quarta-feira, 8 de maio de 2013

O abraço final.

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Vai correr mundo esta fotografia do Bangladesh. Aliás, já deve fervilhar em todas as redacções, pronta a imprimir nas próximas edições. Talvez a forma como nos iremos aproveitar dela não seja muito diferente da forma como nos aproveitámos de todos quantos morreram naquela tragédia. Explorados, até na morte. Porquê, então, ser cúmplice e mostrar esta imagem tão dolorosa? Porque escondê-la seria esconder a verdade, em nome de uma estúpida ilusão de superioridade moral relativamente aos que a irão exibir, discutir e em torno dela redigir longos e eruditos ensaios, especulações das mais profundas. Vamos ver a fotografia, ficarmos horrorizados durante cinco segundos, mas depois passa. Tudo passa, é só mudar de canal. E o mundo, esse, não mudará. Por uma razão simples, simplicíssima: o mundo é um lugar estranho. 

 

2 comentários:

  1. Fortis est ut mors dilectio (Cântico dos Cânticos, 8:6).

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  2. Apenas Vergonha. Uma vergonha Universal dentro da qual eu me encontro.

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