terça-feira, 31 de março de 2020

Caminhada ao sol.




Caminhada ao sol.

Pequena balada ou pequeno passeio. Soa igual em francês: petite ballade, petite balade. Pequena balda é que já é abusar das letras.

A balada está garantida por enquanto. O passeio, é aproveitar enquanto puder. A caminhada pode até ser ao sol, se curta. Sofremos, sofreremos, mas não andamos aqui só-só para sofrer. Não é preciso meter-se à chuva se não tiver de ser. Pode mesmo levar um bocadinho mais de tempo que os 3 minutos da balada, e somar-lhe mais 3 de uma outra mais enérgica e energizante, especialmente pensada para se fazer à estrada.

O que se dispensa é a balda. Para não penarmos todos debalde.

Petite Ballade para violoncelo e piano, de Anton Arenski (2 pièces op 12 : 1). Aqui com N. Savinova e V. Yampolsky.



Melody Road, de Joe Hisaishi. Pelo quarteto de cordas OST.



Manuela Ivone Cunha







A porta do Oriente (35)





Uma conferência económica reunida em Paris  prometeu em 2018, 10 mil milhões de dólares ao Líbano. Mas exigiu reformas. Existe uma ampla compreensão internacional pelas dificuldades do país, tendo em conta que recebeu cerca de um milhão e meio de refugiados. Mas o Líbano tem de lutar contra a corrupção e combater a evasão fiscal.
Com efeito, a situação económica é muito preocupante. O desemprego atinge os 20%, 37% no que se refere aos jovens. A taxa de crescimento foi de apenas 0,2% em 2018 e vai agravar-se certamente. A dívida pública atinge 150% do PIB  e o défice das contas públicas é de 11,5% do PIB.
O Líbano precisa de uma reforma da justiça, uma reestruturação radical do sistema fiscal que hoje se caracteriza por ser regressivo.
Precisa também de uma profunda renovação das infra-estruturas. Em especial a electricidade. O comum libanês paga duas contas de electricidade. A da companhia de electricidade e a do aluguer do gerador. A máfia dos geradores é continuamente referida nas conversas.
A necessidade do fortalecimento da economia produtiva é bem demonstrada pelo facto de as importações libanesas serem de 20 mil Milhões de dólares, enquanto as exportações são de apenas 3.
A economia vive das transferências da comunidade libanesa dispersa pelo Mundo. Essas transferências atingem 1500 dólares per capita.
Tudo isto não deixa de criar um problema político muito difícil: as primeiras medidas a ser tomadas por um governo revolucionário serão provavelmente medidas de sacrifício.









Fotografias de Beirute de 13 de Novembro de 2019

José Liberato






Um pouco de História.

















segunda-feira, 30 de março de 2020

Mau gosto.





Uma agência de publicidade chamada Studio Nuts tem publicado nos nossos jornais versões portuguesas deste anúncio que é, convenhamos, bastante silly e de um péssimo gosto. Para captar a atenção do cidadão, proclamam que os funcionários da empresa ficaram todos contaminados, como se tivesse graça – e não provocasse vítimas, vítimas mortais. Depois, no corpo do texto, tranquiliza-se o leitor pasmado, sossegando-o com os dizeres «calma, na verdade nenhum dos nossos colaboradores contraiu literalmente o vírus». Que gracinha… deviam dizer: calma, na verdade nenhum dos nossos colaboradores contraiu ainda o vírus. É que um, dois, vários ou todos os palermas Studio Nuts podem muito contrair o vírus e, sei lá, morrer sozinhos, ligados a um ventilador, se o houver, na completa solidão, mesmo no momento do funeral. Se os palermas Studio Nuts acham que se pode brincar e fazer teasers com uma coisa destas, os jornais que os publicam deviam limpar as mãos à parede (mas com luvas, faz favor).








Um vírus nunca vem só.




A Pobreza.




Ilustração de João Abel Manta. 





A POBREZA
(Hino Racional)


Heróis domar, podre polvo,
Ração ausente, é imoral,
Jejuai hoje de novo
Pelo penhor da Petrogal!
Entre as bufas da escória,
Ó Pária, sente-se a voz
Do teu eleito atroz,
Que há-de guiar-te à penúria!

Às algas, às algas!
Sabe a terra, sabe a mar,
Às algas, às algas!
Pela Pátria enlutar
Contar tostões, e mendigar!


Letra: Antino Bolina (Portugal, MMXII)









Entregar-se à bicharada.






Por um minuto (é um minuto), e juntar-se a estes bravos e bravas no mais animado e animador cântico de valentia:

Norma! Che fu?
Percosso  lo scudo d’Irminsul,
Qualli alla terra decreti intima?

Guerra, strage, sterminio.
A noi pur dianzi pace
S’imponea pel tuo labbro!

