terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Histórias da realidade improvável - 2

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PCP envia condolências a Pyongyang
O envio de "condolências ao povo coreano e à direcção do partido dos Trabalhadores da Coreia pelo falecimento do seu dirigente Kim Jong-il" distinguiu ontem os comunistas portugueses dos seus camaradas de Espanha e França, que preferiram, pelo menos nos respectivos sites na internet, nada dizer sobre uma nova transição de poder de pai para filho na ditadura que reina há 63 anos na Coreia do Norte. O PCP alinhou nos pêsames com Hugo Chávez e o poder do Irão.

A morte de Kim Jong-il, ocorrida no passado sábado devido a ataque cardíaco quando o líder viajava no seu comboio blindado, e a sucessão no poder pelo filho mais novo, Kim Jong-un, com cerca de 30 anos, foram ontem anunciadas em simultâneo, ao meio-dia de Pyongyang (03h00 em Lisboa). Um teatro de lágrimas e pranto envolveu a notícia, que suscitou de imediato a declaração de alerta máximo na Coreia do Sul e expectativa no Japão.

A Coreia do Norte é um país pobre mas altamente militarizado, com mais de um milhão de pessoas ao serviço das Forças Armadas. Além disso, anunciou em 2005 possuir armas nucleares e tem o hábito de se fazer notar com ataques de artilharia e mísseis quando se sente em crise.

Estas circunstâncias suscitaram suspense a nível mundial. A China e a Rússia, que têm fronteiras com a Coreia do Norte e exercem influência política, enviaram mensagens de apelo ao consenso, mas não se sabe que efeitos poderá ter e nova transição de poder. O povo e as Forças Armadas podem desejar mudanças. Essa expectativa foi desenhada na reacção da secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, que afirmou desejar que a morte do ditador possa permitir uma maior aproximação entre os EUA e a Coreia do Norte.

DITADOR CINÉFILO

Kim Jong-il, que faleceu no sábado com 69 anos, foi o primeiro herdeiro da dinastia comunista criada na Coreia do Norte por Kim Il-sung. Nasceu a 16 de Fevereiro de 1942 e tinha seis anos quando o pai fundou a peculiar república nos territórios ocupados pelo exército da União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45).

Do pouco que se sabe sobre ele, além de ser ditador com mão de ferro, diabético e doente cardíaco, sobressai a paixão pelo cinema. Adorava o ‘glamour' das vedetas, que lhe fez ter numerosas amantes e chegar a sequestrar uma jovem actriz, e no ecrã sentia-se émulo do revolucionário idealista de ‘Dr. Jivago', que depois se torna tirano e percorre a URSS numa locomotiva de guerra. Jong-il vivia num comboio blindado que nada evitou na sua morte por ataque cardíaco.

COLEGA DE PORTUGUÊS

O novo líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, tem uma vida tão secreta que nem se sabe ao certo quando nasceu. Por isso, atribuem-se-lhe várias idades entre 28 e 31 anos. Há, porém, pistas interessantes: teve um colega português quando estudou na Suíça, numa escola pública de Berna. Kim Jong-un apresentou--se como filho dos embaixadores norte-coreanos e o nome de Un Pak. Na sala para alunos sem conhecimentos de alemão onde foi colocado, havia um lugar livre ao lado do filho de um emigrante português. João Micaelo, hoje ‘chef' em Viena, Áustria, é natural de Cabeço de Vide, Portalegre, e contou há um ano na TVI que o coreano era louco por basquetebol, adepto dos Chicago Bulls e de Michael Jordan. Desde 2000, nunca mais soube dele. Admirou-se quando o viu herdeiro do poder em Pyongyang.

in Correio da Manhã, de 20/12/2011

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