quarta-feira, 9 de abril de 2014

Um manuscrito sefardita iluminado (1299-1300).

 
 
 


 
 
Quarta-feira, 12 Março, às 18h00, a Biblioteca Nacional assistiu ao décimo primeiro encontro do ciclo de seminários Um mês, um códice iluminado, uma iniciativa do Instituto de Estudos Medievais (IEM) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH-UNL) e da Biblioteca Nacional, com o objectivo de divulgar publicamente investigações académicas recentes sobre obras manuscritas pertencentes ao património da BNP.
A apresentação da Bíblia hebraica da BNP, conhecida como Bíblia de Cervera (Il. 72), esteve a cargo de José Augusto Ramos, Luís Urbano Afonso e Tiago Moita (FL-UL). Conhecida pela riqueza iconográfica e pela qualidade excepcional da sua iluminura, a Bíblia de Cervera é um dos mais belos manuscritos sefarditas medievais e é um dos raros códices hebraicos de que se conhece o nome de todos os seus protagonistas. Do copista (Samuel ben Abraham ibn Nathan), ao iluminador (Joseph ha-Sarfati), passando pelo escriba responsável pela decoração massorética (Josué ben Abraham ibn Gaon).
 
 

 
 
 
A Bíblia de Cervera é um exemplo da tradição manuscrita e artística entre os judeus peninsulares, observável na importante escola de iluminura hebraica de Lisboa, no final do século XV, e uma das mais antigas e notáveis bíblias que sobreviveram à destruição das comunidades judaicas de Castela e Aragão, a partir de 1391, e da expulsão dos judeus de Espanha, em 1492, e de Portugal, em 1498.
A Bíblia de Cervera influenciou outros manuscritos hebraicos, como a Bíblia Kennicott I (Oxford, Bodleian Library), de 1476, copiada em La Coruña para o judeu português Dom Salomão de Braga.
Raramente exposta ao público desde que foi adquirida em Haia, em 1804, a Bíblia de Cervera foi a peça central em exposição na Galeria da Europa Medieval do Metropolitan Museum of Art (Nova Iorque, 22 de Novembro de 2011 a 16 de Janeiro de 2012), e constitui agora uma das estrelas da exposição Judaica nas Colecções da Biblioteca Nacional de Portugal – séculos XIII a XVIII, coordenada por Lúcia Liba Mucznik (autora do catálogo comentado da mostra) e patente até 28 de Junho no Campo Grande.
 
António J. Ramalho

 
 


 

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