santo e a Sua gola são também em arminho.

E da minha lavra: a decoração do manto do Menino é feita de uma simbologia presente em outras imagens do Santo. Parecem pegadas de pássaro.

A 10 quilómetros de aqui situa-se o campo de batalha de Rivoli, decisiva batalha da campanha de Itália de Napoleão em 1797, evocada na célebre rue de Rivoli em Paris.

 



                                               Fotografias de 7 de Agosto de 2025

                                                                                 José Liberato


domingo, 24 de agosto de 2025

São Cristóvão pela Europa (312).

 

 

 

Já aqui publiquei muito sobre a cidade de Veneza.

Mas há sempre mais um São Cristóvão a descobrir…

A ilha de San Michele na Laguna de Veneza tem uma história muito peculiar.

Napoleão Bonaparte ocupou a cidade em 1797 pondo fim à existência milenar da República de Veneza. Vários atentados patrimoniais foram cometidos como o incêndio da grande galera dos Doges chamada Bucentauro e o roubo dos cavalos de bronze da Basílica de São Marcos.

Mas Napoleão trouxe também a “agenda fracturante” da época. Nela avultava o fim dos enterros nas igrejas e, consequentemente, a construção de um cemitério. Causa próxima em Portugal da revolta chamada da Maria da Fonte.

Não era empreendimento fácil. No núcleo urbano não havia espaço.

Em 1807, encontra-se uma solução. Juntar duas ilhas da laguna numa gigantesca terraplanagem. Une-se assim a ilha de San Cristóforo della Pace à de San Michele e nasce o cemitério da ilha de San Michele.

Aqui estão sepultados, entre outras celebridades, os russos Igor Stravinski (1882-1971), grande compositor e pianista ou Serguei Diaguilev (1872-1929), fundador dos Ballets Russes.

E no meio, um monumento funerário com um belo baixo relevo representando o nosso Santo.

Existe também uma Igreja de São Cristóvão, infelizmente fechada.

 






 

Um dos símbolos de Veneza é o Teatro La Fenice, autêntica catedral da ópera, onde cantou Maria Callas, completamente destruído por um incêndio em 1996 mas novamente reconstruído.

Junto, na Calle de la Fenice, um pequeno oratório, representando São Cristóvão, coberto por uma grade.

 




                                        Fotografias de 9 de Agosto de 2025

                                                                           José Liberato





São Cristóvão pela Europa (311).

 


 

Dediquei a minha peregrinação estival deste ano mais uma vez à Itália e à Áustria, fazendo mesmo uma pequena incursão na Suíça. Nunca perdendo uma oportunidade de documentar imagens do nosso Santo

Comecei pela província de Treviso.

Em Giavera del Montello, a Igreja de São Tiago e São Cristóvão está construída num local onde se ergueram várias gerações de igrejas. Há mesmo um documento do imperador Otão III datado de 994 que menciona uma igreja.

No altar-mor, todo em mármore, de 1745, uma bela estátua de São Cristóvão. Foi esculpida por Giuseppe Bernardi dito Il Torretto ou Torretti (1694-1774) em mármore de Carrara. Foi professor de Canova.

 




Na cidade de Treviso, o facto de ter encontrado a Igreja de Santa Lúcia fechada em contradição com o seu próprio horário de abertura e de isto me acontecer pela terceira vez vai permitir-me uma excepção à minha própria regra de publicar aqui apenas o que vejo pessoalmente.

A Igreja, também chamada de São Vito e Santa Lúcia tem um fresco notável do nosso Santo. Existe outro fresco reproduzindo a história da vida de São Cristóvão que reproduzirei aqui se e quando conseguir visitar a igreja.

 




                                         Fotografias de 31 de Julho de 2025

                                                                             José Liberato




Carta de Bruxelas.

 








Fotografias de João Tiago Proença