terça-feira, 27 de novembro de 2018

Mass Observation Project: e por cá?

 
 


Falou-se aqui há dias do projecto DATAR, uma cartografia da França dos anos 1980. Hoje é tempo de UK. Em 1937, Charles Madge, poeta sul-africano, jornalista e comunista, juntou-se ao cineasta Humphrey Jennings e ao antropólogo Tom Harrisson. O objectivo desta união era encontrar uma forma de ultrapassar a distância entre o modo como a imprensa e as sondagens representam a opinião pública e a vida concreta e vivida das pessoas, nos seus anseios e devaneios (aqui). Nascia então o Mass Observation Project: pedia-se que as pessoas escrevessem diários, registassem o quotidiano, as suas paixões e os seus sonhos. O resultado, claro está, é um imenso e inesgotável caudal de informação e um arquivo fabuloso, à guarda da Universidade de Essex, que serve, como poucos, para fazer a história social do Reino Unido no século XX (http://www.massobs.org.uk/).
Por cá, nada. Há o esforço de uns bem-intencionados para resgatar os diários perdidos de cidadãos comuns. Mas falta entre nós uma tradição de memórias e diários. Daí ficarmos estarrecidos com o que vamos encontrando, como o extraordinário registo da vida no Barreiro feito ao longo de décadas por José António Marques. A Junta de Freguesia de Santo André e a Câmara Municipal do Barreiro publicaram, em 2013, o volume relativo à década de 1920. Precioso! E parabéns, Drª Rosalina Carmona. Seria bom publicar-se mais – seja o diário de José António Marques, ferroviário barreirense, seja os diários que para aí houver. Se os tiver, avise.


 
 
 

Sem comentários:

Enviar um comentário