quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

“La parole aux détenus”.

 
 
 
Com a Union de la Gauche, que veio a ser formada em 1972, o Partido Socialista francês, o PCF e o Movimento dos Radicais de Esquerda (MRG) aliaram-se em torno do Programa Comum para a legislatura, prometendo reformas que abririam o caminho para o socialismo, desde logo nacionalizando sectores chave da economia francesa. Ora, muitos intelectuais da esquerda estavam desiludidos com a URSS, com o PCF e com o sistema de partidos. Impulsionados pelo entusiasmo soixante-huitard, apontaram as baterias para novas formas de intervenção, pretensamente de democracia directa.
 
 
 
Revolta na Prisão de Nancy, 1972
 
 
 
Um caso exemplar foi o da ofensiva contra o aparelho repressivo do estado protagonizada pelo GIP – Groupe d´Information sur les Prisons. Criado em fevereiro de 1971, por maoístas e intelectuais como Michel Foucault, o GIP procurou tornar conhecida a experiência das prisões, proporcionando aos detidos meios e oportunidades para se expressarem. Pretendia-se, assim, cumprir um dos mots d´ordre de 68: “La parole aux détenus!”
Aos prisioneiros, como aos outros oprimidos, tinha de ser devolvida a palavra, porque não lhes era permitido falar e também porque os partidos de esquerda não falavam por eles. Como  não se voltam para vós, prisioneiros, voltem-se contra os partidos de esquerda.
 
Sartre e Foucault
 
 
Foi divulgado em 8 de fevereiro de 1971 um manifesto redigido por Foucault. O filósofo publicou então um artigo intitulado “Brisons les barreaux du silence.” Depois, no final de 1972, quando alguns prisioneiros criaram o “Comité d´action des prisonniers”, o GIP dissolveu-se: agora que os detidos se tinham organizado, recuperavam a voz e os intelectuais já não precisavam de falar por eles.
 
Este tipo de acção correspondia a uma nova fase da intervenção dos intelectuais. Recusavam ver-se como uma avant-garde de privilegiados, iluminados pela razão universal, que indicavam o caminho aos sequazes. Cabia agora aos mais oprimidos exprimir a sua dor, revelar espontaneamente o intolerável, emocionar os cidadãos para concitar solidariedades e assim mudar o rumo. Simultaneamente, entravam em conflito com os partidos tradicionais da esquerda, a quem criticavam o seu autoritarismo, a sua confiança nas instituições repressivas do estado, a sua passividade.

 
É curioso como voltamos sempre ao dito marxiano da história que se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa. Ou será ao contrário?
 
José Luís Moura Jacinto
 
 

3 comentários:

  1. Texto mediocre que passa completamente ao lado do movimento que pretende descrever e nem sequer tem a honestidade intelectual de ir ao fim do "raciocinio". Em primeiro lugar, nunca ouvi ninguém, na esquerda tradicional ou noutro lado qualquer, afirmar-se como "avant garde de privilegiados iluminados pela razão universal". Mas sobretudo, apesar de ter sido animado por intelectuais de esquerda que podem irritar alguns (o que até posso compreender), o movimento visava dar um conteudo concreto, socialmente util e profundamente coerente à intervenção intelectual, pondo-a ao serviço de quem mais precisa. Na mesma linha de ideias, um grupo de magistrados e de clérigos criava o GISTI, instituição que tem hoje uma autoridade reconhecida, à esquera como à direita, entre outras razões porque esteve na origem de avanços significativos da jurisprudência, sobre o direito dos estrangeiros e não so.

    A verdade é que este grupo e as suas iniciativas podem ser considerados como uma das primeiras etapas no movimento que levou a introduzir o direito dentro das prisões (uma ideia que, como vimos ha uns anos atras, ainda é estranha para muitos Portugueses), resultado que hoje ninguém critica de maneira séria, pelo menos ninguém com um conhecimento minimo da questão, independentemente da cor politica.

    Em suma : "Estava la o comunista do Sartre, o filosofo homosexual, a coisa so podia dar para o torto como fica patente na fotografia..." Ou seja, um comentario que esperaria ouvir no café central de Carrazeda de Ansiães, mas não num blogue como o Malomil, que aspira a um certo nivel...

    E nem entro na questão de saber porque é que o autor deste texto indigente se lembrou de o escrever hoje, com a actualidade que sabemos, porque a vida é curta...

    Desejos de textos mais felizes ! (como é normalmente o caso : por exemplo o texto sobre o Japão é muito bom, e quase todos são, por isso venho protestar contra este, que francamente destoa...).

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  2. O autor do texto escreve como uma caricatura de um filósofo francês ;) Enfim, não entendi nada do texto, nem do seu propósito. Afinal, era bom, ou não era, dar voz aos detidos nas prisões? Não era louvável, a ação do grupo?

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  3. De onde saiu a frase "Estava la o comunista do Sartre, o filosofo homosexual, a coisa so podia dar para o torto como fica patente na fotografia..." Por acaso o texto foi editado?

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