quinta-feira, 14 de maio de 2020

Julie Machado veio à luta...


Julie Machado



A Luísa é prima e muito, muito amiga, e até colabora de vez em quando no Malomil. Mas isto é só disclaimer e declaração de interesses, porque quero falar é da Luísa Costa Gomes, uma das melhores escritoras portuguesas da actualidade.

Não é essa, temos pena, a opinião de Julie Machado, que se apresenta no Observador como «luso-americana, vive em Lisboa com o marido e quatro filhos. Tem um mestrado em Teologia».

Julie Machado questiona uma peça da Luísa chamada «Vanessa Vai à Luta» e tem todo o direito de questionar o que quiser. E também tem todo o direito de questionar a «qualidade literária e cultural» dessa peça, que, na sua opinião, «poderiam ser melhores» (sic).

O que Julie Machado não pode, ou antes não deve, é questionar a qualidade literária de uma obra e, coitadita, escrever colocando vírgulas entre o sujeito e o  predicado de uma frase: «eu que escolho por livre opção, ficar em casa (…)».

E não pode, ai isso não podes, Julie, tu isso não podes mesmo, escrever: «devia de fazer um tiroteio aos seus clientes».

Deixemos o «fazer um tiroteio» de lado, adiante. O problema, claro, é o devia de. O devia de, ouvido na rua, é sempre coisa que causa um estertorzinho auricular e um arrepio gélido na espinha, na espinha da alma. Então lido, plamor de Deus, que clamor indecoroso, que frémito impudico! Devia de fazer, Julie? Devia de?

A Srª. Julie Machado devia de fazer um curso básico de língua portuguesa antes de se pôr a opinar sobre a qualidade literária (!) do que os outros escrevem, já que, bem ou mal, escrevem sem erros grosseiros ou calinadas de palmatória. E o Observador, como é óbvio, devia ter vergonha de publicar textos assim, mas enfim.  



António Araújo





















1 comentário:

  1. Quanto à vírgula, não vejo razões para tanto alarido - acontece. Já no que concerne ao 'devias de', a música é outra...


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