segunda-feira, 8 de julho de 2013

A última palavra.

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Como noticiava esta semana o El País, o Estado do Texas, além da barbárie da pena de morte, adopta uma prática curiosa: publica oficialmente as últimas palavras de cada condenado. Não vou publicar nenhuma, é forte demais. Não quero, de modo algum, parecer que me associo à exploração de um voyeurismo macabro. É impressionante, muito. Comovente e revoltante. Aqui.
 
António Araújo
 
 
 

10 comentários:

  1. Li os quatro primeiros. Nenhum deles mostra nenhum arrependimento nem pede nenhuma desculpa à família daquele ou daqueles que matou.
    Já agora uma esmagadora maioria dos portugueses que escrevem on-line nos comentários nos jornais quando há um crime, são a favor da pena de morte.
    Incrível como os intelectuais nãoo conhecem o povo português.

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  2. F.A. então o certo seria a pena de morte, e serem obrigados a mostrar arrependimento.
    Como deve perceber, há leis que têm por base valores "universais", e que nao se restringem ao que os comentaristas acham (que segundo o seu comentário são todos não-intelectuais, logo são o verdadeiro "povo português"). Valores como a vida ou a escravatura não se podem referendar (pelo menos em Protugal, e muito bem). Pensar que uma pessoa com um curso superior (um juiz, por exemplo) pode decidir sobre a vida de alguem baseado em factos muitas vezes subjectivos parece-lhe certo?

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  3. Obrigado.
    Fui ler mais alguns, e desde já agradeço ao autor do post ter colocado uma manancial incrível de informação sobre este assunto.
    É incrível a transparência com que(quase)tudo é feito e escrutinado nos States.
    Fui ler mais alguns e tirei (propositadamente) este:

    Yes. I would like to thank all my friends and supporters, Anne West, who I love and respect... I love my children. I love my family. That's it.

    Provavelmente a quem ele tirou a vida também pensaria assim, agora já nenhum pensa nada.
    Tanto quanto sei não é 1 juíz que decide sobre assunto tão malindroso.
    Deve envolver uma boa centena de pessoas com recursos e mais recursos que aliás são obrigatórios.
    E sim parece-me certo, como deve parecer aos familiares daqueles que foram assassinados.

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  4. A mim comove-me pouco. Estas pessoas cometeram os crimes mais abomináveis pelos motivos mais mesquinhos e no final aquilo que deixam para além de um rasto de morte é um discurso cheio de bons sentimentos e fórmulas fáceis. Também é possível que não haja muito mais a dizer.

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  5. Como o autor do post bem escreve, o sentido único da publicação de tais discursos é apenas um voyeurismo macabro. Além disso de que estão à espera que digam, sabendo que vão morrer em poucas horas? Acho que qualquer pessoa que saiba que tem os "dias contados" (quer por pena de morte ou doenças terminais) não vai falar concerteza do calor que faz esta semana.
    Nota:. F.A. sou o anonimo anterior e nao sou o autor deste post. Como deve ter visto na lista, há muitos condenados na casa dos 30 anos, por isso não espere que os recursos no Texas sejam comparaveis aos Portugueses. Alem disso volto a perguntar-lhe, acha que uma pessoa de 30 (ou 27) anos merece morrer, mesmo tendo cometido um crime, sem lhe ser dada uma oportunidade. É que fazendo isso estamos ao nivel do que ele fez.
    Abraço

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  6. Muito obrigado.
    Para terminar porque não quero abusar da paciência do dono do blog.
    Fui buscar três casos totalmente ao calhas
    100 Crime 20/11/1982 Execucação 4/10/1995
    222 Crime ?/5/1981 Executado 22/6/2000
    367 Crime 20/11/1982 Executado 4/10/1995

    Como vê os recursos são bem demorados e exaustivos de acordo com a Lei Americana.
    Claro que se tivessem uma justiça como a nossa o assassino do Lincoln ainda não teria sido julgado.
    Permito-me recomendar-lhe a leitura do texto seguinte

    While on death row, Chessman wrote four books: Cell 2455, Death Row' (1954), Trial by Ordeal (1955), The Face of Justice (1957) and The Kid Was A Killer (1960). He sold the rights to his autobiography, Cell 2455, Death Row to Columbia Pictures, which was made into a film of the same name, directed by Fred F. Sears in 1955, with William Campbell as Chessman. Chessman's middle name, Whittier, was used as the surname of his alter ego protagonist in the film.

