domingo, 24 de outubro de 2021

MI, Missão Impossível.

 


Disse quem compôs o tema “tum, tum, ta, ta tum-tum”, em cima das iniciais “MI” batidas em código Morse, que era música para pessoas com 5 pernas. Coisa impossível, parece, mas a que não falta ação e ainda mais resolução. Não admira que haja um sem fim de versões para despertador, com contagem decrescente de amplitude variável consoante a envergadura e dificuldade da missão, e versões épicas para missões que pedem mais fôlego e alguma pompa.  E o impossível acontece.

Não é só nos filmes, note-se. O amigo violinista para quem J. Brahms compôs este concerto para violino decretou, sem apelo nem agravo, que a partitura era intocável, inexequível, missão propriamente impossível. 

Ora. Desde então houve um ror de gente a tocá-la, inclusive o próprio dedicatário. Mas lá que é difícil… Ai. Ui. A ponto de se dizer que não é um concerto para violino, antes contra o dito. Contra o violino, contra a orquestra, contra o maestro ou maestra ou maestrina.

Só que toda a arte deste concerto quase sem conserto, entre a ameaça e a deflagração, é o arco físico, metafísico, patafísico que dá coerência à batalha que é para tirar o coelho daquela cartola. É ver aqui ao vivo, a partir do minuto 35, uma demonstração por A+B do músculo Allegro giocoso, ma non troppo vivace com que se casam aquelas três partes, para se perceber perfeitamente do que estou a falar.


Manuela Ivone Cunha.

 





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