domingo, 18 de novembro de 2012

Dacosta.





Fernando Dacosta





Há uns tempos atrás, comentando uma entrevista que dei ao Expresso, onde falava da sua obra Máscaras de Salazar. Narrativa, Fernando Dacosta escreveu que estas Máscaras – e cito – «não contêm uma pitada de ficção, pois constituem memórias (reais) sobre uma época e um vulto revelados através de ângulos que nada têm nada a ver com os dos historiadores e ficcionistas». Não se percebe, então, por que motivo no início da obra se diz: «Investigação e pesquisa histórica de António José Brás». Enfim...

         Mas vejamos os ângulos por onde Fernando Dacosta revela as suas memórias. Memórias muito antigas, que remontam às Cruzadas e aos Descobrimentos. Aí começou, segundo a vetusta lembrança de Fernando Dacosta, o turismo sexual em Portugal. Nada como transcrever, com a devida mas precavida vénia, um trecho de Máscaras de Salazar:

 
«
TURISMO SEXUAL


Portugal foi dos países europeus que mais cedo conheceu o turismo sexual. Ponto de passagem de viajantes, cavaleiros, peregrinos, mercadores, navegadores, o seu clima e a sua gente depressa o fizeram referência de sensualidades, de deleites.

Lisboa na altura das Cruzadas e dos Descobrimentos, a Madeira no tempo das navegações e dos ingleses, o Estoril e a Figueira nos anos 40, a Caparica e o Algarve nos 60, impuseram-se ângulos nos roteiros dos delírios íntimos, Este património funcionou sempre como um recurso de sobrevivência para nós.

Não foram só o sol, a praia, o mar que projectaram o turismo português; foram também, foram sobretudo, o encanto, a disponibilidade convivencial dos nossos jovens que o conseguiram.

A indústria das viagens internacionais depressa percebeu essas características e as desfrutou com discrição, com ambiguidade – como os portugueses gostam de ser desfrutados.

(…)

Turistas estrangeiros de ambos os sexos chegam, há décadas, com contactos estabelecidos para reserva de acompanhantes. Nos anos 60, fogosos visitantes precipitavam-se, mal desembarcavam na Portela, na direcção dos pescadores da Caparica, da Nazaré, da Póvoa, de Tavira».  
 
(Fernando Dacosta, Máscaras de Salazar,
Lisboa, Editorial Notícias, 4ª ed., 1997, pp. 114ss)
 
 
 
 
 
A obra já vai, pelo menos, na 25ª edição, com 120 mil exemplares vendidos. Agora, nas novas edições traz até «documentos inéditos». E, mais ainda, «revelação de factos desconhecidos».  
Prisão de Caxias?  E nós a julgarmos que Cunhal fugira de Peniche... Como é possível não sabermos isto, ignorarmos o turismo sexual no tempo das Cruzadas e as cápsulas de cianeto oferecidas a Salazar por Adolph Hitler? Salazar não caiu de uma cadeira? Então, mas Fernando Dacosta não tem um capítulo chamado «Três Cadeiras» no seu livro? E aí diz que havia uma cadeira «de lona de onde [Salazar] caiu no forte do Estoril (mudando o destino de Portugal)» (pág. 20 da 4ª edição). Como explicar tudo isto?   
 
 
António Araújo
 
  

5 comentários:

  1. A cadeira era de lona e tinha sido comprada no. .....ai... como é q se chama aquela loja de moveis e artesanato em pinho mel ao pé do autodromo do estoril? Bem a cadeira, dizia eu, agora está no closet do F Dacosta em frente ao psiché (é assim q se escreve?) diante do qual ele se penteia, observado pelo olhar atento e languido q sai de um Oliveira Salazar a acrilico em pose de pensador grego sentado sobre um capitel, naturalmente como veio ao mundo exibindo uma cutis bela e marmórea. Ao lado dois anginhos barrocos e um original do menino q chora observam....sobre a cama, em latao dourado com incrustaçoes a ferro lacado negro, uma colcha em cetim lilás com a dobra em pele de astracan. Sobre a enorme almofada um ursinho de pelucia e aos pés as famosas botinhas q dona Maria mandara restaurar....

    Joao c

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  2. A culpa toda foi do Cerejeira que gostava de chupa-chupas.
    Um lambareiro.

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  3. Aconselho vivamente os autores destes comentários a escrever uma obra de referência, realmente escrever, investigar, vender 120 mil exemplares e muito difícil em Portugal. O criticar, rir às gargalhadas e sei lá que mais é deveras fácil, bom cada pessoa sabe de si, acreditem que respeito os comentários, apesar de tudo....

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