1
– Este blogue chama-se Malomil porque, há alguns anos, eu e o João Pedro George
(JPG) assim o baptizámos. Passávamos os dois, já noite alta, pela Mouraria, Rua
do Benformoso, quando ali tropeçámos no reclame luminoso de um distinto
estabelecimento de quinquilharias, propriedade do não menos distinto e
porventura já saudoso Manuel Alonso Misa. Assim ficou este nome Malomil:
copiado, apropriado, descaradamente plagiado – e ainda hoje são muitos os que
me enviam fotos da montra do Malomil, Lda., julgando tratar-se de feliz e
fortuita coincidência…
2
– No tempo áureo dos blogues, mais sadio e interessante do que este agora do
“Face” e das redes, o Malomil era um projecto pensado e criado a dois, ou mesmo
três, já que o Diogo Ramada Curto também tencionava juntar-se ao grupo, na
veste ou traveste de Padre Lagosta, seu herói da pluma. Como em várias outras
ocasiões (por ex., na escrita do livro Da Direita à Esquerda, em que a
ele competia ter feito um Da Esquerda à Direita), JPG deixou-me na mão e
sozinho, mas não menos seu amigo, que o sou deveras e muito – e há muitos e
muitos anos. Daí o título deste escrito, que plagiei de Montaigne, sem citar edição
e página.
3
– Está feita a declaração de amizade, que não de interesses, porque o JPG não os tem, sendo essa, aliás, uma das suas
principais qualidades: em tudo quanto opina e escreve, jamais o vi movido por
intenções escondidas ou propósitos obscuros de servir a Abel ou Bento, de
maldizer Sicrano em benefício de Beltrano. Quem age como ele, no métier
e no estilo, na implacável ética dos que aspiram a malditos, não faz
“amizades” nem “pontes”, dessas que dão lugares e empregos, cátedras na
academia, presença assídua nos media, almocinhos e jantares. E isto tem
de ser dito, precisa mesmo de ser dito: em JPG, tudo leva e come em igual
medida, num salutar exercício de cacetada ecuménica, lapidarmente democrática,
que nem os amigos poupa. Há nisso muita coragem, talvez loucura, mas há nisso também,
goste-se ou não, uma independência de carácter e uma transparência de intenções
que não são raras – são únicas, absolutamente únicas, num meio paroquial feito
de cunhas, vaidades, invejas e muitas capelas. E não deixa de ser curioso,
caricato até, observar os que ontem se compraziam com as suas impetuosas críticas,
louvando-lhe o génio e o arrojo, calarem-se quando lhes toca e magoa (e em
surdina almejarem-lhe a desgraça e queda). Quer dizer, sejamos honestos,
sobretudo com nós próprios: quem flagele JPG, no modo como ele se posiciona e opina,
não pode depois dizer que a sua voz, mesmo que excessiva e por vezes abusiva, é
“necessária” e “saudável”, “imprescindível”, a bem do asseio do nosso meio
cultural e literário.
4
– Acumulada durante anos de raiva e ranger de dentes, a vingança contra JPG serviu-se
agora, mais morna do que fria, sob a forma de um
artigo no Expresso a propósito da sua biografia de Pessoa, O
Super-Camões.
Sobre esse inacreditável e miserável texto, assinado pela jornalista Luciana Leiderfarb, há que dizer sem rodeios que:
a)
– é mentiroso, descaradamente
falso e inverídico, pois afirma, e cito, que, na obra de JPG, “a biografia de Zenith apenas consta, genericamente, da bibliografia
listada no fim do livro, e só na versão portuguesa” (sic). Ora, logo na página
20 do livro de JPG a bio de Zenith é citada, como, de resto, também nas páginas
406 ou 880. Aliás, os trabalhos de Richard Zenith são citados mais de 30 vezes
– 30 vezes! – na biografia de João Pedro George. A par disso, Luciana
Leiderfarb trunca e deturpa as respostas que JPG lhe enviou: este considerou
“ridícula” uma afirmação de Cavalcanti, baseada em Botto (ver
aqui); Luciana corta e amputa, para fazer parecer que JPG considera
“ridícula” a discussão sobre a sexualidade de Pessoa e todos os seus
protagonistas, o que é falso e abusivo, eticamente abjecto;
b) – é
canalha, pois que a sua autora (e autora
de uma reportagem há pouco alvejada por JPG, mandando a ética
que os leitores o saibam), pretende figurar como uma neutra e imparcial
“comparação” entre dois livros aquilo que é, do princípio ao fim, uma mal
disfarçada tentativa de assassinato de carácter, sabendo-se de antemão que lamas
como esta são indeléveis e irreversíveis, colando-se aos visados como uma
segunda pele ou como o fumus da eterna dúvida, que de futuro será
recorrentemente lembrada.
