quinta-feira, 23 de julho de 2015


impulso!

100 discos de jazz para cativar os leigos e vencer os cépticos !

 

 

# 39 - WES MONTGOMERY

 

 

           
Foi meteórica a ascensão de Wes Montgomery. Em 1958 era parte dos Montgomery Brothers, o trio constituído por vibrafone ou piano (Buddy), contrabaixo ou baixo elétrico (Monk) e guitarra (Wes) que acolhia nos clubes locais os grandes músicos de passagem por Indianápolis; em 1961, depois de descoberto por Cannonball Adderley, tornou-se, evidente e destacadamente, o primeiro entre os guitarristas de jazz nas polls da Downbeat, sendo anunciado pela sua editora como “a melhor coisa que acontecera à guitarra desde Charlie Christian”.
Wes Montgomery teve uma vocação serôdia. Casou-se aos 19 anos, arranjou emprego como soldador e só no intervalo destas funções começou a entreter-se com a sua nova guitarra de seis cordas amplificada. A epifania teve-a ao escutar a composição “Solo Flight”, de Charlie Christian – era isto! E depois foi indo de parceria com os irmãos, sem nunca ter conseguido ler música como deve ser e aprendendo de orelha todas as complexidades musicais. Entre 1948-50 ainda fez uma digressão com a orquestra de Lionel Hampton, mas acabou por regressar a casa, sem glória nem bronca.
Nas grandes orquestras de jazz a guitarra “era como a baunilha num bolo” sentenciou Irving Ashby, antecessor de Montgomery na orquestra de Lionel Hampton, “não a saboreamos quando está lá, mas sentimos a sua falta quando não a acrescentamos à receita.” Se do outro lado do Atlântico as variações de Django Reinhardt provocavam sensação, foi o destaque de Charlie Christian na orquestra de Benny Goodman que deu protagonismo à guitarra do jazz. De um modo quase desinteressado Wes Montgomery tornou-se o elo seguinte.
É diferente o dedilhar de Montgomery, com a polpa do polegar em vez da unha ou da palheta, o que lhe permitia extrair da guitarra um som mais brando, quase de bossa nova. Sobre isto, a sua preocupação, além das oitavas que tornaram famoso o seu estilo, foi sempre o apuro do fraseado e não a velocidade, ao contrário dos boppers, dedicando-se sobretudo à progressão dos acordes, em detrimento da simples linha melódica. Esta leveza tímbrica e esta amabilidade harmónica, favoreceram Wes Montgomery aos ouvidos do público.
 
 
 
The Incredible jazz Guitar of Wes Montgomery
1960
Riverside RLP-9320
Wes Montgomery (guitarra); Tommy Flanagan (piano); Percy (contrabaixo); Albert Heath (bateria).
 
 
A editora Riverside esmerou-se em proporcionar ao guitarrista a melhor companhia para a gravação do que obviamente, basta ler o título, queria que fosse um best seller. Surge então em “The Incredible Jazz Guitar of Wes Montgomery” Percy Heath no contrabaixo, requesitado ao Modern Jazz Quartet, o epítome do jazz de câmara, trazendo consigo o irmão Albert, baterista da linha hard bop. Ao piano sentou-se Tommy Flannagan um dos mais decisivos acompanhantes da história do jazz, cuja atitude é ao mesmo tempo um prodígio de “no nonsense” e impenitentemente bluesy.
O repertório do disco é minucioso. Inclui alternadamente quatro originais de Wes Montgomery com quatro temas, cada um deles demarcando um território de origem; “Airegin”, por exemplo, um original de Sonny Rollins, exibe a segurança nos tempos rápidos, além de patentear um acordo quase mágico entre Wes e Flanagan; “Polka Dots and Moonbeams” assinala já o compromisso que a Riverside queria de Montgomery com a popularidade. O climax, e talvez o píncaro da carreira de Wes Montgomery, é o solo de guitarra em “West Coast Blues” – ficou como um caso de estudo.
 
 
José Navarro de Andrade
 
 
 

2 comentários:

  1. Não é dos meus favoritos, mas como tenho de (quase) todos alguma coisinha, coloquei um "live"

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  2. Faço coro com FA .Vou usar uma fórmula aprendida aqui:"Respeito mais que estimo"É assim?
    Sou mais Grant Green,Jim Hall.Joe Pass,Tal Farlow,Badem Powel e claro django

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