segunda-feira, 28 de maio de 2012

O PREC já não mora aqui.

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Fábrica do Grupo Amorim para transformação de cortiça, em Ponte de Sôr.

Tirada de cortiça no concelho de Pavia.

Fábrica do Grupo Amorim para transformação de cortiça, Ponte de Sôr.

Pilha de cortiça na Fábrica do Grupo Amorim, Ponte de Sôr.

Propaganda política nas paredes de Cabeção, concelho de Mora.

José Soeiro, antigo trabalhador agrícola, dirigente sindical e deputado do PCP.
Esteve envolvido nas primeiras ocupações de terras.

Tractor da cooperativa «Poder Popular», em Cortiçadas de Lavre.
A cooperativa chegou a ter 420 trabalhadores, tendo agora 6 sócios activos.

Ferramentas de lavoura na cooperativa «Poder Popular», em Cortiçadas de Lavre.

Maria Augusta Ruivo, de 78 anos, com o marido, José Rosa, na horta da sua casa, em Mora.
Em Agosto de 1975, liderou várias ocupações de herdades no concelho de Mora.

João Lopes Aleixo, criador de cavalos e proprietário no concelho de Cabeção,
com o seu filho cavaleiro António Lopes Aleixo.
Tendo perdido as suas terras, foi para Sevilha. As terras foram devolvidas em 1988.

Custódia Troncão, 76 anos, natural de Baleizão, aprendeu a ceifar junto de Catarina Eufémia,
de quem era amiga.
Militante do PCP, «desde sempre».

Sede concelhia do PCP em Aviz. Retratos de Álvaro Cunhal e Lenine.

Trabalhadores da cooperativa «29 de Julho», concelho de Aviz.

Valentim José, 80 anos, nascido e vivendo sempre em Mora, começou a trabalhar aos 10 anos.
Participou nas ocupações de terras em Mora.

Bar da sede concelhia do PCP, em Aviz.

Mina de São Domingos, em Mérola.
Tendo sido desactivada em 1996, a localidade está hoje desertificada.

António Bento Cavaco, 73 anos, militante do PCP desde 1978.
Começou a trabalhar na mina de São Domingos, como aguadeiro, aos 14 anos.

Parte da colheita de aveia da cooperativa «29 de Julho».

Minério de cobre extraído das minas de Aljustrel.

Exterior da lavaria de minério de cobre nas minas de Aljustrel.

Celebração do dia de Santa Bárbara, padroeira dos mineiros.

Coro dos mineiros de Aljustrel, no dia de Santa Bárbara.

Central de processamento da mina de Aljustrel.

Mineiros trabalham no fundo da mina de Aljustrel.

Baleizão. Local onde foi assassinada Catarina Eufémia.





João Pina (Lisboa, 1980) é um dos mais talentosos fotógrafos portugueses da sua geração. Por Teu Livre Pensamento, publicado em 2007, o seu primeiro livro de fotografia, mostrava já a marca dos seus trabalhos futuros: revisitação do passado, objectiva, sem comentários supérfluos. O passado fala por si. É evidente que, logo na escolha dos temas, intervém a subjectividade do fotógrafo. É isto que faz de João Pina um autor. Algo mais, muito mais, do que um simples captador de imagens ao acaso. Em Gangland, nas favelas do Rio, plenas de droga e violência, João Pina apresentou-nos imagens que, sem receio de exagero, possuem uma qualidade de nível mundial. Na América Latina, lançou um projecto que pretende recuperar os vestígios da «guerra suja» da Operação Condor. De 2005 a 2012, João Pina fotografou na Argentina, Brasil, Chile e Uruguai. O projecto ainda não está terminado – e necessita de financiamento, para o qual pode contribuir (ver aqui). Trata-se de um trabalho que, pelas suas dificuldades de concretização, pelo dramatismo que envolve, pela originalidade da perspectiva, se situa inquestionavelmente numa linha que coloca o autor a par de fotógrafos como Paula Luttringer, Ivor Prickett, Pieter Hugo, Steven Laxton, Franziska Vu, Gustavo Germano ou Ashley Gilbertson, de que já falei aqui. O trabalho de João Pina, se é possível estabelecer comparações, tem uma densidade muito superior ao de Gilbertson, por exemplo. Inscreve-se numa corrente contemporânea que cruza fotografia e memória de um modo extremamente original no seu despojamento, na sua simplicidade. Há quem fale numa fotografia pós-artística, mesmo que não possamos cingir as obras de João Pina e doutros colegas de ofício a uma narrativa puramente documental. Mas existe, sem dúvida, uma dupla recusa: da busca do «artístico», nos moldes clássicos, e da afirmação incontida e acrítica de uma militância ou de um engajamento.

«O PREC já não mora aqui» retrata o Alentejo do pós-revolução, os vestígios desgastados da Reforma Agrária. Repare-se na forma extremamente original como, em algumas imagens, João Pina se fixa num ponto, a que dá realce entre a névoa envolvente. Inserido no trabalho da associação Estação Imagem Mora, o PREC trastagano de João Pina mora actualmente numa exposição da Cordoaria Nacional. A não perder.

Declaração de interesses: conheço e admiro João Pina. Por isso lhe pedi que me cedesse as suas fotografias para as divulgar aqui. Fui eu que pedi as imagens, não ele que tomou a iniciativa de as publicar no Malomil. Obrigado, João, com um abraço do


António Araújo

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