Diz
Luciana que “o Expresso falou com ambos”, mas um deles, Richard Zenith, é
apresentado como “especialista na obra e no espólio pessoanos há três décadas”,
que “trabalhara 12 anos no volume de mais de mil páginas, que veio actualizar e
ampliar as abordagens do género anteriormente feitas e acabou sendo finalista
do Prémio Pultizer”, enquanto o outro, JPG, autor de diversas biografias, com
obra mais extensa e variada do que a de Zenith, surge descrito, sem mais, como
“crítico literário e sociólogo”. De um lado, um colosso; do outro, um gaiato.
Bastaria isso, não mais do que isso, para desqualificar o artigo com que
Leiderfarb analisa os dois livros e com que o Expresso, até com chamada de 1ª
página, pretendeu fazer passar por “reportagem”
aquilo que é, no fundo, o artigo de opinião que Richard Zenith não teve a lisura
nem a coragem de ousar escrever. Fazê-lo implicaria descer do pedestal em
que pretende situar-se, rebaixar-se ao nível de JPG, cujo livro, todavia,
esmiuçou ao milímetro. Depois, foi fácil arranjar uma jornalista que lhe fizesse
o serviço e um jornal que o patrocinasse, na mira do escândalo e das vendas. O
descaro é tal que a própria Leiderfarb confessa, e cito, que “só um pessoano
munido de uma lupa” poderia detectar os erros de JPG, reconhecendo, no fundo,
que se limitou a ser um alter ego ou heterónimo de Richard Zenith. Para
disfarçar a coisa, e como compete, lá está a frase “quando o Expresso abordou
Richard Zenith…”, como se não tivesse sido ele a engendrar a marosca, do
princípio ao fim, e a produzir o essencial do texto da jornalista-ventríloqua.
Diz
Luciana que, no seu artigo, se confrontam as duas obras, mas isso é mentira,
uma falsidade abjecta: o livro de JPG é sempre colocado ao lado, ou em
baixo, do de Richard Zenith, mas este não sofre uma só crítica, uma beliscadura
sequer, jamais sendo escrutinado nas suas virtudes e defeitos, que também os
tem, seja nas propostas interpretativas que faz, alvo
de controvérsia, seja nas fontes
em que se apoia e não cita (v.g., os “ensaios luminosos”
de Robert Bréchon), seja nos erros que naturalmente comete, e que Luciana
obviamente papa (ex., dizer que Pessoa não tinha telefone em casa, o
que a sobrinha do poeta desmente), próprios de qualquer
empresa humana, decerto, mas menos desculpáveis num especialista de três
décadas na vida e obra de Pessoa, sobre a qual escreveu – e nada custa
reconhecê-lo – uma biografia notável, que por muitos e muitos anos ficará como referência dos que se
interessarem pelo autor de Mensagem.
c)
– o artigo é também cobarde e desonesto, porque insinua o plágio, não o dizendo,
ou seja, sem ter a coragem de proclamar a fraude, tão-somente sugerida – no
fundo, sem ter a coragem que JPG indiscutivelmente teria e aliás já teve em
ocasiões várias, algumas das quais lhe valeram o chamamento
à justiça, entre mil outros dissabores e dores.
Luciana
fala de “semelhanças flagrantes”, mas o que encontra é, pasme-se, a afirmação
de que, lá na ponta da África meridional, ao Cabo Agulhas, começa o Índico e
termina o Atlântico. Segundo ela, portanto, tendo Zenith escrito que “Cabo
Agulhas, onde oficialmente o Atlântico acaba e o Índico começa”, George teria
a obrigação de citar a fonte, pois teve o desplante de afirmar que o dito do
Cabo Agulhas é “onde o Atlântico termina e o Índico começa”. Eu nunca
estive no Cabo Agulhas para dizer se sobre ele se poderia dizer algo mais do
que esta obviedade geográfica, que Zenith aliás chupou, ipsis verbis, de
uma obra sobre… submarinos
no Índico. Quer-me parecer, no entanto, que, pelo exigentíssimo
critério de Leiderfarb, que impõe citação e nota até para banalidades de
Wikipédia, muito pouco se aproveitaria do que é escrito nos nossos jornais e
nas nossas academias.
