segunda-feira, 12 de agosto de 2019

Amor mundi.

 
 
 
 
 
Ontem falei do livro Losing Earth¸ e é importante percebermos como chegámos aqui, o que poderia ter sido evitado e não foi. Para sabermos como devemos agir no presente, evitando erros pretéritos. Um debate interessante tem a ver com os comportamentos individuais de cada qual, e Bárbara Reis publicou há duas um belo texto sobre isso. Numa crónica da semana passada no Guardian, Oliver Burkeman citava um texto famoso de 2005, da autoria do filósofo Walter Sinnott-Armstrong. Vale a pena lê-lo, chama-se «It’s Not My Fault: Global Warming and Individual Moral Obligations». Sinnott-Armstrong não nega a existência de alterações climáticas, ao contrário de muitos idiotas e criminosos. Nega, isso sim, que cada um de nós tenha a obrigação individual, de um ponto de vista ético, de contribuir para o combate contra as alterações climáticas. A resposta de Burkeman é sintética, mas acertada: a questão não é tanto a de saber se o esforço individual de cada um faz, de facto, alguma diferença (quanto a mim, faz, quer pelo contributo que sempre dá, quer como expressão de preocupação e empatia com os outros e com o mundo envolvente). A questão, diz Burkeman e bem, não é racional, é acima de tudo emocional, tem a ver com o amor, o nosso amor à Terra. Mesmo que racionalmente não haja motivos para ter um comportamento amigo do ambiente, o amor mundi de que falava Hannah Arendt parece-me um bom argumento para mudar de vida. Antes que a vida acabe, de uma vez por todas.
 
 
 
 
 
 
 

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