Amin
Maalouf é um escritor líbano-francês nascido em Beirute, Prémio Goncourt em
1993, Secretário Perpétuo da Academia Francesa. Entre as suas obras mais
conhecidas encontra-se o livro Samarcanda. A cidade é o cenário das
vicissitudes de um livro de poemas do poeta persa Omar Khayyam (1048-1131) dedicados
ao vinho. A história decorre entre o Século XI e (spoiler!) o naufrágio do Titanic.
Os
poemas eram escritos em papel. Desde o Século VIII, Samarcanda fabricava papel
a partir da seda. O segredo foi obtido a partir de prisioneiros de guerra
chineses. O papel de Samarcanda, raro e caro, era muito procurado no Ocidente.
Em fase posterior, utilizou-se igualmente a casca da amoreira. Recentemente,
esta tradição foi retomada com o apoio da UNESCO num quadro de grande beleza.
Aí se pode ver o processo de fabricação do papel, o esmagamento da casca da
amoreira e o polimento das folhas.
Um
monumento extraordinário de Samarcanda é o observatório mandado construir na
primeira metade do Século XIV por Ulugh Beg (1394-1449), neto de Tamerlão e
grande astrónomo.
Não
existe um complexo semelhante desta época. Samarcanda era a capital da
observação astronómica nesta primeira metade do Século XV.
Hoje
pode-se visitar a parte subterrânea de um sextante gigantesco. Prologava-se até
ao topo de um edifício de três andares.
Ulugh
Beg e os seus colaboradores determinaram as coordenadas de 1018 estrelas,
estabeleceram métodos de cálculo para prever eclipses e mediram o ano estelar
com uma precisão que só os computadores recentes conseguiram ultrapassar. Tanta
curiosidade científica inquietou os movimentos islâmicos que acabaram por o
depor e promover a sua decapitação.
Fotografias de 28 de Setembro de 2024
José Liberato
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