Por
exemplo: há dias, publiquei no Expresso, versão online, o obituário da Rachel Welch; como nunca
tive a dita de a conhecer pessoalmente, com grande pena, baseei-me na
Wikipédia, no The New York Times, no que disseram sobre ela os jornais
portugueses e estrangeiros, num ou outro link ou site.
Possivelmente, provavelmente, e como em todos os textos que vou publicando no Diário
de Notícias, no Público, na Mensagem de Lisboa, na LER, na Almanaque, etc., usei
expressões alheias, frases de outros autores e contextos, talvez na íntegra,
mas não os citei (com pena: quem me conhece sabe que sobrecarrego os meus
textos com escusadas notas e referências). Pelo crivo de Leiderfarb, serei um plagiador
e dos reles, sobrando-me tão-só o consolo de, nessa minha desventura, merecer a
companhia de muitos, quase todos. Na última edição do Expresso, um belo artigo
sobre Sá Carneiro chamava-lhe, em título, “um
meteoro na política”, faltando portanto dizer que, em 1992, José Freire Antunes publicara uma bio de Sá Carneiro intitulada “um
meteoro nos anos setenta”. E já que falamos dos astros, o
Expresso/Blitz apelidou António Variações de “cometa”,
expressão já usada, anos antes, no Diário de Notícias (“passou
como um cometa pelo panorama pop/rock”) e, depois, no Público (“o
cometa que iluminou a música portuguesa”) e na publicidade de
uma sua biografia (“foi
fugaz como um cometa”).
Por este novel critério do Cabo Agulhas, seriam de facto poucos, quase nenhuns, a bordejarem o Cabo, cabendo também dizer-se que a própria Luciana Leiderfarb, tão exigente, é igualmente dada à paráfrase e ao pastiche, já que ainda há dias descreveu o apartamento nova-iorquino de Norman Mailer e a sua “vista monumental sobre a baixa de Manhattan” na esteira da “panoramic view of lower Manhattan”, de um artigo na Paris Review, que cita, sem que isso a redima daquilo que a própria designa, a propósito de JPG, de “semelhança flagrante”. Como é evidente, nem Zenith nem JPG estiveram no Cabo Agulhas, nem Luciana era visita de casa de Mailer em Nova Iorque: baseiam-se todos no que outros viram e disseram por eles, e muito bem. Lembrai-vos, irmãos, da velha máxima, vinda de tempos bíblicos: quem copia um, é plagiador; quem copia vários, é investigador.
Além do Cabo Agulhas, notou Zenith, ou
Luciana por ele, que existem “semelhanças flagrantes” com a descrição feita de
um encontro, num “americano”, entre o padrasto e a mãe de Pessoa. A notícia
desse encontro fora dada há muitos anos, em 1951, por Eduardo Freitas da Costa,
no livro Fernando Pessoa – Notas para uma biografia romanceada. As
versões de Zenith e de JPG são bastante diferentes, como
se pode ver aqui, mas, sem sequer ter falado com o JPG,
admito perfeitamente que ele se tenha inspirado e baseado num trecho da
biografia feita pelo americano-luso, adaptando-o, remodelando-o profundamente.
O
ponto, esse sim assaz curioso, é que a própria descrição de Zenith é
inteiramente inventada, efabulada, ou, como diz Luciana Leiderfarb, “o
autor [Zenith] esclarece que encenou o episódio”. Quer dizer, a sua obra é uma
biografia romanceada, com pedaços recriados? Além deste episódio, que
outras liberdades criativas se permitiu o maroto? No seu volume de 1200
páginas, obra de summo rigore factual (pelos vistos, não…), onde termina
a realidade e começa a ficção? Teriam os leitores do seu livro – e, já agora,
os leitores do Expresso – o direito de saber onde se situa, afinal, o Cabo Agulhas da
verdade e ficção, pois havendo este episódio “encenado”, que outros não haverá? Esse
teria sido o serviço que o Expresso bem poderia ter prestado a quem o compra:
confrontar, na substância, as interpretações de Pessoa feitas numa e noutra das
obras (até porque são divergentes, sobretudo no que à sexualidade do poeta diz
respeito), coisa que, como é evidente, Zenith não gostaria, pois isso
implicaria situar-se em plano de igualdade com JPG, o que é para si impensável
(atente-se, no artigo do Expresso, no altivo e condescendente paternalismo, na insuportável sobranceria, com
que Zenith trata JPG, acusando-o de o ter copiado e, em simultâneo, de o não
ter seguido suficientemente).
