quarta-feira, 2 de março de 2022

São Cristóvão pela Europa (171).

 

 

Aroche fica na Província de Huelva, perto da fronteira portuguesa.

Na sua igreja matriz, de Santa Maria da Assunção, existe um grande quadro representando São Cristóvão.

Desde a sua construção, entre os séculos XV e XVI, a igreja dispunha de uma grande pintura mural do nosso Santo. Mas um dia, os frades jerónimos resolveram colocar um retábulo dedicado a São Jerónimo que ocultava parcialmente São Cristóvão. Quem sabe se não se tratou de um episódio das “guerras” de santos que São Cristóvão foi várias vezes vítima?

Em 1777, o bispo visitando a igreja considerou a situação indigna e determinou que se pintasse um São Cristóvão de elevada estatura e que se eliminasse o mural existente.

Como, entretanto, a parede passou a ser susceptível de ser derrubada para expansão da igreja, optou-se por fazer a encomenda de uma tela que tinha assim a vantagem de ser movível.

A obra foi adjudicada a Juan de Espinal (1714-1783), importante pintor sevilhano, da última fase do barroco, e director da classe de pintura da Real Escuela de las Tres Nobles Artes de Sevilha.

O quadro ficou concluído em 1781. É a última obra documentada do pintor.

Nesse mesmo ano, El eminentísimo y excelentísimo señor Cardenal Delgado, Patriarca de las Yndias y Arzobispo de Sevilla, concedió 100 días de yndulgencia, y el ylustrísimo señor Obispo de Botra, Auxiliar y Gobernador de este Arzobispado 40 días a todas las personas que debotamente rezaren un Padrenuestro y Ave Maria ante esta efigie de Señor San Christóval.

O quadro exibe o desgaste do tempo e recomenda restauro.

Na composição distingue-se o olhar surpreso e receoso do Santo ao sentir o peso do Menino.

 


 

Ainda em Aroche, a Ermida de São Mamede dos séculos XII e XIV encontra-se integrada no que são hoje os restos da cidade romana de Turobriga. Na construção da Ermida não só foram usados materiais provenientes daquela cidade como a própria ermida assenta num edifício anterior, a Basílica Romana de Turobriga.

 


O interior da ermida tem muitos frescos de boa qualidade.

A igreja foi frequentemente utilizada como hospital nomeadamente por ocasião dos surtos de peste. Nessas ocasiões as paredes eram caiadas ocultando os frescos. Estes só vieram a ser recuperados há cerca de 40 anos.

Entre eles, o que representa São Cristóvão.


 

Ainda na Província de Huelva, em Almonaster la Real, encontra-se um interessante mosaico de azulejos, dos anos 50 do Século XX.

É da autoria do ceramista Alfonso Chaves Tejada (1909-1982) e situa-se na fachada de uma casa particular na Placeta de San Cristóbal, junto à Igreja Matriz de São Martinho.





 

Fotografias de 25 de Fevereiro de 2022

 

José Liberato

1 comentário:

  1. Tenho acompanhado ao longo do tempo estes belos osts dedicados a São Cristóvão na Europa e sempre que os leio recordo-me de um livro que tinha em criança intitulado "Vida de Santos", criado a partir das contra-capas dos fascículos da "Histórias da Bíblia".
    Muito bom dia!
    Rui

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