terça-feira, 8 de março de 2022

Ucrânia: sugestões de leitura (2).




Ucrânia: sugestões de leitura (2)

 

 

          Das muitas questões faladas na última semana, algumas sugestões de leitura:

 

·       Energia: a dependência europeia do gás e do petróleo russos – de que, a propósito do Nord Stream, falei num texto saído no Diário de Notícias, «Audácia (ou falta dela)» – tem estado na ordem do dia, com alguns economistas reputados, como Ricardo Reis, a defenderem a suspensão imediata de todos os fornecimentos russos à Europa. A questão é técnica e complexa e, por isso, aconselho a leitura deste relatório da Agência Internacional de Energia, que sustenta não ser exequível uma medida tão drástica no curto prazo, mas faz 10 sugestões para que, em 2023, tenham reduzido substancialmente a nossa dependência energética perante a Rússia. Também aconselho muito a leitura de vários textos na página do think tank Bruegel, sobretudo este, que defende que poderemos, desde já, abdicar do gás russo no próximo Inverno, ainda que a grandes custos. A conclusão parece óbvia: a melhor forma de ajudarmos a Ucrânia e combatermos Putin é, de longe, pouparmos os nossos consumos energéticos (sobretudo para quem viva na Alemanha ou no centro da Europa).

 

·       Vladimir Putin – sendo o regime russo uma autocracia unipessoal, a psicologia do ditador é mais relevante do que podemos pensar. No Observador, uma extensa e interessante reportagem de Tânia Pereirinha sobre o assunto. Também no Observador, um impressionante (e revoltante) dossiê sobre as cumplicidades russas do ex-chanceler alemão Gerhard Schroeder, entre outros. 

 

 

·       Do lado de lá – muitos têm insistido na necessidade de perceber o ponto de vista russo, o que sem dúvida é inteligente e prudente, desde que, à conta desse exercício, não nos convertamos em agentes da propaganda do Kremlin; uma coisa é conhecer as razões do inimigo, outra é divulgá-las como nossas, nuance que tem escapado a alguns generais-comentadores nas televisões portuguesas, alvo de uma oportuna reportagem no Expresso, da autoria de Vítor Matos. Assim, e para quem quiser ter uma pálida noção do modo como Putin criou uma vasta rede de influência para divulgar o seu pensamento geoestratégico, nada como explorarmos a página do Clube de Valdai, sendo muito curioso ver os papers que têm sido produzidos nos últimos dias. Também muito interessante a página do RIAC, o Conselho de Assuntos Internacionais da Rússia, que, de uma forma aparentemente «sofisticada» e «académica», propagandeia as teses de Putin. Em contraste, e porque o «ponto de vista do outro» não é só o do Kremlin, é interessante ir acompanhando as notícias e os comentários do The Kyiv Independent e do The Moscow Times.

 

 

·       E depois? – são muitos os cenários de futuro e, sobre eles, um excepcional mas não muito animador ensaio de Liana Fix e Michael Kimmage, «What If Russia Loses? A Defeat for Moscow Won’t Be a Clear Victory for the West», na Foreign Affairs.

 

Boas leituras.

 

António Araújo







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