Ed ira adesso,
Stragi, furore e morti.
Il cantico di guerra alzate, o forti.


“Squilla Il Bronzo Del Dio!” (da ópera Norma), de Vincenzo Bellini. Aqui pela Orchestra de bichos da Ópera Nacional Galesa, sob a batuta do esquilo Richard Bonyngue e com a Dame-rouxinol Joan Sutherland.




Manuela Ivone Cunha





A porta do Oriente (34),






O vale sagrado de Kozhaya, que significa tesouro vivo, onde viveram muitos ermitas e se escondiam quando era necessário as populações cristãs durante a ocupação otomana, caracteriza-se por profundos abismos e gargantas.

No final da estrada o Convento de Santo Antão de Kozhaya.

Segundo a tradição Santo Antão, o mais conhecido eremita, teria estado durante a sua visita à Terra Santa, na gruta transformada em igreja no Século IV.

Aqui funcionou a primeira tipografia nesta parte do Mundo no Século XVI.

Há muitas imagens de São Maron, o monge do Século V que dá o seu nome ao movimento cristão maronita.












Fotografias de 12 de Novembro de 2019


José Liberato






A Star is Born.







Esta foi a história covid que até agora mais me comoveu. Em Vigo há um casal. Em Vigo, ou seja portanto não muito longe da fronteira portuguesa. Ela enviuvou há anos, conheceu um alemão. Numa fábrica, que é onde os alemães gostam de passar os dias de trabalho. Casaram, ficaram juntos. Depois veio o Alzheimer. Ela desaprendeu a língua alemã e ele, o alemão, desaprendeu a língua castelhana, de modos que ficaram sem comunicar. Ele ficou confinado, como todos nós, e aprecia tocar a sua harmónica aos finais da tarde. Muito bem, ora pois bem: a auxiliar que cuida dele convenceu-o que os aplausos que se ouviam nas varandas, nas janelas, eram para ele, o mestre harmónico. O senhor alemão ficou todo pimpão. Os aplausos eram aquelas coisas colectivas que se fazem muito agora de homenagem aos profissionais de sanidade, que o merecem e muito que merecem. A coisa ficou assim, pelo colectivo, mas regressou rapidamente ao individual, pois os senhores aplaudidores de varandas souberam da história do alemão e passaram a aplaudi-lo a ele, de modos que isto é uma mentira tornada verdade ou um filme Frank Capra fora da tela. Quanto ao mais, continuamos. Palmas para nós todos.















Memória da melancolia.



Ei-la, é esta menina. 





          A M. ficou com uma pedra na alma com uma notícia funesta que veio das Espanhas além. De lá trago uma nova, boa, bueníssima: Samuel Diz gravou um disco com a guitarra original de Llorca, o poeta. M., não consegui descobrir no YouTubo um som que seja de tal disco, mas fica a notícia do El País, onde tem um trechozinho pequeno, mas elucidativo. Ah, já esquecia: o disco do Samuel chama-se Memória da Melancolia, que é como decerto te estás a sentir agora. Vá, ala arriba. 




















domingo, 29 de março de 2020

Novas do Paleolítico.






          Na última edição do Sol, José António Saraiva alcançou o prodigioso cume de, no caderno principal, desvalorizar a Covid-19 («tenhamos calma. Aqueles que compararam o covid-19 a “uma simples gripe” não eram assim tão parvos como parece»), e, na revista, interrogar-se sobre se a Covid-19 representará: «O fim de uma civilização?». Responde o Arquitecto-Apocalíptico: «Não sou dado a acreditar em castigos divinos, mas há muito que se percebia que a nossa civilização caminhava contra uma parede».

          Tudo isto se processa, atentai, na mesma edição do mesmo jornal. Numa página, pouco mais do que uma gripe. Noutra página, o fim da civilização. No meio, um idiota.






















Mãe Coragem.































Por favor, VEJA ESTE VÍDEO.






Se fizermos 20% do que aqui se diz (sobretudo, livrar-se de embalagens desnecessárias e lavar a fruta com água e sabão), o risco diminuirá Consideravelmente.
























Domingo ao sol.




Domingo em casa

Música no deserto. No caso, um banjo. Dançar, comer, beber.

De Jasper de Beer, pela Amsterdam Klezmer Band.




Manuela Ivone Cunha






plamor de Deus :(












To good to be true :)





http://eveningharold.com/2020/03/06/anti-vaxxers-devastated-there-is-no-coronavirus-vaccine-they-can-refuse-to-take/






Muito útil.







https://evm.min-saude.pt/






Didier Raoult e a Covid-19: une histoire française.



















Uma grande ideia.






Uma grande ideia. Uma viagem visual, mas também sonora (é esta a trouvaille!), pelos bosques de Espanha. Para Portugal, quando? À atenção dos senhores editores nacionais, acompanhado da exortação de João Paulo II: Não Tenhais Medo.