domingo, 25 de janeiro de 2015

11 de Setembro: as perdas artísticas.

 
 
World Trade Center. Tapeçaria de Miró
Fotografia de António Barreto, 1978




Na sequência do ontem que escrevi aqui sobre o 11 de Setembro, António Barreto, grande amigo grande, mandou-me uma mensagem que pediu para ser publicada, juntamente com uma fotografia que tirara a uma tapeçaria de Miró:



Meu Caro Malomil!

Caro AA!

Esta sua série sobre as Torres comoveu-me muito! Parabéns e obrigado. Já agora, se me permite, gostaria de contribuir. Depois do atentado, nunca vi publicada uma fotografia sobre esta formidável tapeçaria, enorme, que decorava o Hall de entrada de uma das Torres. Feita pelo Miró. Deve ter ardido em segundos. Dava uma inesperada e luminosa cor àquele universo tão de vidro, aço e alumínio... Um abraço

AB

PS: Talvez não pareça, nesta fotografia, mas tem vários metros de largura.

 
 
Escultura de Rodin, nos escombros do World Trade Center




Caro António,


Não sei como agradecer as suas generosas palavras.

Talvez dizendo também umas breves palavras sobre as perdas artísticas registadas no 11 de Setembro.

Segundo o 9/11 Report, a acção terrorista de 11 de Setembro terá custado, na totalidade das várias operações, incluindo as do Pentágono e da Pensilvânia, não mais do que 400 ou 500 mil dólares. Os prejuízos materiais nos edifícios e infra-estruturas, só em Nova Iorque, tiveram um valor aproximado de 10 mil milhões de dólares. Mas há dados reconfortantes: nas primeiras seis semanas após os atentados foram recolhidos 934 milhões de dólares em donativos, a maior receita de uma acção de auxílio financeiro da história dos Estados Unidos.

Do ponto de vista imaterial, além do incomensurável sofrimento das vítimas e dos seus familiares, deveremos assinalar as perdas de obras e peças artísticas que adornavam os escritórios das Torres Gémeas ou os espaços públicos em seu redor, tendo desaparecido trabalhos de Juan Miró, Roy Lichenstein, Alexander Calder e tantos outros; de Gustave Rodin desapareceram 300 peças, que integravam a colecção privada da Cantor Fitzgerald, a empresa que mais funcionários perdeu nesse dia. Perderam-se, por exemplo, 40.000 negativos de fotografias dos Kennedys, primeiras edições de obras raras, inúmeras preciosidades (ler aqui). Algumas seriam descobertas, mas desapareceriam misteriosamente, como aqui se conta.
 Estima-se que o valor das obras de arte destruídas no 11 de Setembro se situe nos 100 milhões de dólares, referindo-se este número tão-só às peças da propriedade de particulares.
 
Um abraço grato e amigo,
 
António Araújo   


 

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