Para
assinalar um ano e dois meses passados sobre o dia 7 de Outubro de 2023
Agora que as Nações Unidas se unem contra o mal absoluto,
que vêem em Israel, a ponto de esgotarem as palavras – depois de genocídio,
limpeza étnica, holocausto, apocalipse, o que sobra? Agora que todas as inversões morais se
tornaram possíveis, acusando-se Israel de destruir escolas e hospitais; agora
que as imagens da destruição de Gaza passam ininterruptamente em tantos ecrãs,
a título ilustrativo do conflito; agora que a compaixão é insidiosamente
elevada a princípio único humano; agora que a condenação do Estado dos judeus
se tornou sinónima da execração do gozo no sofrimento dos outros, a
perversidade diabólica inerente ao sionismo, talvez não seja inútil lembrar
palavras, a que, noutras circunstâncias, o pudor imporia o recato das horas
solitárias, as palavras ditas em 1927 por Edmond Fleg – Je suis juif, parce qu’en tous lieux où
pleure une souffrance, le Juif pleure.
João Tiago Proença
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