domingo, 23 de fevereiro de 2020

A morte do Príncipe.





Ilustração de Vítor Higgs





Os dias estranhos da morte de Mittterrand. No Diário de Notícias, aqui.

(para os dois meus grandes amigos mitterrandianos, o José Luís e o João)









1 comentário:

  1. No mesmo dia em que publicou esta 2ª parte, surgia no Público uma entrevista a Daniel de Matos, médico da Presidência da República Portuguesa e dos seus últimos 4 Presidentes. Ao discutir as fronteiras do sigilo médico, afirma Daniel de Matos que o médico de Mitterrand “não se portou nada bem”. O médico em questão não era Tarot (que como bem diz, acompanhou as últimas horas do “príncipe”), mas sim Claude Gubler - o médico que praticamente acompanhou a totalidade da presidência de Mitterrand. Gubler foi o clínico que a pedido do Presidente, sempre escreveu falsos relatórios de saúde (“le règne du mensonge généralisé”). Este curioso homem ("parecia um condutor de fiacre do século XIX") não encontrou o equilíbrio entre manter o sigilo profissional e afirmar mentiras públicas por exigência do doente. Foi enganado anos seguidos o povo que elegeu o homem que prometeu boletins regulares sobre a sua saúde.
    Em 1996 Gubler publica “Le Grand Secret” onde descreve toda a história da doença de Mitterrand. Será condenado em tribunal por violação do segredo profissional, preso, condenado a pagar uma indemnização aos herdeiros, irradiado da Ordem dos Médicos e o livro apreendido. Só que já havia internet… A obra aparece para download (ainda hoje). E é editada no estrangeiro.
    A editora recorre para o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem que em 2004 condena a França por violação da liberdade de expressão. O livro é reeditado em 2005.
    Gubler recorre também a este Tribunal da irradiação imposta pela Ordem dos Médicos alegando falta de independência e de imparcialidade, mas em decisão de 2006 este apelo é rejeitado.

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