terça-feira, 27 de maio de 2014

Porque recuso o fado.

 
 

 
 
 
 
«(…) eu recuso o fado. Porém, hoje, não podemos ignorar o relativo enraizamento, especialmente em zonas urbanas, que o fado conseguiu, mesmo uma série de cultivadores do género que com honestidade e espontaneidade encontram no fado a expressão das suas sensibilidades e maneiras de pensar. E a questão põe-se: qual será o papel dos artistas populares que após o 25 de Abril cantam e divulgam as lutas do Povo e a sua Cultura? Ignorar o fado? Combater o fado? Utilizá-lo?
         Penso que a posição correcta dos artistas empenhados na luta, lado a lado com o povo, é também um pouco didáctica. Neste sentido, devemos apresentar em relação ao fado uma alternativa séria e revolucionária, baseada nos hábitos e tradições do nosso povo. Nas suas relações com o meio e o trabalho, enfim, na verdadeira cultura popular. Não será uma coisa fácil, pois sabemos a importância da cultura dominante e a influência da penetração do imperialismo, mas o acontecimento, o estudo e a ligação com as massas dar-nos-ão os elementos necessários para avançar. É esse o nosso trabalho.»
 
Eduardo Paes Mamede

 

2 comentários:

  1. Conhece-se o que fez depois e acho que se ficou pelo sério mas muito pouco revolucionário e que de alternativa baseada nos hábitos e tradições do povo não tem a ponta de um chifre .

    A cultura dominante e o imperialismo são lixadas quando chega a altura de nos ligarmos às massas ...

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  2. Este magnífico apontamento voltou outra vez a acender uma pergunta na minha cabeça.
    Estes senhores pensarão hoje que naquela altura pensavam?

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