Alegrias
Oh
meu caro amigo! Nem mo pergunte! O Natal oferece-me alegrias, uma, várias,
inumeráveis. Primeira, hoje não fui atropelada por um jeep! Quer maior motivo
de júbilo? E foi por um triz. No estacionamento do hipermercado, um casal de
jovens, na adrenalina de comprar presentes, de comprar os presentes! Já eu saía
com o meu saque, e passava obscuramente contemplando na lista o que me faltava
ainda saquear e o jeep rasou a ponta da minha saia, alucinado. Não me viu. O
rapaz não me viu, a mulher não me viu, iam fixos nos presentes do Natal, deviam
andar às voltas no estacionamento do hipermercado há horas à procura de lugar. Sei
que a partir de certa idade as mulheres se tornam invisíveis, mas a
invisibilidade das pessoas no Natal é geral, é um fenómeno de massas, calha a
todos. A pessoa para ser vista tem de ficar quieta e fazer de objecto. Fazer de
iPhone, justamente. Não sei como, amanhem-se, arranjem maneira. As pessoas
existem umas para as outras na natureza de obstáculos ao objectivo proposto que
é sacar o máximo no mínimo de tempo possível. Ia a passar descansado um casal
com um bebé no carrinho e tive de os avisar: “Cuidado, é Natal! Tenham atenção
à criança, hoje ninguém está a salvo!”. Eles sorriram, coitadinhos. Sabemos o
destino destas prendas. Pelo menos, suspeitamo-lo, quando inserimos o
multibanco para as pagarmos. Ele vai deitar fora, não vai usar, tem dez iguais
a este, mas é um pro forma e nós vivemos sem tudo, menos sem pro
formas. Um amigo de antanho contava com pormenores sádicos o Natal em casa
dele, e esse ficou-me na memória como o Natal por antonomásia: começava tudo
bem, calmo, com naturalidade, à medida que o álcool e o açúcar faziam ses
ravages no sangue, vinham as embirrações, as insinuações, as acusações, os
ajustes de contas e antes que as pessoas deixassem de se falar umas às outras,
anunciava-se que tinha chegado o Menino Jesus e distribuía-se as prendas. Reza
a lenda que havia sempre uma certa quantidade (maior, menor, quem é que está a
contar?) que acabava por ser ou expelida pela janela (um décimo andar das
avenidas novas equivalente a um oitavo nas avenidas velhas) ou, mais tarde, em
discussões privadas cujo alcance se estendia por muitas décadas, atiradas ao
lixo e espezinhadas com as espinhas do bacalhau. E isto dá-lhe alegria?, perguntarão,
mas a senhora é de um cinismo sem igual! Eu não quero ouvir nem mais uma
palavra! Quem é que pôs esta senhora aqui? Ouvi-la faz-me mal, fica tudo
negativo e negro. E eu já tenho dificuldades com o Natal, porque o meu pai…Não,
não, acalme-se. Dá-me alegria porque tem a sua graça, depois ainda porque tem
alguma realidade – não digo universal, mas o suficiente para generalizar alguma
coisa – mas dá-me alegria sobretudo porque a minha não entra nessa categoria de
famílias. A minha família é simples, discreta e quanto a festividades é qb. Não
tem a Mística do Natal em Família, nem deixa de ter. O que me leva ao seu
motivo, caro: estejam vivos, por favor. Em rigor, e lamento desdizer Lili
Caneças, estar vivo não é o contrário de estar morto. Aristotelicamente, o contrário
de estar vivo é não estar vivo. Ora, há muitas maneiras de não estar vivo não
se estando realmente morto; o ente tem gradações a granel, digamos que estar
vivo num campo de concentração de refugiados na Grécia debaixo de neve e
embrulhado num plástico não será o mesmo que estar ao borralho em amena
cavaqueira com o cunhado mais chegado na consoada algures na periferia de Macedo
de Cavaleiros. E quem diz Macedo de Cavaleiros diz outra coisa qualquer. Aqui
poderia elencar todas as desgraças do mundo, mas para quê? Não as conhecemos
já? Não as elencam à razão de duas ou três por ano o Papa Francisco e o nosso
Presidente nas suas alocuções? Isso também me causa alegria. Que as elenquem.
Ficam elencadas. Então este ano é o quê? O que é que está a dar? A fome no
mundo, pá, dá-me galo. Então vamos pela fome no mundo. Os migrantes afogados? A
morosidade da justiça, a celeridade da injustiça? Vamos pela morosidade. Mas,
dir-me-ão os que não querem ver o seu Natal a resvalar para a negatividade, que
a fé tudo visita e tudo salva e que a família lá na lama da Grécia é feliz
desde que esteja junta e se conta por felicíssima em simplesmente estar viva. Seu
hossana é meu hossana, mê irmão. Lá está, mais uma alegria para mim. É como lhe
digo, é só eu querer, e tudo são alegrias.
Luísa Costa Gomes
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