Por outro lado, e mais decisivamente, JPG
jamais escondeu que se inspirou em Zenith, como se inspirou por igual, ou mais,
em muitos outros autores. Nas entrevistas que concedeu, fez até questão de
louvar a obra de Zenith, faltando acrescentar que seria muito, mas mesmo muito
estúpido da parte dele, o “crítico-buldôzer” escrutinado ao milímetro pelos seus (numerosos)
inimigos, estar a copiar desbragadamente um livro de que todos falam, ademais
acabado de sair. Como o conheço, posso afiançar: JPG é casmurro como um burro,
mas burro jamais será (sobretudo a este ponto, tão óbvio e infantil).
5
– Quanto aos erros da biografia de JPG, a primeira coisa a dizer é que o meu
amigo teve a sorte, a grande sorte, de ter um “pessoano munido de uma lupa”
(Luciana dixit) a rever-lhe o texto. Isso é, aliás, outro momento caricato do
retrato leiderfarbiano de Zenith, ora elevado às alturas de Prémio Pessoa e
finalista do Pulitzer, ora descido às funduras do close reading
miudinho. Os erros que detectou são uma bênção para o George, que num livro de
900 páginas, cometeu seis ou sete deslizes, apontados por Zenith: a maioria
niquices, como um pormenor sobre onde morava Gandhi ou casas “eduardianas” em
Durban. De Pessoa, num livro de 900 páginas, há três, quatro lapsos, caricatos
e menores, prova de que a obra, afinal, passou com distinção no mais exigente
dos crivos, o da lupa de Richard Zenith. Quanto aos erros deste último, como dizer que
Pessoa não tinha telefone em casa (essencial para compreender o relacionamento
com Ofélia), passam incólumes e em claro, pois o artigo de Luciana Leiderfarb é
um inquisitório a George, desleal e parcial, não uma comparação honesta. Mais
caricato ainda, JPG já
assumiu outros erros, também menores decerto, mas nenhum deles
topado na implacável lupa de Zenith, pelos vistos murcha e bem fraca.
Resta
a questão das falsas cartas de Pessoa a Sá Carneiro, merecedora de chamada de
atenção na 1ª página do Expresso, a mesma com que, há meses, se noticiou que
Pedro da Silveira era informador da PIDE, a prova provada de que só Deus está
livre do erro, o que importa é reconhecê-lo de forma aberta e honesta (como o
Expresso fez, e muito bem, à semelhança do que fez há
anos, quando Nicolau Santos admitiu ter sido “embarretado”
pelo saudoso embusteiro Artur Baptista da Silva, para não falar, por mais
antigos, dos plágios de Miguel Veiga, esses sim verdadeiros e comprovados
em tribunal). A este propósito, JPG já admitiu o erro
de ter citado como verdadeiras três cartas pessoanas constantes da Internet, num
exercício literário de Pedro Eiras, que decidiu publicar lado a lado cartas
verdadeiras, outras imaginárias. Antes de JPG, outros haviam cometido o mesmo
lapso, como um “crítico
de um jornal” referido por Eiras, cabendo agora aos
leitores de Super-Camões (e muitos são eles, o livro vai a caminho dos dois
milhares de exemplares and counting) dizerem se isso mancha e compromete
em definitivo um livro que, à uma, não foi escrito por um especialista, nem com
pretensões a sê-lo; e, à outra, que se baseia num monumental volume de
informações, das quais, pelos vistos, só uma meia-dúzia estarão erradas.
6
–
É inútil perguntarmo-nos sobre que diria Pessoa de tudo isto, já que ele nunca
e jamais imaginaria a projecção mundial que conquistou nas últimas décadas,
convertendo-se numa “marca” de valor universal e de consumo urbi et orbi.
A milhas de distância de Saramago ou Lobo Antunes, Fernando Pessoa é o único
autor português que permite alcançar fama e crédito internacionais, razão que
explica que sobre ele e a sua obra se precipitem, e em parte bem, tantos académicos
e estudiosos vindos do estrangeiro. É também isso que explica as eternas
polémicas e quezílias pessoanas, com o poeta, coitado, convertido em ninho de
vespas ou saco de lacraus, como é isso que explica que muitos se acotovelem
para comprar o que de Pessoa resta, sejam as cartas ou a arca mítica, pois a
posse dos seus bens garante, ipso facto, uma legitimidade acrescida na
hora de falar dele. A remuneração é alta, pode ir até ao Pulitzer, o que
explica a ferocidade do mercado e o empenho implacável em esmagar à nascença todos
os potenciais focos de concorrência (como há anos sucedeu ao historiador
Orlando Figes, que, sob pseudónimo, escrevia
recensões na Amazon a denegrir o trabalho dos colegas).
