sábado, 7 de dezembro de 2024

Carta de Bruxelas.

 



             Para assinalar um ano e dois meses passados sobre o dia 7 de Outubro de 2023

 

Agora que as Nações Unidas se unem contra o mal absoluto, que vêem em Israel, a ponto de esgotarem as palavras – depois de genocídio, limpeza étnica, holocausto, apocalipse, o que sobra?  Agora que todas as inversões morais se tornaram possíveis, acusando-se Israel de destruir escolas e hospitais; agora que as imagens da destruição de Gaza passam ininterruptamente em tantos ecrãs, a título ilustrativo do conflito; agora que a compaixão é insidiosamente elevada a princípio único humano; agora que a condenação do Estado dos judeus se tornou sinónima da execração do gozo no sofrimento dos outros, a perversidade diabólica inerente ao sionismo, talvez não seja inútil lembrar palavras, a que, noutras circunstâncias, o pudor imporia o recato das horas solitárias, as palavras ditas em 1927 por Edmond Fleg –  Je suis juif, parce qu’en tous lieux où pleure une souffrance, le Juif pleure.

 

                                                                João Tiago Proença




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