segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Waiting.

 
 
 














Há uns dias, o jornal «i», que com boa frequência tem reportagens giraças, dava notícia do projecto do fotógrafo norte-americano Ted Spagna, levado a cabo por de 1975 até 1988. Depois, em 1989, morreu o fotógrafo, mas por cá deixou um livro, chamado Sleep, mostrando casais, adultos sós e crianças na placidez do sono. Um dos princípios-base do Malomil é demonstrar que o Ocidente há muito se despediu da originalidade: não há nada que se faça que não tenha sido feito antes, ou refeito depois. Daí a obsessão maníaca, quase tara, com recriações e pastiches. Tudo isto para dizer que há uma fotógrafa russa, a Jana Romanova, que às tantas deu por si rodeada de amigas grávidas. O que para qualquer um seria um tormento social, para Romanova foi um pretexto artístico. Vai daí, fotografou vários leitos de grávidas, por volta das 5 ou 6 da madrugada, concluindo uma série de imagens a que chamou Waiting. Todas as futuras mães tinham entre 20 e 30 anos, ou seja, pertenciam à última geração dos tempos soviéticos, ponto que Romanova diz ser relevante. Esta é, de facto, a geração que acabou em 1989, ano da morte de Ted Spagna. Os que vão nascer verão o mundo com outros olhos, não necessariamente mais esperançosos. Waiting está patente, ao que parece, nos Encontros da Imagem, no Mosteiro de Tibães. Outra coisa estranha da cultura ocidental é eu saber o que se passa em Braga através de uma notícia da Slate, mas enfim.
 
 
António Araújo 
 







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