Só alguém obcecado com isso, como Zenith, pode cometer a deselegância atroz de menorizar a obra de Robert Bréchon, já falecido, com o qual diz ter
aprendido muito, mas dizendo que ela “não
se preocupou em descobrir informações sobre Pessoa, mas sim em mapear a sua
vasta obra literária”. Na verdade, só a
sofreguidão em possuir Pessoa, pondo-o a render, e sem largar a bola, pode
explicar que alguém com o estatuto de Richard Zenith se ponha a esmiuçar à lupa
uma biografia popular, destinada ao grande público, que do ponto de vista da
profundidade não tem, e jamais teve, pretensões de ombrear com a sua. Que o
Expresso se disponha, neste texto, a defender-lhe os interesses (até comerciais!), fazendo-o
de uma forma tão canhestra e abusiva, tão moralmente corrupta, é algo que impressiona
e confrange. Mas que demonstra que a acção crítica de João Pedro George, mesmo
que controversa e polémica (e da qual tantas vezes discordei e lho disse), é urgente
e necessária. Que honra ser seu amigo.
António Araújo
P.S. – e não, este não é o habitual texto em socorro de um amigo
em apuros, pois várias vezes esteve JPG debaixo de fogo e, em muitas delas, não
ergui um dedo sequer em sua defesa. Porquê? Porque achei que ele não tinha
razão, ou não tinha toda a razão. Aqui, estou tranquilo e sereno: JPG
tem toda, mas toda, a razão consigo. E a verdade também.
Erros de palmatória na biografia de Zenith (emprestei o meu exemplar, cito de memória): Pessoa gostava de fotocópias (!); Orwell escreveu mil novecentos e NOVENTA e quatro (!). E uma curiosidade; como se prova que um homem morreu virgem? E sim, fui muito amiga de Robert Bréchon, homem superior,resistente condecorado, inteligente biógrafo e estudioso, organizador das traduções de Pessoa na Christian Bourgois, prefaciador da monumental tradução da Poesia na Pleiade por Patrick Quillier.
ResponderEliminarAinda não peguei numa calculadora para averiguar quantas vezes Zenith se esqueceu de citar, ou decidiu não citar, ou citou mal trabalhos de outros estudiosos pessoanos que ele leu e em que se baseou. Quem tem telhados de vidro devia estar muito caladinho.
ResponderEliminarNinguém pode afirmar que Pessoa morreu virgem. Francisco Peixoto Bourbon, que foi amigo de Pessoa, testemunhou em sentido contrário. Mas Zenith resolveu simplesmente ignorar esse depoimento, porque prefere que Pessoa tenha morrido queer e virgem a ter frequentado um bordel da Rua do Ferragial.
Há quem morra virgem de sentido do ridículo e naufrague na Cabo das Agulhas.
Caro António. Durante dezenas de anos, esquivei-me às intrigas dos "Pessoanos" até por dever de ofício. Isto que se passou agora é diferente. Li e gostei imenso da biografia de Zenith. Acreditei na acusação de plágio que a jornalista do "Expresso" fez o favor a Zenith de publicitar. Ainda bem que me enviaram depois um texto do Diogo Ramado Curto e depois este seu. Mudei de opinião obviamente em relação à informação disponível e errónea e congratulo-me que haja quem tenha hombridade e coragem para pôr os pontos nos ii e esclarecer os incautos como eu. Não sou só admiradora das suas prosas como agora tenho-lhe uma consideração ainda maior. Um abraço António e que continue assim! Quanto à atitude do "Expresso" é censurável. Em breve transmitirei ao Director deste semanário que até eu, que não tenho muitas expectativas, esperava um pouco mais e que os leitores continuarão a aguardar um pedido de desculpas. Maria Teresa Mónica
ResponderEliminarLançamento do livro : "A HOMOSSEXUALIDADE DE FERNANDO PESSOA"
ResponderEliminarNa próxima quinta feira dia 4 de Maio, às 18,30h, na Casa Fernando Pessoa, na rua Coelho da Rocha, em Lisboa.
Este novo livro será apresentado por Fernando Dacosta (jornalista), e Helder Bértolo (professor universitário).
Trata-se de uma pormenorizada investigação, com novos dados sobre Fernando Pessoa, desconhecidos da generalidade do público.
https://www.casafernandopessoa.pt/pt/cfp/programacao/evento/lancamento-de-livro-homossexualidade-em-fernando-pessoa