    The manuscript of Chessman's novel The Kid Was a Killer was seized by San Quentin warden Harley O. Teets in 1954 on the grounds that it was “prison labor”. It was eventually returned to Chessman in late 1957 and published in 1960.[7]

    Permito-me ainda sugerir um filme "Dead Man Walking".
    Muita coisa está explicada nestas duas obras.

    Melhores cumprimentos.

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  7. Tema delicadíssimo e polêmico esse da pena de morte. A tendência é aboli-la no mundo todo. Mas creio que, se o assunto fosse submetido a plebiscito, a ela seria novamente adotada em muitos países que hoje não a têm. Tirar a vida de alguém, em qualquer circunstância e por quem quer que seja, é sempre um ato terrível.Concordo com quem disse que fazendo isso estamos ao nível do que esses assassinos fizeram. Mas a impunidade parece ainda mais desmoralizante para a sociedade. Por outro lado, a ideia de que esses criminosos possam ser ressocializados como pretendem muitos criminalistas actuais parece-me totalmente ilusória. Vocês dariam emprego a um facínora destes na sua empresa ou na sua residência? Acredita no seu arrependimento e em tantas invocações a Deus, a Jesus Cristo ou ao amor? Mas, como disse um anônimo precedente, qualquer pessoa que saiba que tem os "dias contados" não vai falar com certeza do calor que faz esta semana. E como disse a Catarina, "é possível que não haja muito mais a dizer", senão essas baboseiras piegas.

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  8. ao calhas:

    «Yes I do. I know ya'lls pain, believe me I shed plenty of tears behind Carlos. Carlos was my friend. I didn't murder him. This what is happening right now is an injustice. This doesn't solve anything. This will not bring back Carlos. Ya'll fought real hard here to prove my innocence. This is only the beginning. I love each and everyone dearly. Dre My queen. I love you. Yaws, Junie I love yall. Stay strong, continue to fight. They are fixing to pump my veins with a lethal drug the American Veterinary Association won't even allow to be used on dogs. I say I am worse off than a dog. They want to kill me for this; I am not the man that did this. Fight on. I will see ya'll again. That's all I can say.»
    (http://www.tdcj.state.tx.us/death_row/dr_info/blantonreginaldlast.html)


    aos que não se mostram tocados: que palavras de arrependimento esperam de uma pessoa que se diz inocente?

    mesmo para os que se questionam e tendem a aceitar, para mim (sou intrinsecamente contra a pena de morte, contra um ser humano matar outro), é aqui que deveria residir a certeza de que a pena de morte não deveria existir:
    - se mencionam o facto de não haver recuperação da pessoa assassinada para justificar a pena, como justificam penas de morte cumpridas que mais tarde se provam ter sido erradas?

    não vejo onde está a dúvida: não podemos fazer justiça com sentenças que não possam ser de alguma forma revertidas pois incorremos em ser também assassinos

    outro assunto (sobre o mesmo assunto) sobre o site e os americanos (e todos os que aceitam este facto sem indignação):
    fico possuída quando leio em documentos oficiais "raça" para distinguir seres humanos (da mesma raça, portanto) entre si
    e este não é um assunto menor, não é um preciosismo, é um assunto maior e que faz muita diferença, não compreendo, não me cabe na cabeça que as pessoas não se indignem e que aceitem esta designação

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  9. Gostei imenso da classificaçao Race: White, Black e Hispanic.

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    1. Penso que Hispanic inclui todos os ibero-americanos.

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