segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Epidemias e Sociedade.



 


Em Dezembro de 2013 – há precisamente seis anos, portanto –, uma criança de quatro anos brincava num jardim perto de sua casa, na Guiné. Como é próprio das crianças, foi espreitar o tronco oco de uma árvore que estava por perto, ali à mão, convidativa e apetecível. Em resultado da deflorestação, os morcegos da fruta tinham agora poucas árvores para se agruparem. O menino teve a infelicidade de inalar vírus dos dejectos dos morcegos – morcegos que tiveram de se deslocar devido à escassez de árvores, árvores que agora tinham de abrigar morcegos numa quantidade tal que os seus dejectos passaram a ser perigosos.

É hoje perfeitamente sabido que foi assim, através daquela criança, que o terrível vírus do Ébola se transmitiu aos humanos.

Já em 2008, os investigadores tinham identificado 335 doenças humanas surgidas entre 1960 e 2004, a maioria das quais de origem animal. Mais de 300 doenças surgidas em quatro décadas.

Em 2019, a OMS produziu um relatório a chamar a atenção para os perigos. Chamava-se, expressivamente, Um Mundo em Perigo.

 Ninguém ligou.

Pior ainda, desde há muito que os governantes subestimavam o perigo. Espantoso, terrífico: no próprio dia em que a epidemia de Ébola começou na República Democrática do Congo, o presidente Donald Trump despediu o presidente do Conselho de Segurança da Saúde Nacional e dissolveu a equipa.

Não sei o que dirão disto os apoiantes de Donald Trump, mas factos são factos – e este livro está cheio deles. Esmagador.








domingo, 29 de novembro de 2020

Sapatos de Corda.






Esta carta tem por objectivo explicar todas as dificuldades do meu entendimento com as pessoas, não com uma determinada pessoa, mas o mundo conivente em geral. […]

Sinto-me lentamente apoderada por forças que ultrapassam a minha capacidade de reacção. E tenho a lucidez bastante para compreender que isso prejudica uma normal relação com os outros e os afecta num sentido grave pois lhes destrói a personalidade em favor dum instinto de defesa necessariamente hostil.   

[…]

Eu sempre amei, com paixão que me foi imposta, as coisas inviáveis, como a perfeição, a incorrupção, a fidelidade, a justiça para consigo mesmo. Tudo isto não leva a um processo de decepção, mas sim a uma luta com os direitos da mediocridade, que são incontestáveis. Não me sinto vencida perante eles; dou-lhes o lugar que lhes pertence a bem da saudável organização do mundo. Nem sequer estou cansada ou descontente.

[…]

Não devemos tomar como excepcional o que fazemos e o que somos. Mudar de vida e de costumes, é a maneira de mostrar que a eternidade está disponível a todo o momento e que se pode legar, mas que não pode ser personificada por ninguém.

 

(Agustina Bessa-Luís, carta sem destinatário nem envio)









terça-feira, 24 de novembro de 2020

are you talkin' to me?

 

Ilustração de Vítor Higgs


Are you talkin’ to me? – segunda e última parte de uma longa digressão pelo filme Taxi Driver. Em Péssima Companhia, no Diário de Notícias, aqui

 





segunda-feira, 23 de novembro de 2020

Contado não se acredita: Lisboa, Rua da Prata.





 




O ogre das Ardenas.



 


O château de Sautou, a casa do «ogre das Ardenas». Uma história extraordinária, no Le Monde (e não só), aqui

 






O Oldsmobile do senhor Macedo.







O Sr. Augusto Macedo tinha um Oldsmobile de 1928 que, durante décadas, animou o Rossio e a cidade de Lisboa. Cidade que agora não lhe agradece o gesto nem honra a memória, tal o estado de abandono a que vota o histórico automóvel, doado pela família à Associação de Turismo de Lisboa. A ser assim, que estímulo existe para fazer doações ao Estado, às entidades públicas? Lisboa, cidade sem memória… O alerta foi dado, como sempre, pelo Fórum Cidadania Lx – e o que o Paulo Ferrero tem feito por Lisboa e por nós é algo de extraordinário. Obrigado, Paulo, um grande abraço do

 

António Araújo



 






 

A eestratégia do queijo suíço.


 


Tomas Pueyo tem dito coisas muito inteligentes e certeiras sobre o coronavírus. 

Vale a pena ler isto 

(e obrigado, Quimpê, pelo envio do link)




 

 

  




Lisboa, 14 de Novembro.



O Miguel Valle de Figueiredo é um grande enorme fotógrafo e um grande e enorme repórter, como se vê pelas fotografias que tirou na manifestação de 14 de Novembro, em Lisboa (as quais, evidentemente, não exprimem uma adesão, dele ou minha, ao sentido dessa manifestação).

 

Um grande abraço, Miguel, do António (e obrigado pela tua generosidade de sempre)



















 






domingo, 22 de novembro de 2020

Lisboa confinada.



Praça de Espanha, dia 19 de Novembro de 2020, 18h

 
                                                         Praça de Espanha, dia 22 de Novembro de 2020, 17h




Fotografias de Miguel Valle de Figueiredo












Sugestões de Natal.