domingo, 13 de setembro de 2015

De Gdansk à Estrela.


 
Fotografias de António Araújo
 


 
 

      Tem-se falado no Malomil, vezes sem conta, de estatuária política monumental. Sobretudo a do Leste ou, se quiserem, dos antigos países comunistas. Foi perto de Gdansk que eclodiu a 2ª Guerra Mundial, facto marcado por um memorial fálico gigantesco em Westerplatte, onde hoje as famílias vão passear, gozando os relvados e o sol.
 
Westerplatte, fotografia de António Araújo
 
 
        Não é muito comum visitarem o Posto dos Correios da cidade, que tem uma história trágica, como tantos e tantos lugares da Polónia. Em 1 de Setembro de 1939, os alemães atacaram a sede dos Correios. Os carteiros resistiram, heroicamente. Depois de cercarem o edifício, os nazis decidiram incendiá-lo, com os ocupantes no seu interior. Cá fora, ouviam-se os gritos dos resistentes (e a história é muito mais dramática do que aqui a  conto). Por fim, às sete da manhã, após catorze horas de cerco, os carteiros renderam-se. No momento em que erguia a bandeira branca, em sinal de rendição, o director dos Correios foi abatido sem piedade. Os nazis não respeitaram as Convenções de Genebra, não atribuíram aos carteiros de Gdansk o estatuto de prisioneiros de guerra. Os 39 sobreviventes às chamas foram condenados à morte – e executados de imediato.
 



 
 
          Em 1979, foi erguida uma estátua, ao gosto soviético, bastante metálica, da autoria do escultor local Wincenty Kucma. Durante 52 anos, ninguém soube onde era o local em que os heróicos carteiros de Gdansk tinham sido enterrados. Só em 1991, durante umas obras, se encontrou a vala comum onde os seus corpos tinham sido sepultados.
 
 
 



 
      
      Não vale a pena maçar os leitores com imagens do pequeno museu que ainda hoje é visitável na cidade de Gdansk. Apenas uma fotografia ou ou outra da estátua inaugurada em 1979. Não se trata de uma obra esmagadora, mas ainda assim vale a pena mostrá-la, em agradecimento ao Francisco Teixeira da Mota, que me mandou uma imagem curiosíssima de uma fantástica estátua monumental que a imaginação de João Hermano Baptista (1901-1971) fantasiou colocar no cimo da Serra da Estrela, entre esquiadores intrépidos.
 
 
 
       Não sei se alguém pensou concretizar este projecto. Estátua de Viriato conheço apenas a do Fontelo, em Viseu. Mas, durante o Estado Novo, houve ambições de estátuas grandiosas – ao Infante D. Henrique, por exemplo. Se alguém souber mais alguma coisa desta estátua a Viriato na Serra da Estrela, a gerência de Malomil agradecia a informação.
 
 
Com um abraço ao Ico,
 
António Araújo
 

3 comentários:

  1. Estes textos e imagens são preciosos. Aprendo muito aqui. Muito obrigado.

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    1. Se me permite, eu é que agradeço as suas palavras, tão simpáticas e incentivadoras.

      Cordialmente,

      António Araújo

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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