terça-feira, 20 de março de 2018

Notas sobre A Grande Onda - 30

 


 

         30.
 
Como se referiu (cf. Notas sobre A Grande Onda – 28), Edmond de Goncourt não concedeu especial destaque à opus magnum de Hokusai na extensa monografia que em 1896 dedicou ao mestre japonês.
Sobre A Grande Onda, limitou-se a escrever: «Planche qui devrait s'appeler la Vague et qui en est comme le dessin un peu divinisé par un peintre sous la terreur religieuse de la mer redoutable entourant de toute part sa patrie: dessin qui vous donne le coléreux de sa montée dans le ciel, l'azur profond de l’intérieur transparent de la courbe, le déchirement de sa crête qui s’éparpille en une pluie de gouttelettes ayant la forme de griffes d'animaux.»
          Um ponto que não tem sido especialmente salientado nas diversas análises de A Grande Onda prende-se com o facto de o desenho da espuma da onda situada à direita constituir como que um reflexo das garras tentaculares da imensa vaga que se avoluma a partir do lado esquerdo.
      A forma como a espuma é desenhada na onda da direita (a vermelho) cria a sensação que também ela se precipita e cai sobre o mar, com as neves do Monte Fuji a aumentarem este efeito visual.  





      No extremo-esquerdo, uma nesga de mar alto (a amarelo) ilustra ao dimensão da vaga prestes a precipitar-se sobre os marinheiros que navegam na baía de Tanagawa.
      O ponto de vista do observador é colocado ao nível das águas, aqui residindo um dos mais poderosos efeitos visuais de A Grande Vaga, como se os que olham a onda gigante também estivessem quase a ser devorados por ela.
          






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