quinta-feira, 3 de julho de 2014

A ilusão das aparências.

 
 
 
 

 
    Há muitos, muitos anos, Joseph Goebbels escolheu uma criança. Melhor dizendo, a fotografia de uma criança, entre centenas que lhe deram a ver. Escolheu esta, mais nenhuma, sem dúvidas nem hesitações. A  imagem destinava-se a figurar na revista nazi Sonne ins Haus («O Sol em Casa») e ser apresentada como a encarnação perfeita do ideal ariano. A criança, o símbolo máximo da pureza de sangue, era, afinal, judia. O Bild conta a história.
         Hessy Taft tinha seis meses quando os pais a levaram a um fotógrafo. Berlim, 1935. Meses depois, a sua fotografias estava em todos os quiosques da Alemanha, servia um propósito político – um propósito sinistro. A mãe, em pânico, no pavor de que a identidade da criança-modelo fosse descoberta, interpelou o fotógrafo, um dos mais famosos da capital do Reich. Este admitiu que os nazis lhe tinham pedido algumas imagens de bebés arianos. O fotógrafo cedeu dez imagens, entre as quais a de Hessy. «Não resisti a pregar-lhes uma partida», confessou à mãe apavorada. Hessy Taft sobreviveu ao Holocausto, reside hoje nos Estados Unidos, e é a prova provada de que as aparências iludem, sobretudo os estúpidos que acreditam que existem «modelos» ou «ideais» de raça.

 
 

 
 
 
 

4 comentários:

  1. Hessy tinha seis meses, e não seis anos...

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    1. Já está corrigido, muito obrigado!
      Um abraço,
      António Araújo

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  2. Esta história lembra um pouco as pungentes e contraditórias situações vividas por Iohan Moritz no romance "A 25ª Hora" de C. Virgil Gheorghiu.

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  3. Aqui fica outro exemplo de aparências no terceiro reich http://www.etudogentemorta.com/2010/10/infamia2/

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