terça-feira, 10 de setembro de 2013

Bancos do Maine.









Fotografias de Onésimo Teotónio de Almeida




Caros,

 

Ontem tive a minha primeira sessão do seminário "On the Dawn of Modernity" com alunos do primeiro ano, um luxo que a universidade oferece aos caloiros: permitir-lhes a experiência de um seminário com menos de vinte alunos. Se eu estivesse com pouca pachorra para recomeçar as aulas (que não estava), tudo se teria dissipado ali. O interesse deles, o que revelaram de conhecimentos e de preparação, a desenvoltura com que falaram, o entusiasmo que manifestaram, sei lá... Reconheço que não é assim por todo o lado, todavia só posso falar da minha experiência.

Saí da aula (duas horas e meia) a voar, mas aterrei logo porque um moço esperava-me à porta. Estava muito interessado em fazer o curso, no entanto tinha ido assistir a outro seminário leccionado à mesma hora, no entanto concluiu não ser o que lhe interessava.

Acompanhou-me até ao gabinete e lá lhe resumi em uma hora a aula que acabara de dar. Fi-lo porque o moço (de Washington, DC) revelou conhecimentos de toda a ordem e até já tinha lido no liceu um dos livros que vamos ler no seminário e leu outro que apenas recomendo (Jared Diamond, Germs, Guns, and Steel – quinhentas  páginas), entre montes de outras leituras que já fez. Quando o moço abria a boca e começava a falar, eu abria a minha cá por dentro, isto é, ficava boquiaberto.

Dos catorze alunos que tenho no curso, cinco são asiáticos. Números normais hoje nestas universidades em que os orientais (sei que o termo é politicamente incorrecto mas acho-o mas bonito que 'asiáticos', que até me lembra um vírus) são cada vez em maior número. Dois deles vieram directamente da China para a Brown (um de Pequim e outro de perto do Tibete). Um outro veio directo do Japão. Todos falando um excelente inglês.

Com esta rapaziada há que estar sempre alerta porque ela não dorme em serviço. Já têm de ler duzentas páginas para a próxima segunda-feira e vão vir com tudo lidinho e a cabeça afinadinha, a abarrotar de perguntas.

No meio de tudo isto, pareço um pateta a dizer parvoíces como se o mundo fosse todo assim e eu não enxergasse mais nada. Para cúmulo, na tirada final de fotos do Maine segue hoje, sai um conjunto de fotos de bancos em lugares idílicos. Mas esses dias idílicos já passaram. Vai apenas como lembrança.

Desculpem lá este tom aparvalhado. E olhem que até nem está sol. Já choveu e lá fora mora o cinzento. Mas para a semana haverá mais uma aula com aquele punhado de gente quem nem conta ainda duas décadas mas está ávida de saber.

 

Grande abraço do 
Onésimo


2 comentários:

  1. olha desejo te o melhor sucesso para as aulas e aproveita esses bancos e estuda muito :)

    http://ocarteiravazia.blogspot.com/

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  2. quem disse que a Utopia nao existe? existe e contagia.nos

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